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Cidades

há 7 anos

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Filha de pastor, ela mostra a cara para sensibilizar sobre o sofrimento da violência doméstica

Para ela, mostrar o rosto e o nome pode ser libertador e entende que "Emilys" existem por medo de julgamento

Sem medo de mostrar o rosto e o sorriso, Dellyane Marques viu na história do BBB um bom motivo para se libertar ainda mais da história que aconteceu tem bastante tempo, mas que deixou marcas profundas. É a primeira vez que ela fala publicamente sobre o assunto, mas agora, ela acha que pode ajudar. Inclusive que a violência acontece também no meio cristão, que precisa sim, discutir o assunto.

“Eu namorava com o consentimento dos meus pais e tudo mais, eu sou cristã, filha de pastores e levita (quem canta no louvor). Quando as agressões começaram eu passei por um conflito interno muito grande. Era muita coisa em jogo”, assume Dellyane já contando que sabe que existem muitas Emilys, mas ela quer ser ela mesma.

Na época, ela não queria causar vergonha aos pais. “Porque todos iam falar. Não queria ser julgada como culpada e eu queria muito que ele parasse e voltasse a ser o que era antes. Hoje eu vejo que é muito difícil isso acontecer. Só Deus mesmo para transformar um homem que chega a esse ponto. E no caso não aconteceu. Pelo menos não comigo. O relacionamento terminou e hoje eu não sei se ele continua com tais atitudes”, diz.

Tudo mudou quando o que era escondido aconteceu em público, numa véspera de natal. “A minha decisão de esconder pelos conflitos sofridos não adiantou em nada. Porque na véspera do Natal ele chegou as vias de fato e me bateu em público”, conta sobre o auge da violência sofrida.

A dela, também começou aos poucos, com atitudes pequenas e que ela acreditava que ele “nunca a machucaria”. “Antes de chegar neste ponto ele me beliscava constantemente por qualquer postura que ele julgasse errada. Tinha um ciúme doentio onde eu não podia olhar para o lado que já era motivo pra desconfiança. Eu me sentia impotente diante dos olhos de todos. Parecia que nunca iam acreditar e se acreditassem iam ficar contra mim. Então eu calava”.

Membros da igreja, o assunto era tabu sim. “Sim, e éramos. E eu penso hoje que muito desse medo de falar era pelo julgamento até dos próprios irmãos. Eu tinha medo de causar escândalo, fui criada no interior, cidade pequena e família cristã. Minha cabeça era um nó só diante de tudo, já que  meus pais eram pastores e eu tinha vergonha de estar passando por aquilo”, confessa.

O tempo passou e a curou, na visão dela, depois de viver um relacionamento sadio. “Agora, 13 anos depois, sendo casada com alguém realmente de Deus, eu sei que fazemos decisões erradas igual qualquer outra pessoa. Não sou melhor por ser filha de pastor. Mas na época eu tinha 18 anos. Toda sonhadora e era muito apaixonada pelo moleque. Foi muito doído. Muito mesmo! Todo o processo foi marcante demais”, diz, parecendo entender que a maturidade também contribuiu muito para que conseguisse se libertar.

Até na Igreja

“Eu falo que tem pessoas que marcam a nossa vida para sempre. Uns com boas recordações e outros com as mais doídas da vida. Quando ouço o nome dessa pessoa é sempre como se tivesse levado um soco na caixa de memórias. As mais dolorosas memórias e hoje eu estou bem. Porque sei da necessidade de cura. Não do físico. Mas da alma, das emoções. O físico cura em questão de dias. Eu estava sem as marcas no rosto dentro de duas semanas mais ou menos. Mas meu coração estaria cheio de feridas até hoje se eu não cresse em um Deus que cura. Meu casamento é firmado em amor, respeito, parceria, cuidado e Deus acima de tudo. Tudo o que não tinha dentro do relacionamento abusivo”, acredita Dellyane que tem filhos e vive uma vida normal.

Ainda assim, ela acredita que é preciso falar sobre o tema. “Olha, eu nunca tinha pensado nisto, da igreja falar sobre, mas orientação nunca é demais. Vivemos numa sociedade machista. Quantas mulheres cristãs podem estar sofrendo calada hoje por vergonha do que vão pensar?! Ou por esperança que o cara vai mudar?! Enquanto isso podem estar cavando a própria sepultura. Penso que a mudança de pensamento quanto à violência doméstica seja válida em todos os âmbitos. Inclusive ou principalmente religiosos”, diz com coragem.

Nesse momento ela declara a liberdade e diz. “Pode usar minha foto sim, meu nome, meu sorriso, é libertador e mesmo não tendo falado disso para tanta gente, acredito que pode ajudar”.

Nós do TopMídiaNews também acreditamos, e agradecemos sua coragem Dellyane!

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