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COLUNA

Decifrando

Marco Santos

A Indonésia e a intervenção política no Rio de Janeiro

16 agosto 2018 - 16h16

Após seis meses de ocorrência,  a intervenção federal  no Rio de Janeiro, ato político, está recebendo muitas críticas e, jornalistas despreparados,  dando voz a criminosos, apregoando o fracasso,  culpam os militares

Nada mais equivocado.

A intervenção não ocorreu como deveria ter acontecido.

Não foi decretado para acabar com a violência ou, principalmente, com as ações do crime organizado na capital fluminense, muito menos no Estado.

Arrisco afirmar que foi visualizada para conter, ou pelo menos reduzir os danos, que a avalanche da  Lava Jato vinha provocando sobre a organização criminosa que domina o poder no Rio de Janeiro e também em alguns outros estados e na União.

Mas o foco deste artigo não é este.

Os militares que, de forma metodica e competente, estão conduzindo a intervenção não podem acabar com o crime organizado. Quando muito, conseguirão aperfeiçoar os meios policiais preventivos e repressivos locais.

Sim, porque o crime organizado é entidade abstrata, matricial, que se dissemina onde as instituições são fracas.

O crime organizado está no futebol, no carnaval, na política, na economia, nas tecnologias que diariamente acessamos.

Será que, diariamente, ao olharmos no espelho, não imaginamos estar colaborando com organizações criminosas?

Não sou eu quem afirma, ministros  do STF taxaram, e estão condenando, partidos políticos e autoridades, como

entes  crminosos organizados.

Será que os mandatários que assinaram o ato intervencionista fizeram a barba diante de espelhos no dia da decretação?

Como acabar com o CO se ele está enraizado na tolerância dos brasileiros com as drogas, nas propinas, no jeitinho, na malandragem que amalgamos na formação da nacionalidade brasileira?

Taxistas no Rio e em outros estados pagam R$ 50,00 por semana como "taxa de proteção" as milícias e a agentes públicos, semana para um, semana para outro.

Assim acontece igualmente com o comércio, os ambulantes, na feira da Uruguaiana, bem na "boca" do Metrô, recolhem "a cerveja" semanalmente para as estruturas do crime.

Opa, estou sendo injusto, em alguns lugares da cidade, até o cidadão pode pagar pedágio para as facções do narcovarejo.

Sim, narcovarejo, pois é a ponta, o espectro visível de um imenso iceberg que inclui:

Corrupção política;

Corrupção em  vários segmentos da administração pública;

Financiadores que se valem da fragilidade dos controles legais;

Da  infraestrura insuficientemente controlada da logística nacional ;

Das "fronteiras abertas" do país;

Da leniência do sistema legal para com traficantes e usuário;

Do mercado consumidor de drogas, o segundo maior do mundo;

E dos produtores de entorpecentes, em países vizinhos, e de maconha, que até é produzida no Vale do São Francisco.

Mas e a Indonésia?

Desde o fuzilamento de um brasileiro por tráfico internacional de drogas, não há mais nacionais no corredor da morte naquele país.

Na China, Arabia Saudita, Coréia do Norte e Irã é aplicada pena capital a políticos corruptos.

Isso não quer dizer que prego a pena de morte, ou que não existam drogados na Indonésia e muito menos que acabou a corrupção entre chineses, coreanos do norte, sauditas e iranianos.

É preciso, no entanto, que a sociedade brasileiro entenda que não há ação segmentada, parcial, direcionada a um ou alguns poucos vieses do CO, promovidas pelas Forças Armadas e Policiais, que resulte em solução para o grave problema da insegurança  Instituicional no Brasil.

Sim, Instituicional, pois sem "dar um jeito" em várias instituições, especialmente as políticas, não alcançaremos niveis civilizados de segurança pública, parte da institucional.

Avalio que não há melhor momento para isso.

O país precisa se livrar da caterva que o conduziu ao caos.

Ou isso acontece ou a sociedade continuará a " enxugar gelo" e gente morrendo.

E não adianta culpar as armas.

Gatilhos não disparam sozinhos.

Marco Santos

Cel R1 , professor e empresário (ainda)