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Suicídio de profissionais da Saúde reforça alerta sobre dificuldades da área em Campo Grande

Profissionais sofrem por jornada exaustiva de trabalho, baixos salários, além dos atrasos recorrentes

25 janeiro 2019 - 15h10Por Nathalia Pelzl

Horas excessivas de trabalho e também uma carga emocional muito grande, assim é a rotina de profissionais da área da saúde. Em Campo Grande, em um mês, dois casos de suicídio envolvendo a profissão chocaram a população. 

O primeiro, no dia 2 de janeiro, ocorreu com a enfermeira Janaina Silva, 39 anos, que atuava no Hospital Regional Rosa Pedrossian. Agora, o técnico de enfermagem William Flávio Corrêa Franco, 37 anos, cujo corpo foi encontrado na madrugada desta sexta-feira (25), no banheiro da CTI da Santa Casa.

O que eles tinham em comum, além da profissão? Depressão, doença desdenhada e vista como ‘frescura’ por muita gente, que infelizmente atinge muitas pessoas.

À época da morte da enfermeira, o Coren-MS (Conselho Regional de Enfermagem de Mato Grosso do Sul) emitiu uma nota em repúdio a qualquer tipo de julgamento em relação à prática do suicídio, e reforçou apoio a todos profissionais da área da saúde que sofrem por patologias relacionadas à saúde mental.

“É imprescindível lembrar que a depressão é um dos principais fatores que levam ao suicídio na área da saúde. Situações de crises profissionais em decorrência de baixos salários, cargas horárias exaustivas (pelo fato do profissional possuir mais de um emprego, em muitos casos), precariedade em materiais e equipamentos, falta de segurança física, entre outros fatores, interferem no emocional dos profissionais de saúde, em especial na enfermagem, ofício este que exige o acompanhamento dos pacientes 24 horas por dia”, reforçou a nota emitida pelo órgão.

(Foto: Wesley Ortiz)

Quanto à questão salarial, ao menos 70% dos 1,4 mil funcionários (980) do setor da enfermagem da Santa Casa de Campo Grande, maior hospital de Mato Grosso do Sul, estão sem décimo-terceiro.

“O hospital tem o ano inteiro para programar o 13º e agora diz que não tem dinheiro, por isso é que vamos definir se entramos ou não em greve por tempo indeterminado. É claro que apostamos numa negociação”, afirmou o sindicalista Lázaro Santana, presidente do Siems (Sindicato dos Trabalhadores na Área de Enfermagem de MS).

O Coren-MS  reforça que é preciso união da classe, principalmente na identificação de possíveis profissionais nesta condição. “O Conselho sugere também a toda categoria, sensibilidade na identificação do sofrimento de colegas de trabalho e das pessoas pertencentes aos demais círculos sociais. O intuito é que mais vidas não sejam interrompidas”.

Mesmo com aumento de casos de depressão, e agora suicídio, não há políticas públicas ativas para prevenir e cuidar da saúde emocional destes profissionais.

Segundo registro da Prefeitura de Campo Grande, de 2012 a 2017, houve aproximadamente 65 tentativas de suicídio por mês. Segundo levantamento do Núcleo de Prevenção às Violências e Acidentes e Promoção à Saúde (NPV), neste mesmo período, houve um total de 4.892 tentativas. Este mês é intitulado de “Janeiro Branco” que busca alertar a todos para o tema da saúde mental.

No dia 27 de janeiro ocorre uma mobilização nacional dos profissionais da saúde  para valorização e redução da jornada de trabalho para 30 horas semanais. Os profissionais se reúnem na Praça do Rádio, no centro de Campo Grande, no domingo, às 9 horas.

SERVIÇO:

O CVV – Centro de Valorização da Vida realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo por telefone, email e chat 24 horas todos os dias.

FONE: 188