Começo esse texto com certa dificuldade a não repetir clichês sobre nosso vizinho Paraguai, em uma tentativa de demonstrar a riqueza de bons momentos que vivi em sua Capital, Assunção. O relato tenta demonstrar de forma justa o quanto essa cidade tem a oferecer, além de ser um destino vantajoso para quem pretende gastar pouco viajando.
A 750 km de Campo Grande, quase na Argentina, 10 horas de viagem de carro, e pouco mais de 13 horas de ônibus, está a maior cidade paraguaia, que tem cerca de 530 mil habitantes. De ônibus, há saídas da Capital de Mato Grosso do Sul todos os dias da semana pela companhia Cometa del Amambay, sempre às 16h, com chegada por volta das 5h no Terminal de Ómnibus de Asunción. Ida e volta saem por R$ 230.
Quem preza por mais conforto e rapidez, desembolsa em média R$ 700 em tarifas super promocionais, pela companhia Amaszonas del Paraguay. As decolagens são sempre às 12h40 e a duração do voo é de pouco mais de uma hora, e volta às 12h20, mas não há saídas todos os dias da semana. Em consulta no site da empresa, apenas as sextas e segundas-feiras aparecem disponíveis.
Trajeto
De ônibus, a saída é pontual da Rodoviária de Campo Grande, em ônibus semi-leito, de dois andares e bem conservado. A próxima parada é apenas na fronteira, entre Ponta Porã e Pedro Juan Caballero, primeiro no setor de imigração para controle de entrada, onde são conferidos documentos, e depois na rodoviária da cidade paraguaia, apenas para troca de veículo.
Não é necessário levar passaporte, apenas identidade com até dez anos de emissão, em bom estado, e não são aceitas carteiras de motorista como documentos. Essa pausa dura cerca de uma hora e, até o destino final, não há mais paradas. Portanto, é prudente levar algo para comer.
Centro comercial de Assunção. (Foto: Marta Escurra)A estrada é tranquila e a chegada ao Terminal de Ómnibus é pontual às 5h30, mas ainda não há sinal do amanhecer, que parece acontecer mais tarde do que estamos acostumados. Ali, é possível trocar os reais levados pela moeda local, o guarani, mas com uma cotação menos vantajosa que em casas de câmbio da região central da cidade.
Contudo, é preciso ter uma quantia em espécie para pagar um táxi até o local de hospedagem. Não há, ainda, aplicativos de transporte como Uber e 99 na capital paraguaia, os ônibus circulando nesse horário são poucos e, bom, a honestidade do taxista pode variar, por isso é bom especular o valor aproximado com mais de um condutor por ali.
Câmbio
Nossa moeda vale mais que a paraguaia, e na cotação atual, R$ 1 pode ser trocado por 1,59 Guarani, ou seja, 50 reais valem 79,6 guaranis. Em fevereiro, a cotação nas casas de câmbio da Calle Palma, rua central da cidade, chegava a 1,62 guarani. Na rodoviária, 1,5 guarani.
Hospedagem, internet e transporte
Há opção para todos os bolsos, de hostel e casas ou quartos alugados pelo AirBnB, a hotéis sofisticados nos bairros ricos da cidade. A primeira alternativa é a mais vantajosa e, ainda mais quando a viagem é feita em grupo, podendo custar R$ 30 reais por noite. Para não errar na escolha, é bom consultar diferentes sites de reserva de hospedagem e as avaliações de viajantes anteriores.
Também na Calle Palma, onde se faz o câmbio, é possível adquirir um plano de internet em alguma operadora telefônica. Na Claro Paraguaia, cerca de cinco dias de um bom pacote de dados custa o equivalente a 20 reais, contando com o chip.
O transporte por carro, quando necessário, pode ser feito de táxi ou ônibus (alguns deles bastante coloridos e cheios de penduricalhos), por menos de dois reais a passagem.
O que fazer e comer
Muita coisa. Assunção tem história pra mostrar, a maior parte de forma gratuita, na própria arquitetura e nos arquivos de diversos museus. No verão, simultâneo ao brasileiro, o calor pode castigar, e na época de inverno o frio é bem mais intenso que em MS, então vale sempre aquela conferida na previsão do tempo antes do passeio.
Para conhecer melhor o país, o Museo del Cabildo, o Museo Etnografico Andres Barbero, Museo del Barro, Estacion Ferrocarril Carlos Antonio López e a Casa de La Independencia, além das catedrais, são pontos a se visitar, todos gratuitos. A Costanera não passa por período valorizado, mas ali perto a Loma San Jeronimo tem um charme colorido e uma vista melhor ainda para a Bahia de Asunción.
Conhecer os artesanatos locais é possível na Plaza de La Independencia, ao lado do Panteão dos Heróis, no centro antigo. No Mercado Cuatro, uma grande feira de rua, com galerias e bastante movimento, há de tudo: comida, ervas medicinais e tudo mais para tereré, produtos importados da china, artesanatos e barulho, para pechinchar e ‘se perder’ na cultura local.
Outras opções também são os cassinos, ilegais no Brasil, e também o lado sofisticado da cidade, com grandes shoppings, como o Paseo de La Galeria, em bairros de mansões, como nas redondezas da Vila Morra. Para compras, há quem considere a região de fronteira entre o Brasil e Paraguai mais vantajosa e interessante, mas ainda assim há produtos baratos.
Agora, o lugar em comum para comer e se divertir pela noite, além de trocar dinheiro, é a Calle Palma. Pubs, restaurantes, sorveterias, lojas e tudo mais, há por ali. Em geral, come-se bem e barato na cidade.
As principais comidas típicas são a já conhecida em MS, chipa, chipa guazu, que se parece uma broa de milho, sopa paraguaia, puchero, vori vori, carnes e muita coisa vinda da mandioca, como o mbeju (similar a uma tapioca). Há restaurantes para todos os bolsos e gostos, locais ou redes norte-americanas.
Animou?
Cidade bonita, segura e de povo amigável, a vontade é de voltar qualquer dia. Se o relato acima acendeu a vontade para visitar o país vizinho, pela internet, em blogs e sites de viagem, é possível encontrar ainda mais dicas sobre a capital e interior paraguaios.
