Menu
sexta, 29 de março de 2024 Campo Grande/MS
TRANSPARÊNCIA GOV MS
Acidente na Afonso Pena

Testemunhas são categóricas, mas faltam provas que estudante bebeu antes de matar advogada

Após reviravolta, caso voltou à polícia, que tem 60 dias para concluir inquérito

24 maio 2018 - 19h00Por Thiago de Souza

De volta à Polícia Civil, as investigações do acidente provocado por João Pedro da Silva Miranda Jorge, que matou a advogada Carolina Albuquerque Machado, em novembro do ano passado, ainda não comprovam que o estudante bebeu antes de causar a tragédia na Avenida Afonso Pena.

Conforme o delegado Geraldo Marin Barbosa, da 3ª Delegacia de Polícia de Campo Grande, as imagens das câmeras de um condomínio de luxo, que poderiam comprovar que João Pedro bebia horas antes da colisão, não apontam ingestão de bebida alcoólica.

O pedido de investigação sobre ingestão de álcool antes do acidente partiu da defesa de Miranda Jorge e do Ministério Público Estadual. No entanto, até o momento, não há nada de conclusivo.

''Até o momento não dá pra dizer que nenhum nem outro beberam'', disse Marin.

O que já ficou provado pela perícia é que João dirigia a Frontier a 115 km/h quando colidiu no Fox de Carolina, que também segundo a análise furou o sinal da Afonso Pena com a Paulo Coelho Machado.   

Contra o estudante João Pedro  também há pelo menos seis testemunhas que dizem que o investigado caminhava com dificuldades após o acidente e tinha fala pastosa. Entre elas está uma cabo da Polícia Militar que atendeu a ocorrência no final da noite de 2 de novembro de 2017.

Conforme o depoimento à polícia, a militar disse que conversou com o irmão do acusado, João Victor, minutos após o acidente. Victor relatou que ele e o irmão beberam antes de dirigir.

Outra testemunha contou que ouviu João Pedro confessar a um amigo que ele ''bebeu pra cara*#%''. Ainda segundo o homem, o estudante apresentava andar cambaleante, odor de álcool e fala vagarosa e enroladas. João Pedro teria dito ainda que foi orientado pelo pai a deixar o local da tragédia pois não poderia 'ser envolvido em acidente de novo'.

Carro de Carolina foi afundado por caminhonete. (Foto: Repórter Top)

A respeito de Carolina Albuquerque, a defesa do acusado pediu exame necroscópico para verificar a presença de álcool no sangue dela. Também requereu quebra de sigilo bancário e telefônicos para saber se ela pagou bebida com cartões bancários.

''Também não há nada sobre a Carolina. Mas vamos continuar investigando e ouvir amigas dela para esclarecer os fatos'', completou Marin.

O processo do acidente estava na fase judicial, mas houve conflito de competências entre dois promotores de Justiça. Em seguida, a promotora Grazia Strobel da Silva Gaifatto decidiu enviar o inquérito de volta à polícia, com prazo de 60 dias para conclusão, a fim de obter todos os laudos pedidos.

Carolina morreu aos 24 anos em tragédia na Afonso Pena. (Foto: Reprodução - Facebook Carolina Albuquerque)

Acidente ou crime

O acidente aconteceu no cruzamento das avenidas Afonso Pena e Doutor Paulo Machado, às 23 horas do dia 2 de novembro. Carolina Albuquerque, de 24 anos, estava com o filho de 3 anos, quando o Fox que dirigia foi atingido pela Nissan Frontier guiada pelo estudante.

Segundo a perícia, o motorista, que estava acompanhado do irmão, fugiu do local após o acidente e estava a 115 km/h. Testemunhas disseram que ele apresentava sinais de embriaguez. Ainda conforme a investigação, a advogada furou o sinal no cruzamento das vias.

Carolina morreu enquanto recebia atendimento médico. O filho da advogada, que estava no carro, teve alta na Santa Casa de Campo Grande. Ele fraturou a clavícula e se recuperou.

João Pedro fugiu do local e se apresentou dias depois. Ele chegou a ser preso, mas pagou fiança e  foi solto. Ele responde o processo em liberdade.