Dezenas de médicos psiquiatras foram protestar nesta quarta-feira, 06 de setembro, na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul contra o fechamento do setor de psiquiatria da Santa Casa em Campo Grande. Sem o setor ambulatorial, cerca de 13 mil pessoas podem ficar sem atendimento.

O médico Marcos Estevão Moura destacou que o desmantelamento da psiquiatria tem ocorrido já algum tempo. “Antes eram 100 leitos, passaram para 60, 30 e agora só restavam 10. É uma politica do sucateamento do tratamento manicomial”, destaca o psiquiatra. Ele explicou que a maioria das pessoas que sofre de doenças mentais está nas ruas ou nos presídios. “Um paciente internado não é custo. É impedir que alguém possa cometer algum mal devido uma doença”, disse.

Marcos Estevão destaca que, além dos leitos, também será fechado o ambulatório psiquiátrico da Santa Casa, que era responsável por cerca de três mil atendimentos por mês e estava com 10 mil pacientes na lista de espera. Outra preocupação é que o fechamento do setor, também irá encerrar a oportunidade de residência em psiquiatria na Santa Casa, atrapalhando na formação de futuros médicos.

O ex-vereador Doutor Eduardo Cury destacou que a Santa Casa precisa abrir a “caixa preta” dos recursos que a entidade recebe. “A Santa Casa não recebe só recursos públicos. Ela precisa ser transparente e prestar contas dos recursos privados que recebe. A Santa Casa é uma entidade beneficente, então esse discurso de que vão fechar a psiquiatria porque não dá lucro está errado”, disse.

O presidente da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa, deputado estadual Paulo Siufi (PMDB), disse que vai apresentar denúncia ao Ministério Público Estadual contra o fechamento do setor psiquiátrico da Santa Casa. “É necessário acionar a entidade competente para isso. O Hospital é beneficente, não é para dar lucro. Então é necessário que isso seja investigado”, completou Siufi.

O líder do governo na Assembleia Legislativa, deputado estadual Rinaldo Modesto (PSDB), explicou que o Governo do Estado tem repassado em dia para a administração da Santa Casa os recursos que cabem a Secretaria Estadual de Saúde. Mas agendou uma reunião na tarde desta quarta-feira com representantes da secretaria de saúde e da administração da Santa Casa junto com uma comissão formada para os deputados e médicos para tratar do assunto.

Segundo a assessoria de imprensa da Santa Casa, há uma negociação para transferir os pacientes para o Novo Lar, uma vez que atualmente estão com apenas dez leitos. A Santa Casa já havia alertado que  a cobertura financeira do SUS para o setor é muito aquém do necessário, causando um déficit muito alto na manutenção do serviço.