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Abril Verde

25/04/2018 13:30

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Garis estão entre profissões que mais sofrem acidentes de trabalho em MS

No ano passado, foram registrados 248 casos, 60% a mais do que em 2016

Varrer as ruas, coletar o lixo, reciclar o material são serviços essenciais para a saúde pública e, em geral, exigem grandes esforços físicos. Trabalhando na área, garis e coletores de lixos estão entre as profissões que mais sofrem acidentes de trabalho em Mato Grosso do Sul, estando em quinto lugar no ranking elaborado pelo Ministério Público do Trabalho.

No ano passado, foram registrados 248 casos, 60% a mais do que em 2016 quando 155 CAT (Comunicações de Acidentes de Trabalho) foram abertas, segundo a assessoria do órgão de fiscalização. A empresa CG Solurb Soluções Ambientais, que faz a coleta em Campo Grande, é a primeira na lista dos empregadores com mais acidentes notificados no Estado.

"De acordo com as informações oficiais nós detectamos que esses acidentes acontecem por elementos perfurocortantes, lixo mal acondicionado e a forma como o trabalho é desenvolvido. Os trabalhadores correm segurando o lixo atrás dos caminhões ou ficam pendurados no veículo e isso pode gerar lesões musculares, quedas, fraturas e afastamentos", explica o juiz do Trabalho Márcio Alexandre da Silva, que também é gestor regional do Programa Trabalho Seguro do TST (Tribunal Superior do Trabalho).

O magistrado aponta ainda, conforme a assessoria, a responsabilidade da população que pouco utiliza a coleta seletiva e, muitas vezes, acondiciona o lixo de maneira inadequada, provocando ferimentos nos garis. “Uma dica é embrulhar vidros quebrados e outros materiais cortantes em papel grosso, como um jornal, ou colocá-los em uma caixa para evitar acidentes. Garrafas e frascos não devem ser misturados com os vidros planos”, ressalta o MPT.

Trabalhador ficou preso às ferragens - Foto: Wesley Ortiz

Ocorrem ainda os imprevistos, como acidente registrado na última sexta-feira (20), entre um caminhão da Solurb e uma carreta carregada com soja na BR-163. A colisão aconteceu por volta de 13h50, próximo ao Jardim Itamaracá, e deixou um trabalhador de 45 anos ferido. O veículo da empresa de coleta ficou com a parte frontal destruída após bater na traseira do outro veículo, que seguia sentido São Paulo e realizou uma manobra imprudente na tentativa de entrar em uma rua paralela.

Com o impacto, um dos três funcionários da Solurb que ocupava o veículo ficou preso às ferragens e precisou ser retirado com ajuda de um equipamento desencarcerador do Corpo de Bombeiros. Ele teve ferimentos nas duas pernas e foi encaminhado para a UPA (Unidade de Pronto Atendimento Comunitário) das Moreninhas. O condutor da carreta não se feriu. Parte da carga, que seria levada de Sidrolândia para Três Lagoas, ficou espalhada na pista.

Profissão exige grande esforço físico - Foto: Geovanni Gomes

Dados

Mato Grosso do Sul registrou 7.830 acidentes de trabalho durante o ano passado, sendo 2.977 em Campo Grande, segundo o Concat (sistema para consulta de dados da CAT). Em 2016, foram registrados 7.475 acidentes de trabalho no Estado, sendo 2.863 na Capital. Em 23 casos, os trabalhadores terminaram em óbito, conforme levantamento da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde).

Nos acidentes menos graves, em que o empregado tenha que se ausentar por período inferior a quinze dias, o empregador acaba gastando pela falta de prevenção, pois deixa de contar com a mão de obra e tem que arcar com os custos econômicos do afastamento temporário do funcionário.

Nos casos mais graves, o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) entra em ação para administrar a prestação de benefícios. De acordo com o TST (Tribunal Superior Trabalhista), estima-se que a Previdência Social gastou cerca de R$ 17 bilhões com benefícios, tais como auxílio-doença acidentário, auxílio-acidente, habilitação e reabilitação profissional e pessoal, aposentadoria por invalidez e pensão por morte, somente em 2010. Mas o número vem aumentando.

"O impacto financeiro dos acidentes de trabalho é gigante. Em termos previdenciários, por ano, é uma média de R$ 26 bilhões no Brasil todo com o pagamento de auxílios previdenciários decorrentes de acidentes de trabalho. E esse é o custo direto dos trabalhadores com contratos de trabalho formais. Ainda há um custo muito grande indiretamente que são os trabalhadores informais e os dias perdidos já que esses trabalhadores afastados saem temporariamente do serviço e o empregador fica desfalcado ou tem que contratar outro para repor essa mão de obra. Então há uma série de prejuízos financeiros, além do prejuízo à vida e saúde do trabalhador que é quem mais sofre", alerta o procurador-chefe do Ministério Público do Trabalho, Leontino Ferreira de Lima Junior.

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