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Campo Grande

Guerreiro, bebê Yago vence batalha pela vida e deixa Santa Casa com a família

Sem grandes sequelas, o bebê será acompanhado por uma equipe médica e terá poucas dificuldades no desenvolvimento

21 novembro 2017 - 12h32Por Dany Nascimento

Um lar recheado de amor e carinho espera pelo bebê Yago, que recebeu alta da Santa Casa de Campo Grande na manhã desta terça-feira (21), após lutar pela vida durante sete meses. Emocionado, o pai Eduardo Noronha relembra a batalha e diz que, daqui em diante, a vida será recheada de sorrisos.

“Hoje eu choro de alegria porque esperei muito por esse dia, ele é um guerreiro. O Yago é um exemplo para mim, um exemplo para todos, teve muita vontade de viver. Agora quero viver um dia após o outro ao lado do meu filho. Sinto muita gratidão pela vida dele, muita alegria e agora queremos viver assim, com muito amor e carinho”, diz o pai.

                                                         

A avó Adriana de Souza chora ao relembrar da filha, Renata Souza Sodré, que teve morte cerebral com cinco meses de gestação. Ela acredita que Yago foi um presente deixado pela filha mais velha. “Ela deixou ele de presente pra mim. Ela fazia tudo por mim, cuidava de mim quando eu estava doente, era uma pessoa muito dedicada e foi embora deixando o Yago de presente. Ele é um presente de Deus, sem ele eu não ia conseguir”.

Adriana diz que o quartinho da criança está decorado e os familiares estão eufóricos com a chegada de Yago. “A família está esperando por ele. Todo mundo está muito ansioso, os primos querem conhecer. O quartinho dele está pronto, é azul e está esperando a chegada dele. Vai ser uma alegria muito grande ter ele em casa, quero ensinar ele a ser como a mãe dele era, amorosa e muito dedicada”.

A equipe médica que acompanhou Yago fez questão de entregar ele para a família em um clima emocionante, destacando toda garra do bebê. “Foi uma batalha, vivemos momentos difíceis, ele contraiu bactéria, teve parada cardiorrespiratória, foi difícil tirar o oxigênio dele, teve dificuldades para aprender a mamar, foram sete meses de muitas intercorrências e hoje ele está ótimo. Ele passou por exames neurológicos e está normal”, explica o neurologista Walter Perez.

De acordo com o neurologista, a taxa de mortalidade de bebês prematuros ainda é muito alta e Yago pode ser considerado um vencedor. “A taxa ainda é muita alta de mortalidade de prematuros, Yago é um vencedor, nasceu em situação atípica porque a mãe teve morte encefálica e temos o registro de poucos bebês sobreviventes em casos assim, mas ele lutou bravamente e hoje deixa o hospital em ótimo estado”.

Walter explica ainda que Yago tem idade corrigida, já que nasceu doze semanas antes do período normal de nascimento e hoje, com quase oito meses, seu desenvolvimento é de uma criança de quatro meses. Assim como Walter, a intensivista Patrícia Berg Leal estava totalmente emocionada e disse que toda a equipe da Santa Casa está de parabéns por toda a dedicação em prol à vida de Yago.

“Todos se dedicaram muito a ele, temos que agradecer muito a essa equipe, aos enfermeiros, aos fisioterapeutas e todos os profissionais que batalharam por ele. Tinha medicação que não poderia deixar de ser dada nem mesmo por minutos e toda a equipe estava ali, atenta e se dedicando ao Yago. Agradeço de coração à todos os profissionais pelo empenho e foi uma vitória  muito grande”, diz a médica.

                                                       

A neonatologista Claúdia Guimarães destaca que Yago tem duas datas de aniversário e ao atingir dois anos de idade, já terá o desenvolvimento normal, pois não apresentou grandes sequelas. “Ele está com quase oito meses, mas tem um desenvolvimento de quatro a cinco meses. Até os dois anos, ele continua fazendo tratamentos e, nessa idade, ele já estará com o desenvolvimento normal. De início ele terá dificuldades para aprender a andar, engatinhar, mas não apresenta grandes sequelas e é um vencedor. Tem tudo para se desenvolver muito bem, lutou muito pela vida. Ele é um caso especial”.

De acordo com Claúdia, Yago ainda será acompanhado por uma equipe médica. “Ele vai para casa, mas continua sendo acompanhado, como por exemplo por um pneumologista, neurologista, pediatra, entre outros. Ele terá as doenças normais que uma criança tem, como por exemplo catapora, gripe, só requer um pouco mais de cuidado por ser prematuro”.

Yago nasceu no dia 31 de março deste ano, com 34 cm e 1 quilo e 50 gramas. Hoje, o bebê deixa o hospital com 50 cm, pesando mais de 3 kg.  

 O caso

O caso de Yago é inédito em Campo Grande, pois Renata Souza Sodré teve morte cerebral com cinco meses de gestação, foi internada e os aparelhos foram desligados no dia 31 de março, após o nascimento do bebê.

Renata passou mal no dia 27 de fevereiro e foi levada para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do bairro Tiradentes, mas já chegou ao local desacordada. Diagnosticada com Acidente Vascular Cerebral (AVC), a jovem foi transferida para a Santa Casa de Campo Grande.

Após a morte cerebral ter sido confirmada, familiares autorizaram manter a jovem respirando por aparelhos até completar 28 semanas de gestação.