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Mãe denuncia falta de vacina obrigatória e pediatras em cidade de MS

Jovem ficou 45 horas em trabalho de parto até ser transferida para o Rio de Janeiro

18 março 2018 - 18h10Por Bruna Vasconcelos

Com sete meses e meio de gravidez, a batalha de uma mãe para salvar o filho deu início no mês de agosto do ano passado. Marcelle Moura não imaginava que uma consulta de rotina ia resultar em 45 horas de trabalho de parto quando foi até o Hospital Naval, em Ladário, às 13h do dia 31 de julho. A denúncia, porém, só foi feita neste início de 2018.

Durante o atendimento pela médica conveniada da Marinha do Brasil, a mãe foi informada que, a qualquer momento, a bolsa amniótica poderia estourar e o bebê viria ao mundo prematuro.

Às 21h do mesmo dia, o trabalho de parto iniciou e a peleja, segundo Marcelle, estava apenas começando. O Hospital não quis fazer a cesariana, afirmando que a cirurgia era de risco e o instituto médico não tinha estrutura para receber mãe e bebê.

Segundo Marcelle, foi preciso esperar uma decisão do diretor do Hospital Naval para resolver se a gestante iria ser transferida para Corumbá ou Campo Grande. Após um vai e volta, e 45 horas sem líquido na bolsa, a jovem foi encaminhada pela UTI móvel para o Hospital Marcílio Dias, no Rio De Janeiro.

Com a demora da decisão do Hospital de Ladário, o neném nasceu, às 18h30 do dia 2 de agosto, com uma infecção e precisou ficar 28 dias internado na UTI Neo Natal. 

De volta para a casa, a mãe relata que os cuidados com a saúde da criança precisaram ser redobrados devido à saúde frágil do bebê. No dia 8 de fevereiro deste ano, Marcelle foi até o Posto de Saúde de Ladário vacinar o filho com a Pentavalente – que faz parte do Calendário Básico de Vacinação da Criança do Ministério da Saúde. Ao chegar no local, foi informada que a dose estava em falta na Unidade Básica e, se caso quisesse, poderia comprar a vacina no Hospital da Criança pelo valor de R$ 400.

Consultas

Os dias passaram e o bebê começou a adoecer. Novamente com medo de passar pelas mãos do Hospital Naval, a mãe tentou uma consulta com a pediatra da Unidade, mas foi informada que os médicos especialistas estavam em falta na cidade. 

No último dia 5, desesperada, a mãe foi até a emergência do Hospital e acabou sendo atendida por um clínico geral. O médico pediu um raio-x e diagnosticou o bebê com os pulmões cheios de catarro.

Com apenas 6 meses, o bebê luta diariamente por um tratamento digno, já que precisa de cuidados especiais por ter nascido prematuro. A genitora se sente com as mãos atadas e não encontra mais saída na Saúde de Ladário.

“Eu não estou pedindo um favor. Todo mês é descontado da folha de pagamento do pai do meu filho para que ele possa ser atendido com dignidade e mesmo assim não temos médicos e muito menos a vacina obrigatória no Posto de Saúde. Me sinto de mãos atadas. Eles também não liberam guias para que o meu neném seja atendido em outros lugares. Como que a gente fica?”

A mãe também relata que tentou o atendimento especializado de todas as formas, mas a única resposta que conseguiu foi que a pediatria estava superlotada e não poderia receber a criança.

“Meu filho passou apenas pelo Clínico Geral. Estou com ele em casa, com os pulmões fracos, prematuro. Todos os hospitais estão com as pediatrias lotadas, não tem mais vaga e eu estou desesperada.”