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Campo Grande

Presidente da Santa Casa diz que bombeiro mentiu e será punido por 'invadir' hospital

Esacheu afirmou que o soldado mentiu sobre o paciente apresentar quadro de saúde grave e responderá pelo tumulto causado

08 agosto 2017 - 11h01Por Dany Nascimento

O presidente da Santa Casa de Campo Grande, Esacheu Nascimento, diz que tomou providências em relação ao tumulto ocorrido no último sábado (5), quando uma equipe do Corpo de Bombeiros teve que forçar a entrada, alegando que estava com um paciente em estado grave dentro da ambulância. Na ocasião, dois funcionários que tentar impedir a entrada da ambulância acabaram detidos. 

Esacheu disse que o integrante do Corpo de Bombeiros, que pulou o muro e abriu o portão, portava uma senha falsa e tinha conhecimento de que o paciente  não havia sido regulado para receber atendimento no local, mas mesmo assim forçou o atendimento.

“Existe um sistema de regulação da Secretaria Municipal de Saúde Pública, existe comunicação com o hospital. Temos funcionários da prefeitura para verificar o que foi regulado e aquele paciente não foi regulado para ser atendido na Santa Casa. Isso era de conhecimento do integrante da equipe do Corpo de Bombeiros, que sabia que, possivelmente, ele teria sido regulado para o Hospital Universitário, mas com uma senha falsa, ele causou todo aquele transtorno na entrada da Santa Casa”, alega Esacheu.

De acordo com o presidente, o relato do bombeiro de que o paciente apresentava quadro de 'fratura exposta na tíbia e fíbula, fratura fechada de trocanter, amputação de dedo do pé direito, trauma de tórax, rebaixamento de nível de consciência, cianótico, taquicardia, taquipneia, referindo sede, saturação 88 e sinais de choque hipovolêmico', considerado estado grave, não é verdadeiro.

“Essas informações de que eles estavam com um paciente em estado grave não são verdadeiras. Ele foi acolhido e atendido na Santa Casa, tendo apenas lesões abaixo do joelho. O portão do hospital não impede a entrada de pacientes, temos o controle de pacientes no portão e ele mentiu sobre a situação do paciente que transportava”, diz Esacheu.

Questionado sobre as atitudes tomadas pelos funcionários, o presidente afirma que os detalhes do atendimento realizado no hospital serão juntados aos autos e o membro do Corpo de Bombeiros deve responder judicialmente e administrativamente pelo ocorrido.

“Ele vai responder administrativamente dentro da corporação e judicialmente por fornecer informações inverídicas, por forçar um atendimento que não foi regulado pelo município para o hospital, ele não é autoridade para definir isso. Mais de 200 viaturas do Corpo de Bombeiros passaram pelo local antes do ocorrido, esse foi um caso de tumulto e ele vai responder por isso”, garante o presidente.

O caso

Dois homens acabaram presos na noite do último sábado (5), após negarem abrir o portão de emergência da Santa Casa. Uma equipe do Corpo de Bombeiros estava com um paciente na ambulância, alegando que o mesmo estava em estado grave e a entrada foi negada pelos funcionários. Um integrante do Corpo de Bombeiros precisou 'pular o portão' e abrir de forma manual para que o paciente fosse socorrido pelos médicos do hospital. 

No Boletim de Ocorrência, os militares informaram que chegaram ao local por volta das 20h38, porém, o porteiro identificado apenas como Fabio recepcionou a equipe e informou que iria confirmar a regulação e a existência de vaga, deixando a vítima esperando dentro da ambulância, do lado de fora do hospital, com os portões fechados. 

O porteiro tentou fazer contato com a central de regulação para confirmar a senha e, após 20 minutos, um dos militares do Corpo de Bombeiros acionou o CIOPS e informou o agravamento do estado de saúde da vítima. Nesse período, o portão chegou a ser aberto para a saída e entrada de viaturas, porém, a mesma permaneceu do lado de fora do hospital. 

Com o contato feito, o CIOPS confirmou a regulação médica e, às 20h58, recebeu ordem para que a equipe entrasse no hospital. O porteiro teria insistido que o paciente não estava regulado para aquela Unidade de Saúde, mantendo os portões fechados, impedindo a entrada da viatura e consequentemente da vítima. Neste momento, o porteiro recebeu voz de prisão pelo crime de omissão de socorro. 

Antes de entrar, por volta das 21 horas, um segundo funcionário identificado como John Talles, apareceu e foi, novamente informado que a vítima estava com senha e regulada para entrar no hospital. O mesmo disse que a vítima não estava regulada e que era para aguardar. 

Os militares solicitaram que John abrisse os portões, sendo negado. Neste momento, a comunicante informou que já tinha ordem de entrar no hospital, já que nenhuma vítima falece no interior das UR.

Neste momento, um soldado do Corpo de Bombeiros precisou pular o portão e entrar no hospital, sendo então, aberto com as próprias 'mãos' até a unidade entrasse no hospital.

Outra viatura do Corpo de Bombeiros, que havia saído anteriormente do local, retornou, e deu apoio para que os homens não se evadissem do local. 

Por fim, conforme consta no Boletim de Ocorrência, a equipe, ao entrar no hospital, constatou que dentro da Santa Casa "foi observado que havia vários leitos vazios". 

Ambos foram encaminhados para a Depac do Centro, e lá informaram que receberam 'ordens da direção da Santa Casa, que não seria autorizada a entrada de nenhum paciente sem regulação de vagas".

O caso foi registrado como omissão de socorro.