Menu
sexta, 29 de março de 2024 Campo Grande/MS
COLUNA

Decifrando

Marco Santos

A mexicanizacao do Brasil

Não é a toa que o N e o NE estão se tornando os palcos maiores de ocorrências de assassinatos

30 janeiro 2018 - 05h42


O México é um dos países mais violentos do mundo na atualidade.
Chacinas com dezenas de mortos praticadas por gangues e cartéis de drogas e em confrontos com as forças de segurança, com resultados semelhantes, são situações frequentes  , conforme se pode verificar nos noticiários internacionais.
O episódio ocorrido em Fortaleza / CE, na madruga de 28 de janeiro, com, pelo menos 14 mortos e vários feridos, alem de outros acontecidos no Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte  e outros estados, podem estar aproximando o Brasil ao que acontece no país da América Central.
As explicações simplistas de guerras entre facções não devem ser aceitas pela sociedade. 

Não é a toa que o N e o NE estão se tornando os palcos maiores dessas ocorrências.

Sei que isso vai ferir o brio de amigos nordestinos. Mas reconhecer que um problema existe é o principal passo para a solução.

A região tem sido escolhida porque há décadas presos das 2 principais facções nacionais tem sido estocados nas cadeias e penitênciarias regionais. 

As instituições políticas,  econômicas, sociais e financeiras  estão frágeis na área, como no restante do país, mas lá está pior. Fácil perceber isso.

As capitais litorâneas da região, em especial aquelas que recebem maiores contingentes de turistas, entraram para as mais importantes conexões logísticas do tráfico internacional de drogas, devido a proximidade com Europa e América do Norte, além de o consumo de entorpecentes ter crescido, especialmente entre os jovens das camadas mais pobres da população.

As drogas tiveram seus preços reduzidos pela maior oferta e por terem se tornado moeda de pagamento para embarques transnacionais.

Claro, isso não acontece somente lá. Mas a repressão e as medidas anti drogas nas Regiões Sul e SE tem surtido mais efeitos.

O que está acontecendo no N é NE do país é uma luta pelo mercado consumidor e pelo posicionamento estratégico em relação ao mercado externo.
Situação semelhante ao México.

Afirmar, como vi, li e ouvi no final de semana, que o massacre se deu sobre os mesmos de sempre, os pretos, pardos e pobres, não pode ser aceito ou admitido com simplicidade. Até porque os autores também são pretos, pardos e pobres.

Avalio, que é preciso efetividade nas políticas e estratégias anti e contra as drogas. Politicas sociais e  a imposição da ordem pública. Ações preventivas e repressivas   simultaneas e em ambiente de cooperação e coordenação entre poderes, entre  os 3 níveis de Executivos e organizaçoes policiais e de Inteligência.

Acredito que aí reside o nó da questão. 

Os vários segmentos do Estado brasileiro, embora digam o contrário, estão de costas um para o outro.

A oportunidade é ímpar.

Ano de eleições, de Copa do Mundo, de mudar aquilo que não deu certo.

Ou vamos continuar nos aproximando de situação semelhante ao de nossos irmãos mexicanos.

Ainda não desisti deste país!

Marco Santos
Empresario e Professor.