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Cultura

Daniela Mercury sacode Corumbá com ‘Banzeiro’, canta Renato Russo e Raul e faz saudação a Manoel de

Em plena forma, aos 53 anos, a cantora baiana não parou um segundo no palco em um show pra cima, alegre e colorido

27 maio 2018 - 14h45Por FCMS

O show terminou quase duas horas da manhã deste domingo, mas a saudade já aperta os corações de quem cantou, dançou e se emocionou com Daniela Mercury, a rainha do axe music, no palco principal do Festival América do Sul Pantanal (Fasp). A baiana estava arretada, chamou os orixás, beijou a mulher Malu no palco e enveredou-se por outros ritmos, cantando de Renato Russo e Titãs a Raul Seixas, Roberto Carlos e Belchior.

Foi um dos melhores shows em 14 edições do Fasp, eletrizante, rememorando grandes sucessos da cantora, como Swing da Cor e Canto da Cidade ao hit Banzeiro (da paraense Dona Onete), eleito a melhor música do carnaval baiano de 2018. A multidão na Praça Generoso Ponce cantou em uníssono: “Te mete!/Te joga!/E vem, vem, vem, vem, vem, vem, vem com a gente/Tomar banho de chuva/Tomar banho de cheiro/Depois se jogar no banzeiro”.

Daniela subiu ao palco do Fasp às 23h25 de sábado, se reapresentando em Corumbá depois de dez anos, e mostrou uma vigor impressionante ao dançar e pular por mais de uma hora e meia em seus 53 anos de idade. Ela elogiou a realização do festival ao afirmar que o evento internacional promovido pelo Governo de Mato Grosso do Sul está quebrando todas as fronteiras. Ela dividiu o público e disse: “agora vamos nos misturar, não existem diferenças”

E completou, lembrando da homenagem do festival ao maestro paraguaio José Assunción, criador da guarânia: “A gente é quem inventou todas as fronteiras, devemos nos abraçar, nos olhar e nos admirar, seja branco, negro, índio, mulato, imigrante. Nosso sonho é unir todas as pessoas do mundo, cantar juntos e se confraternizar com os povos próximos que, às vezes, desconhecemos. Salve a América do Sul, a América dos imigrantes, América terra do mundo”.

Manoel de Barros

Daniela também citou o poeta maior Manoel de Barros ao provocar o público: “tem vagabundo ai? Os vagabundos são livres!” A cantora disse que ama o poeta pantaneiro – “Ele é maravilhoso” – e citou trechos de seus poemas, onde Manoel de Barros falou do “desinventar as coisas” e “de comprar o ócio para me tornar um vagabundo profissional”. E na sequencia puxou o reggae “Nobre Vagabundo” (“…respirando o amor, aspirando liberdade…”).

Acompanhada por dois casais de bailarinos e uma super banda, a cantora sacudiu Corumbá com o melhor dos ritmos baianos, com passagem por samba arrastado (“Samba Presidente”) e desafiando o corumbaense, sabendo da fama da gente local no samba no pé. “Voces vão me convidar para o carnaval de Corumbá? Quero ver o suingue da negrada e Corumbá, cadê os povos originais, os donos dessa terra?”, disse, descendo do palco para se juntar à multidão.

Despedida sem bis

Também dividiu o palco com o filho mais velho, Gabriel, que fez duo na música “Minas com Bahia” (“Amanhã é domingo, menina/Ninguém vai te acordar/Deixa chover na esquina/Deixa a vida rolar”) e emendou um popurri com clássicos da MPB. Ao final do show, voltou a interpretar Banzeiro – nome do seu atual show -, para corrigir uma falha no início, quando não conseguiu fazer a coreografia de abertura. Ela arrasou e a multidão foi ao delírio.

“Estamos juntos, eu, vocês e os caminhoneiros”, despediu-se no melhor estilo zombando da crise brasileira do combustível. “Voces tem gasolina para voltar para casa? Não, então ficam comigo e vamos voltar cantando e dançando”, completou, saindo do palco enquanto o público pedia um bis que não veio. Não havia, na realidade, nada mais a acrescentar em um espetáculo preconizado por quem tem uma carreira brilhante de 30 anos, 19 CDs e sete DVDs.