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há 7 anos

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Emilys de MS: 'Sofri todos os tipos de abusos, inclusive sexuais, mas sou uma sobrevivente'

Ela também esperava que o companheiro mudasse, mas a violência cresceu e o medo de virar assassina a fez mudar de ideia

Entre as “Emilys” que entraram em contato com nossa redação para falar sobre a violência sofrida, a questão psicológica é a que mais abala e sim, elas assumem que não aceitam num primeiro momento que são vítimas de violência e que precisam tomar um posicionamento. 

O trauma, às vezes fica de tal forma, que a mudança demora, mas vem. “É muito difícil a gente falar das humilhações sofridas pelo ex companheiro, não é?”, pergunta a vítima querendo um conforto. 

“Quando estamos dentro não conseguimos enxergar o quão aquilo é errado, apontamos o erro dos outros e tapamos nossos olhos para nossos problemas...  Tudo começou com gritos, depois empurrões, apertos nos braços, mas eu achava que não passaria disso. Só que passou, começaram os tapas, socos na cabeça, chutes, e atitudes violentas como quebrar as coisas, rasgar fotos de família e amigos eu tinha. Um dia, ele foi capaz de quebrar e arrancar a porta do meu banheiro por que eu desliguei o celular pois ele estava me perturbando no trabalho e eu nao estava conseguindo trabalhar”, conta ela. 

Narrando a cena encontrada ao chegar em casa, ele dizia que era punição. “Quando cheguei em casa a porta do banheiro estava queimada no quintal e no outro dia cheguei e a porta do quarto toda destruída a chutes”, continua, mas ressaltando que só aceita continuar se for de forma anônima. 

“Eu preciso muito que seja anonimamente por favor, minha família não sabe até hoje, eles desconfiam, mas não sabem por minha boca não. Os vizinhos escutavam meus gritos e pedidos de socorro, mas eu pedia depois por dó ou pena para não chamarem a polícia, fazia igual essa menina fez”, assume. 

Diante do desabafo que traz lembranças ruins, ela acredita que sobreviveu, já que o marido também a culpava por situações de abuso que a família provocava nela, com incentivo dele. “Eu sou sobrevivente, porque uma uma vez o marido da mãe dele, me bulinou por tras eu quase o esfaqueei, mas pensei nos meus pais, e o meu ex ainda foi capaz de me dar um soco na cara e dizer q eu seduzi o velho”, diz, chorando. 

A violência começou a aumentar e ser pública. “Outra vez saindo da casa de um parente, eu queria ir embora, ele não, então eu saí sozinha. Ele ficou bravo, passou em uma conveniência, comprou cerveja e eu quieta esperando o ônibus, ele me agrediu verbalmente me xingou e jogou cerveja na minha cara e cabeça.  Depois foi me agrediu fisicamente no meio da rua com socos e chutes e foi quando me dei conta que ele iria me matar”.

 
A vítima diz que há dois anos finalmente se libertou, mas ainda assim o agressor a procura e ela treme quando um número desconhecido aparece no visor do celular. “Fazem dois anos que DEUS me libertou, e agradeço a Deus por eu ter conseguido me livrar. Mas ele vez ou outra me liga, quando vejo que é ele, quando são números diferentes eu começo a tremer e ficar com raiva.  Acho que fiquei traumatizada”, acredita. 

“Ele dizia para as pessoas que eu não era esposa dele, mas hoje, compartilho minha dor para ajudar outras mulheres”

“Ele me xingava de gorda, feia, que ninguém ia me querer, me traia, quando eu ia ao trabalho dele, ele dizia para as pessoas que eu era prima ou tia. Hoje, eu vejo que errei, errei em ter aceitado tudo isso e meus pais adoeceram comigo. Sentiram sem saber o que eu passei”, relembra a mulher, que agora, acredita estar curada, mas que teve medo de um desfecho trágico. 


Antes de se libertar, ela pensou inclusive em matar o companheiro. “Sofri todo tipo de abuso.. todos, inclusive sexual, mas estou compartilhando para que outras mulheres não venham sofrer o que eu anonimamente o que eu sofri, e se eu não tivesse Deus em mim, com certeza ele me mataria ou eu mataria ele. Eu ja estava neste nível, me projetando na violência dele para me proteger e hoje, que consegui me libertar, quero uma nova vida, uma nova história. Continuar sorrindo”, garante. 

Em tempo, ela é uma mulher bem sucedida, com curso superior e que se sustenta. “E hoje, uma mulher liberta”, comemora. 

 

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