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Cidades

Falta de acessibilidade discrimina e restringe acesso ao Shopping

Inclusão Social

27 setembro 2014 - 09h00Por Marcelo Villalba

Todos têm o direito de ir e vir em qualquer estabelecimento ou local do espaço urbano com igualdade de atendimento e de acesso. Para isso é necessário que haja preocupação e respeito com aqueles que apresentam dificuldades de locomoção definitiva ou temporária.  Diante disso é difícil imaginar ir ao Shopping Campo Grande e, antes mesmo de chegar à porta de entrada, já encontrar uma extensa barreira.


Segundo dados do Censo 200 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Esttística), em Campo Grande existiam 25.982 pessoas com alguma dificuldade de locomoção, 56.168 cidadãos com dificuldade de enxergar, 19.872 cidadãos com incapacidade de ouvir e 3.802 cidadãos tetraplégicos, paraplégicos ou hemiplégicos permanentes, resultando num total de 15,9% da população do município.


Um local que deveria ser de fácil acesso acaba por se tornar um tormento para as pessoas idosas ou que possuam alguma deficiência física ou visual, já que no principal Terminal de Transbordo, localizado na Avenida Afonso Pena e que dá acesso ao Shopping Campo Grande, possui uma escadaria enorme que impede o direito ao acesso para esta parcela da sociedade.


O primeiro passo dado pelo Poder Público foi por meio da Lei Federal nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000, que estabelece normas gerais e critérios básicos para promoção da acessibilidade das pessoas portadoras e deficiência ou com mobilidade reduzida, mediante a supressão de barreiras e de obstáculos nos espaços públicos, na construção e reformas de edifícios entre outras providências.


Mas não é bem isso que vem acontecendo por ali. "Alguns descem aqui no terminal e tem que subir até o estacionamento do Carrefour, pegar a rampa de acesso e chegar ao shopping. Muitos até desconhecem que existe um outro ponto de ônibus mais acima", conforme explica Jurandir de Oliveira Silva, 37 anos, cadeirante que enfrenta diariamente essa situação.


Ainda assim, Jurandir assegura que o Shopping é um estabelecimento que facilita sua vida, diferente do comércio da área central de Campo Grande, que possui lojas com pisos elevados nas entradas. "Só que para chegarmos lá dentro [do shopping] existem barreiras fixas. E a nossa única preocupação vem sendo essa escada, porque temos que dar uma volta, passar pelos estacionamentos é perigoso. Para eles  [Administração] seria mais fácil colocarem um elevador aqui. ", comenta.  


A escadaria da Avenida Afonso Pena é o escoamento de quem entra e sai no centro comercial e, desde sua inauguração não sofreu alteração. Devido a algumas reclamações de prática de vandalismo, a administração instalou grades em alguns pontos para evitar esses transtornos.



Já Elizeu Casemiro Neves, 38 anos, tenta ser ver com bom humor a situação não resolvida desde há 25 anos. "Vamos colocar as cadeiras nas costas e tentar subir as escadas. Já que somos recebidos pelos estacionamentos", frisou.


Nem tudo são flores. Anderson Rosa de Oliveira, 37 anos, relembra que em uma dessas "peregrinações" pelo estacionamento até a entrada do shopping, quando descia pela rampa íngrime do supermercado, perdeu o controle e quase sofreu outro acidente. "É complicado, porque além de darmos essa volta toda, não temos essa segurança no local. Quase sofri um acidente com minha cadeira na descida da rampa", relembra.



Uma luta que vem sendo enfrentada a anos pelos amigos, Joel Lídio Faustino de 37 anos, que possui uma "ONG" que luta pelos direitos dos portadores de necessidades especiais, relatou que hoje a categoria está mais unida. "Cansamos de mentiras principalmente dos políticos. As redes sociais aproximam as pessoas e isto permite com que façamos uma mobilização pelos nossos direitos", contou.


Agora o primeiro passo a ser tomado pelo é cobrar da administração um posicionamento sobre a instalação de elevador de acesso no local.  O TopMídia News entrou em contato com o Shopping Campo Grande e, em nota eles informaram que  já possuem um projeto para melhoria da acessibilidade no ponto questionado que está em processo de análise de implementação.