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Comovida, italiana transforma local deteriorado no famoso hospital São Julião

A irmã Silvia resolveu dar um novo rumo ao local, que abrigava 300 famílias com hanseníase e viviam em situação vulnerável

17 dezembro 2017 - 11h30Por Dany Nascimento

Para quem não conhece a história do hospital São Julião, a atitude de uma italiana deu um novo rumo ao local, que cresceu e hoje é considerado referência em hanseníase, popularmente conhecida como lepra. A hanseníase é uma doença infecciosa causada pela bactéria Mycobacterium leprae, ou bacilo de Hansen, que lesiona os nervos periféricos e diminui a sensibilidade da pele.

De acordo com o diretor administrativo do hospital, Amilton Fernandes Alvarenga, a freira Silvia resolveu ajudar as famílias que dependiam do hospital e criou uma associação, que transformou o local em uma entidade filantrópica.

“O São Julião fez parte de um projeto na década de 30, época em que a hanseníase era muito incidente no Brasil. As pessoas que vinham para internação compulsória, vinham para cá por lei e os filhos das pessoas internadas ficavam no educandário Getúlio Vargas, sem notícias dos pais.  A irmã Silvia veio da Itália para dar aula no colégio Auxiliadora. Ela fazia parte das tarefas da escola por ser religiosa e no educandário Getúlio Vargas. Nessa época, ela conheceu os filhos das pessoas que estavam aqui e essas crianças pediam informações porque não tinham contato”, explica Alvarenga.

Amilton Fernandes Alvarenga - Foto: Dany Nascimento

De acordo com o diretor, Silvia levava notícia aos filhos e vice-versa, mas ao ver o local deteriorado, sendo administrado pelo poder público, ela tomou a iniciativa de tentar resgatar o hospital e ajudar aqueles que necessitam.  “A irmã fazia esse contato entre eles, nessa oportunidade ela conheceu, em meados de 1960, o local totalmente deteriorado, com 300 pessoas morando aqui com muita dificuldade, eles passavam fome. Se o Estado tem dificuldade hoje, imagina naquela época. Ela criou a associação de Pessoas da Sociedade e criou a entidade filantrópica AARH (Associação de Auxilio e Amparo aos Hansenianos) e assumiu o hospital. O poder público passou para eles, que passou a ser hospital privado filantrópico”, relembra Amilton.

Com o controle da hanseníase, o local passou a atender outras especialidades. “Como a doença afeta um nervo da vista, começamos a atender oftalmologia completa, otorrino, cirurgia geral, pediatria geral, cabeça e pescoço, além de tireoide e continuamos internando pacientes com hanseníase porque somos referência. Temos 105 leitos cirúrgicos e 70 leitos clínicos. Os leitos cirúrgicos internam pessoas pré e pós-operatório. No leito cirúrgico temos pacientes internados por outras questões. Nosso hospital hoje serve de retaguarda para grandes hospitais. São cirurgias eletivas, não são de urgência porque não temos UTI e nem CTI. É um atendimento de longa duração”.

Conforme Amilton, o São Julião opera hoje com cerca de 2.500 cirurgias realizadas mensalmente, com um total dos 92% dos atendimentos do SUS (Sistema Único de Saúde), através de contratos com a prefeitura. “Temos 71 leitos que vivem constantemente pacientes, mas atendemos oftalmologia, então atendemos 1.500 consultas e também oferecemos entorno de 2.500 cirurgias mês com outras especialidades. Roda aqui umas 500 pessoas por dia, o hospital está em uma área de 240 hectares”.