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quinta, 28 de março de 2024 Campo Grande/MS
COLUNA

Top Pipoca com Pedroka

Pedro Martinez

Kubo: o universo Oriental é divino...

Olhar é perigoso mas também esclarece

06 março 2017 - 08h41

Um estúdio de animação pouco conhecido, o Laika, responsável por Coraline, ParaNorman e Boxtrolls, nos entregou uma obra-prima este ano.



Indicado ao Oscar, Kubo e As Cordas Mágicas me impressionou demais e agora esse estúdio me mostra um potencial gigantesco se comparando a Pixar, por exemplo.



A primeira diferença clara é a forma de se fazer a animação: utilizam o stop-motion, onde cada imagem é a fotografia de um modelo 3D (e um estilo que exige produção extensa e baixo retorno financeiro). E com relação a trama, o detalhe mais legal...tudo tem seu tempo de desenvolvimento; nenhuma pressa, aprofundação nos personagens e ainda muita tensão. A correria das animações infantis é nula.



- Deve ser ótimo então né Pedroka? Fala da história então, porfa!



Kubo é daqueles protagonistas predestinados. Quando ele era bebê, seu pai, o samurai Hanzo, foi morto pelo avô, o Rei da Lua e suas tias. Nessa luta, o menino acabou perdendo um olho esquerdo. Mas esse foi o maximo que sofreu pois sua mãe, filha do Rei, o salva. Kubo herdou poderes mágicos da mãe. Assim um dia surge a questão de sua vida: ou ele entrega o seu outro olho para o avô tornando-o imortal ou ele luta contra ele e o mal que representa.



Claro que ele escolhe lutar, então com a ajuda de uma macaca maternal e séria, e um besouro-samurai, embarca na batalha épica para tentar acabar com o reinado de terror do avô.



A beleza técnica do filme impressiona, assim como a história, que homenageia e muito a cultura japonesa. Tem origami (que Kubo os controla quando toca seu shamisen), tem as lamparinas que nos conectam com os antepassados mortos e até máscaras do teatro Nô assustadoramente sorridentes.



A visão é o centro do roteiro. São diversas as configurações do que o olho representa. Kubo tem uma cicatriz sobre o olho, a mãe não usa os olhos funcionam perfeitamente e até um monstro marinho é um gigantesco globo ocular que enfeitiça quem olha diretamente pra ele. Olhar é perigoso mas também esclarece.



A metáfora da morte também é bem trabalhada - pode até ser assustador para algumas crianças, mas há muitas metáforas que fazem a gente pensar.



Tudo isso está incluído nesta obra de arte do coração mais profundo oriental. Tem uma profundidade psicológica incomum pro cinema mas toca igualmente adultos e crianças.



Recomendo muito com 5 pipocas.