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Pedro Martinez

Lady Bird: É fazendo m@#$% que se aduba a vida...

Minha Mãe tinha razão

13 janeiro 2018 - 09h13

Seguindo forte no caminho dos filmes indicados ao Oscar, bora pra mais um.

Lady Bird foi exibido do 42° Festival de Toronto.

Christine "Lady Bird" McPherson (Saoirse Ronan) não tem só um nome peculiar, ela também o é. Ela é diferente das colegas de sala - e ao mesmo tempo igual a elas. Jovem. E luta contra, porém, é igualzinha a sua mãe (Laurie Metcalf): amorosa mas também opinativa e bastante teimosa além de ser uma enfermeira que trabalha mais incansavelmente do que nunca agora que o pai de Bird perdeu o emprego.

Tudo acontece em Sacramento, Califórnia, em 2002, naquela época zoada economicamente falando, com mudanças rápidas terríveis.

Mas e aí?

Então, nesse contexto conhecemos Lady Bird na sua fase de crescimento, aos plenos 17 anos, prestes a ir para faculdade. Ela estuda num colégio católico de freiraa. Nós acompanhamos assim o desabrochar da maturidade da menina. E ela é aventureira. Desde comer a hóstia escondida com a amiga gordinha até "namorar" as pessoas erradas.

Bird é doidinha de pedra. Um papel que acerta em cheio na característica mais importante do cinema: a identificação com o público. Seus dramas são como o de qualquer um. Menino ou menina. Ela não gosta da cidade onde mora por birra, mas no fundo gosta e briga com a mãe o tempo todo. As duas com personalidades fortes brigam até pra escolher um vestido pro baile. E param a treta ao encontrar um "perfeito!".

O texto, cheio de diálogos naturais e às vezes até hilários, mostra que a diretora/roteirista Greta Gerwing imprime uma marca própria de construção porque conta uma história parcialmente autobiográfica. Vemos claramente pedaços pequenos de si, o que faz a autenticidade ser gritante, o que nunca poderia ser só inventada, mas também sentida na pele.

Lady Bird, nome que ela mesma se deu, na verdade existe pra esconder as expectativas de quem ela realmente é, problema mais comum na adolescência. Ela ainda está se encontrando. As faculdades perto não são as melhores nunca e os namorados são furada. Por isso as discussões com a mãe são intermináveis: a matriarca só quer evitar uma vida de frustrações, por isso vê as dúvidas de adolescência da filha como drama.

Mas é isso que é amor, né?

E você pode falar que essa é uma história batida, mas o filme mostra que dá pra fazer diferente da ideia já batida. Lady Bird não tem nada de ordinário mas é essa a intenção. Esse é um filme sobre ansiedade, e ansiedade adolescente vista por uma ótica feminina adulta. Ela quer sair de casa pra achar um mundo que possa chamar de seu, é uma rebelde sem causa em meio a uma transição. Mas também deseja ser amada, quer crescer, perder a virgindade. Também falta pra ela paciência, o que trás consigo erros. É normal, mas é real. Drama comum. A vida.

Lady Bird é um manifesto sobre o crescer. É fazendo m@#$% que se aduba a vida, a gente erra pra aprender, escuta o que não quer e no final das contas todo mundo vai dizer: minha mãe tinha razão.

5 pipocas!