Um ano após a prisão de Luiz Alves Martins Filho, o 'Nando', de 31 anos, responsável pela exploração sexual, tráfico de drogas e execução de mais de 12 pessoas na região do bairro Danúbio Azul, os moradores resolveram quebrar o silêncio e falar sobre o crime que chocou o bairro.

Os moradores destacam que, após a prisão de Nando, com a descoberta das execuções, quase não se ouve falar em roubos pelas ruas. Morador da região há 17 anos, Gilberto Ferreira de Oliveira, 60 anos, afirma que após o caso vir à tona foi praticamente extinta a prática de roubos nas casas.

“Tomamos conhecimento desse caso, acompanhamos pela televisão e deixou todo mundo abalado aqui. Mas depois disso, quase não tem mais roubos na região, quase nada mais. Acontece claro, mas não como acontecia antes, porque era direto, isso não temos como negar”, diz o morador.

Questionado sobre ronda diariamente de polícia, Gilberto afirma que após o caso, os policiais fazem patrulhamento com mais frequência na região, inibindo aqueles que tem intenção de invadir casas. “Agora tem bastante polícia passando todo dia, antes não tinha também. Depois desse caso, eles aparecem mais aqui no bairro”.

O borracheiro Alexandre Santos Gomes, 60 anos, afirmou ao TopMídiaNews que já esqueceu ferramentas de trabalho para fora do estabelecimento e acredita que, se fosse há um ano, não encontraria os equipamentos no local. “Eu esqueci as coisas para fora esses dias, fiquei preocupado quando vi que esqueci, mas dei graças a Deus que estavam no mesmo lugar. Não sumiram, até inchada deixei para fora, os caras jogam para dentro, para mais perto da porta. O bairro está tranquilo”.

A dona de casa Odersa Proença, 53 anos, diz que não conhecia Nando e nenhuma das vítimas do 'assassino em série', mas afirma que vive há 15 anos no Danúbio Azul, que já foi alvo de ladrões, mas hoje é uma região tranquila para viver. “Aqui teve o registro de roubos, de homicídios, acompanhamos pela televisão esse caso, mas nos mantemos quietos, não temos envolvimento com pessoas desse tipo e vivemos tranquilos aqui”.

No ano passado, os moradores optaram pelo silêncio ao serem questionados sobre Nando, onde alguns chegaram a relatar que tinham medo de falar e se tornarem as próximas vítimas do ‘justiceiro’, quando se livrar da cadeia.

Operação Danúbio Livre

Durante a operação denominada 'Danúbio Livre', em setembro do ano passado, a polícia prendeu 17 integrantes de um grupo responsável pela exploração sexual e tráfico de drogas no local. Cada membro do grupo tinha uma função, mas 'Nando' foi apontado como o 'chefão' da rede.

No total, a polícia tinha em mãos uma lista de 13 desaparecidos que seriam vítimas do grupo. Algumas ossadas foram localizadas no Jardim Veraneio, região do Parque dos Poderes, bairro próximo onde os suspeitos moravam.

A delegada que comandou o caso, Aline Gonçalves Sinnott Lopes, da Deaij (Delegacia Especializada de Atendimento à Infância e Juventude), disse que nunca tinha investigado algo tão 'macabro', envolvendo tantas mortes. Aline destacou que, mesmo preso, Nando não se arrependeu dos homicídios e é uma pessoa que sabe manipular, inteligente e que não sente remorso algum.