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Ciência e Tecnologia

Pesquisadores de MS testam liquens e frutos do cerrado para tratamento de câncer

O grupo avalia esta atividade em diferentes tipos de câncer, dentre eles o melanoma, um tipo de câncer de pele muito agressivo e de difícil tratamento

13 novembro 2017 - 12h02Por Fundect

O câncer está entre as principais causas de morte no mundo. A estimativa para 2030 é de 21 milhões de novos casos em nível mundial, sendo que aproximadamente 13,2 milhões de mortes irão ocorrer. A busca pela cura é emblemática, pois a doença é muito agressiva e muitas vezes letal.

Ao redor do mundo diversas pesquisas estão em andamento com o objetivo de encontrar alternativas que possam ser utilizadas para o tratamento.

Cristina Zotti é enfermeira e passou pela experiência de ser diagnosticada com leucemia em dezembro de 2014. “Foi bastante difícil e ainda é, o câncer sempre será uma sombra pra quem vive ou já viveu, porém como eu acredito muito em Deus e como tive meu milagre, acredito que o que temos que passar, ninguém passa. Como profissional da saúde sempre tive aversão à oncologia, talvez tivesse sido uma proteção não saber o que eu iria passar, fui sabendo e vivendo aos poucos”, relata.

“Eu fico encantada com o avanço da ciência, acho que os novos estudos só vêm a somar. Quando me formei, há 10 anos, não se tinha expectativa, hoje com as medicações moleculares já se fala em cinco anos para pacientes com câncer severo. Acredito que chegaremos em um momento em que teremos a cura para todo tipo de câncer”, afirma Cristina.

Aqui no Estado, entrevistamos um grupo de pesquisadoras da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul que trabalha com o tema estudando a atividade anticâncer de liquens e frutos do cerrado. O grupo avalia esta atividade em diferentes tipos de câncer, dentre eles o melanoma, um tipo de câncer de pele muito agressivo e de difícil tratamento, representando cerca de 4% do total de cânceres de pele.

Quando detectado inicialmente o tratamento é mais fácil, porém em casos mais avançados o prognóstico é ruim, pois pode causar metástase, dificultando ainda mais o tratamento.

Pesquisando os liquens

Os liquens são constituídos por uma associação simbiótica de um fungo (micobionte) com um parceiro fotossintético (fitobionte), geralmente alga ou cianobactéria.

É possível encontrar liquens nas mais diversas superfícies na natureza, em rochas, em caules, em plantas em geral. “Os liquens têm uma característica de conseguirem sobreviver em ambientes extremos, tanto de temperatura como luminosidade. Produzem substâncias biologicamente ativas com ação antibiótica, antiviral, antimicótica e antitumoral, foco de nosso estudo”, afirma Caroline Almeida Farias Alexandrino, mestranda e membro da equipe.

“Os estudos com liquens realizados na UFMS, pela pesquisadora Neli Kika Honda, vêm contribuindo para a descoberta de substâncias quanto a sua estrutura e diferentes atividades biológicas. A parceria com a pesquisadora Maria de Fatima Cepa Matos, do laboratório de biologia molecular e culturas celulares, também possibilitou estudos na área de câncer destes compostos”, esclarece a professora Danielle Bogo, coordenadora da pesquisa.

“Atualmente estão sendo testados dois compostos isolados de liquens em um painel de células neoplásicas, dentre elas de leucemia, câncer de fígado, câncer de rim, câncer de mama e em melanoma experimental murino desenvolvido em camundongos”, explica Caroline. Os resultados são promissores e no futuro esses compostos isolados de liquens poderão ser potenciais agentes anticâncer. 

Riqueza do cerrado

O grupo trabalha também com os frutos do cerrado, encontrados no Mato Grosso do Sul. Frutos conhecidos e consumidos pela população local. Diversos estudos em relação aos aspectos nutricionais desses alimentos já foram realizados, por isso elas avaliam aspectos biológicos.

“Os extratos desses frutos, dentre eles o pequi, a bocaiúva, o araticum, foram testados em sete linhagens diferentes de câncer. Nós testamos em linhagens de câncer de próstata, de rins, de fígado, de mama, de pele (que é o melanoma, que é o câncer mais agressivo que existe), ovário e colón, que é o câncer de intestino”, explica Magalli Costa Barbosa Lima e Silva, doutoranda e membro da equipe.

O extrato da guavira foi o que melhor teve ação no melanoma induzido em camundongos. “Um fruto bem consumido pela população, bem conhecido na nossa região e que agora nós estamos verificando que, além de ser nutricionalmente importante, apresenta atividade antitumoral em diversos tipos de câncer. Então, podemos dizer que o extrato desse fruto é um agente promissor para tratamento de câncer, principalmente do melanoma”, ressalta Magalli.

As pesquisas são realizadas com investimentos financeiros do Governo do Estado de Mato Grosso do Sul por meio da Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado de Mato Grosso do Sul (Fundect), que é vinculada à Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro).

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