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Cabelo se foi, mas vontade de ser feliz inspirou grupo a favor da autoestima

05 agosto 2016 - 10h52Por Amanda Amaral

Conviver com uma rotina de exames, tratamentos intensos e se ver sem cabelos e com medo era algo que Luciana Albuquerque da Silva, 39 anos, não esperava vivenciar tão cedo. Uma doença como o câncer não está prevista na história de ninguém e, como em muitos casos, chegou como uma surpresa desagradável que, aos poucos, serviu como motivo de superação e ajuda a outras pessoas.

Primeiro a história. Em fevereiro deste ano, a artesã foi fazer exames de rotina normalmente, para prevenir sintomas da menopausa. Após três mamografias, foi constatado um câncer de mama, que já havia também se espalhado para os braços e pulmão. O resultado fez com que o início da quimioterapia fosse quase imediato, no Hospital Regional Rosa Pedrossian, em Campo Grande.

O susto com o diagnóstico se somou à tristeza de, meses depois, começar a ver seu cabelo cair e perceber que não seria exceção a um dos principais efeitos colaterais do tratamento. Há dois meses, teve de raspar a cabeça, já que a queda dos fios ficava cada vez mais intensa.

“Eu permaneci, no geral, bem tranquila e única coisa que me afetou, realmente, foi meu cabelo, tive um choque muito grande. Fiquei 15 dias trancada dentro de casa”, conta Luciana. Seu marido raspou a própria cabeça em uma prova de amor e solidariedade e, depois, fez o mesmo na esposa. O sorriso, antes tão presente, foi voltando aos poucos também com o apoio das duas filhas.

 

Foto: André de Abreu 

Dos amigos, começou a receber diversos presentes, como lenços, batons, colares e pulseiras. Com as perucas, descobriu diversos looks e começou a ter mais vontade do que nunca de se arrumar, se sentir bonita.

Contudo, no hospital via que a situação de muitas mulheres que passavam pelo mesmo tratamento tinha um ar de bastante tristeza. “Pessoas que perdem o cabelo tendem a ficar com uma postura envergonhada, se escondem e se acham diferentes. Comecei a ver que muitas pessoas não tinham essa oportunidade de se arrumar, por isso tive a ideia de arrecadar mais coisas para distribuir”, conta.

Corrente do Bem

 

A personalidade carismática de Luciane fez com que as amizades com outras pacientes se formassem naturalmente. Positiva e brincalhona, a cada sessão de quimioterapia tenta tratar o episódio em sua vida como uma lição que não se explica, mas se supera valorizando cada pequena alegria e incentivando a união. Daí, surgiu a ‘Corrente do Bem’.

Em uma rede social, ela publicou um desabafo sobre o que via e estava passando e, instantaneamente, conseguiu ajuda de centenas de pessoas, conhecidas e desconhecidas. Com o apoio maior que o esperado, criou um grupo para arrecadar acessórios e perucas para quem não tem condições e também está sob o tratamento.

A intenção é também fazer um ‘dia da beleza’, ideia apoiada pelas novas amigas e pela família de Luciane. “Pensamos em um dia inteiro totalmente dedicado ao bem estar. Tudo com a presença de fotógrafos, maquiadoras, manicures, para que elas esqueçam que estão doentes e se soltem”, explica.

Neta de Luciane se diverte em meio aos lenços da avó. Foto: André de Abreu 

No dia, serão distribuídas as arrecadações, que ela já começou a separar e receber de outras pessoas. “Para homens, aceitamos também peruca e bonés”, salienta.

A intenção inicial do grupo é se reunir ao menos uma vez por mês para fazer a programação especial. A data e o local ainda não foram definidos, mas o primeiro encontro deve acontecer ainda neste mês. Qualquer tipo de ajuda é aceita, basta entrar em contato pelos telefones (67) 99268-1083 ou 99294-4679.