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09/06/2018 11:30

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Aberto há meio século, 1º restaurante chinês de MS tem história de tradição e união

Família viveu momentos de vitórias e perdas, mas mantém tempero de 1969 que ninguém consegue copiar

Da chegada ao Brasil, nos anos 60, até hoje em Campo Grande, no imóvel que chama atenção em frente a Praça das Araras, o trabalho duro move a família Sudo. Prestes a completar cinco décadas de existência, o Restaurante Hong Kong é pioneiro por estas terras, e se mantém erguido em fortes pilares que deixariam orgulhoso seu fundador.

Eiji Sudo faleceu em agosto de 2014, mas sua história se mantém viva através dos pratos que, assegura a clientela, continuam com o mesmo sabor inigualável desde que começaram a ser servidos no primeiro endereço, na Rua Maracaju. Sua filha Ângela, sua esposa Yukiko e o genro Wilson continuam a tradição do negócio e contam parte desse caminho até aqui.

Da província de Guma-ken, no Japão, Sudo chegou ao Brasil no mesmo navio que o irmão de Yukiko, no porto de Santos, interior de São Paulo. A promessa era por melhores trabalhos, mas diplomado culinarista pelo governador de Tóquio, ele acabou enfrentando outra realidade.

Fachada do restaurante nos dias de hoje. (Foto: Reprodução/Facebook)

Trabalhou na capital paulista como técnico de televisão, mas as más condições empregatícias acabaram por fazer o imigrante buscar outras alternativas. Começou então a trabalhar em um restaurante chinês e, conta a família, foi responsável pelo tempero da marca de macarrões instantâneos mais vendida do mundo hoje, na época fazendo parte de sociedade entre chineses.

Chegada a Mato Grosso

Naquela época, as dificuldades de emplacar o negócio o fez sair do grupo e da metrópole, e tentar, mais uma vez, se reinventar. Depois de viajar por várias cidades do país e sem quase nada no bolso, decidiu vir para a terra que prometia oportunidades no futuro, então Mato Grosso.

Em Campo Grande, com empréstimos de amigos e algumas economias, comprou um ponto pequeno no Centro e começou a trabalhar, em fevereiro de 1969. Yukiko, sua esposa, veio depois, e ficou responsável pela administração do negócio.

Foto: Renan Kubota/Diário Digital

“Desde o começo ele queria colocar a culinária oriental, mas era ainda muito diferente para o paladar local. Então, teve que conhecer o que já estava no cardápio então mato-grossense, como bife à cavalo, arroz e feijão”, conta Ângela.

Com a implantação do asfalto em rodovias que ligavam São Paulo a Campo Grande, houve aumento significativo da clientela. A comunidade japonesa também foi conhecendo o restaurante, como as demais foram começando a gostar da comida oriental. Desde então, o cardápio é chinês e japonês.

Mudaram-se para o endereço atual anos depois, "lá alagava tudo quando chovia", lembra Yukiko, mostrando uma foto antiga. Ao longo dos anos, Eiji se tornou diretor do Templo Budista e participava do conselho da Associação Nipo-Brasileira.

Foto: Reprodução/Facebook

Vencendo juntos

As duas filhas do casal, Ângela e Cecília, acompanhavam e ajudavam, desde novas, a tomar conta da cada vez maior demanda de clientes no restaurante. Depois de tantos anos de união e de se consolidarem no negócio, um duro golpe da vida baqueou a família, em 2010, com a morte da filha mais velha.

Aos 36 anos, Cecília não resistiu a um grave câncer, mas sua luta mostrou o quanto ela e sua família era bem quistos.

Ela precisava fazer uma cirurgia com o custo de R$ 90 mil, mas não tínhamos esse dinheiro. Quando as pessoas começaram a saber, ajudaram de forma surpreendente. Um dos amigos chegou a tirar todo o dinheiro do caixa, na hora, e dar pra gente. Em uma semana, conseguimos os 90 mil”, conta Ângela.

Em 2011, Ângela se casou com Wilson e, em 2012, seu pai descobriu uma fibrose pulmonar. Após o diagnóstico, sentiu vontade imensa de retornar ao seu país e concluiu o desejo antigo, já que sua ida no ano anterior foi adiada pelo tsunami.

Portas abertas

Perpetuando a memória e o respeito por tanta dedicação, continuam com as portas abertas a novos e antigos clientes. “Uma coisa que ele [Eiji] sempre falava, a comida que você serve aos clientes tem de ser a mesma que você serve para sua família, tem orgulho de pôr à mesa. Esse é o segredo do sucesso, não tem nada além”, lembra Wilson.

Foto: Reprodução/Facebook

No menu, há centenas de opções orientais com frango, peixe, carnes bovina e suína, além de camarão, de sushi, sopas, caldos e pratos que só são encontrados ali. O cardápio completo e o horário de funcionamento do local podem ser acessados neste link.

O Restaurante Hong Kong fica na Avenida Dr. João Rosa Píres, 761, Centro.

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