Menu
quinta, 28 de março de 2024 Campo Grande/MS
COLUNA

Top Pipoca com Pedroka

Pedro Martinez

Até o Último Homem: quem acredita alcança SIM!

Sem armas

31 janeiro 2017 - 09h02

Não há nada melhor no mundo do que começar a semana se inspirando com o cinema.



Obrigado irmãos Lumière!



Seguindo com a maratona dos filmes indicados ao Oscar, fomos acompanhar o épico de guerra Até o Último Homem, com seis indicações da Academia, incluindo o de Melhor Filme.



A primeira coisa que chama a atenção é a direção, por Mel Gibson, que dez anos depois de vencer o Oscar por Coração Valente, volta agora na direção. E apesar das notícias escandalosas dos últimos tempos - desde acusações de violência doméstica á alcoolismo, é infinitamente cheio de qualidade, mostrando que demorou demais pra Gibson nos dar mais obras belíssimas de seu trabalho artístico.



O diretor contribue muito, mas a história, e principalmente a história deste, é de deixar a gente de boca aberta de tanto que impressiona e beira o inacreditável e impensável.



A trama é sobre o soldado Desmond Doss (Andrew Garfield, o atual Homem Aranha) que decidiu ir para a Guerra para ajudar, o máximo que pudesse, seus companheiros compratiotas que lutariam, e segundo o próprio personagem relata "não poderia ficar parado aqui enquanto os outros lutam".



Mas com um detalhe importantíssimo e inusitado: ele quer ajudar, fazendo parte do corpo de médicos militares mas com a condição de nunca pegar numa arma, acreditando que seu dever, nas batalhas, seria o de salvar vidas, e não tirá-las.



A partir daí, uma batalha é travada antes mesmo de estar realmente na Guerra, pois seus superiores e os outros companheiros não aceitavam a sua crença inusitada para com relação à batalha, que consiste em sua verdadeira essência, ter que tirar vidas.



Junto com tudo isso, vem junto, uma historinha açucarada e até boba, de amor com a enfermeira Dorothy (Teresa Palmer) . E é muito divertido ver as cenas de quando ele conhece a moça, meio que uma coisa adolescente de primeiro amor, onde a felicidade de conhecer alguém é tenta que você só fala coisas bobas, que você treinou por horas antes em casa, mas na hora foi um fracasso, mas mesmo assim, por ser tão adorável funcionou muito bem.



E é infinitamente divertida a fase de treinamento mostrada no filme. Tão divertidas que você pensa: "achei que o filme era um drama e não comédia". A atuação de Vince Vaughn como o superior militar nervosão é inesquecível de tão engraçada.



Então, as emoções começam a nos pegar violentamente quando vamos para as cenas de batalha, que se resumem a atuação das tropas americanas em Okinawa, no episódio da tomada do desfiladeiro de Hackshaw, crucial para a dominação do território japonês. Gibson é conhecido, nas suas outras direções, como em Apocalypto e A Paixão de Cristo,  pelo realismo no quesito violência. Cada detalhe grotesco e nojento de uma guerra é captado pelas câmeras de Gibson que move-se pelo campo de batalha. É corpo dilacerado, tripas voando e sangue jorrando pra tudo quando é lado.



Enfim, todo o drama de Doss mantendo a convicção no que acredita, nos inspira do início ao fim. E de tão inacreditável que é, essa história é uma lição. Toda escolha tem o seu custo, ou um grande sucesso ou ainda os dois junto. Seguir as suas crenças é a coisa mais importante; e ser diferente às vezes é muito melhor que ser o comum. Tudo tem um porquê, mesmo se parecer estranho e impensável.



Esse melodrama techinicolor dos anos 50 merece 5 pipoquinhas e entra com boas chances de ser premiado na corrida do Oscar 2017.