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Entrevistas

Multi-instrumentista, militar leva educação através da música a crianças do Estrela Dalva

Projeto Guadalupe é tocado por Marcelo e amigos, mas precisa de ajuda para alcançar ainda mais jovens da região

09 julho 2018 - 09h12Por Amanda Amaral

No extremo nordeste de Campo Grande, um projeto social tem levado mais alegria e conhecimento aos dias de crianças e adolescentes. Há cerca de um ano, surgia o Projeto Guadalupe, onde o músico e militar Marcelo Santos ensina diversos instrumentos e canto, de forma gratuita, mas também aprende muito sobre a importância do amor e solidariedade.

Em entrevista ao TopMídiaNews, ele conta como funcionam as aulas e de onde surgiu a iniciativa, assim como faz apelo por ajuda para que ainda mais jovens possam participar do projeto. Leia abaixo:

Qual a sua relação com a música?

Sou de uma família de músicos, aprendi muito cedo a tocar instrumentos musicais, violão, cavaquinho, depois entrei na banda da polícia militar. Isso com 18 anos, tocando instrumento de sopro, me formei em música também na Universidade Federal.

Meu tio, meu pai, meu avô, todos tocaram, meus tios por parte de mãe também tocam instrumentos e são militares. Meu avô por parte de mãe, inclusive, seresteiro, tocamos chorinho. É chacoalhar a árvore que cai músicos [rs]!

(Foto:Wesley Ortiz)

E como começou o projeto?

Começou quando eu fui tocar na igreja católica que minha mãe frequenta, há um ano mais ou menos, lá uma criança gostou muito, me perguntou como fazia pra começar a tocar um instrumento. Só que ela não tinha dinheiro pra pagar por aulas particulares. Aí, minha mãe perguntou se eu poderia dar aulas na própria igreja, com algum projeto.

Fui conversar com os coordenadores da igreja, só pra ver se daria certo, e assim que eles abriram as inscrições, mais de 30 alunos mostraram interesse. Aí pensei ‘e agora?’, né, porque não tinha ideia de como seria, pouca estrutura também.

Nessa história, começamos mesmo sem estrutura, com ajuda de alguns amigos, compraram flautas, outros itens. Levo outros instrumentos meus mesmo, como teclado, e os de sopro. Tem crianças de sete, oito anos de idade, até 14 anos.

E que instrumentos você ensina pra essas crianças e adolescentes?

Lá eu ensino teoria musical, percepção musical, flauta doce, que dos instrumentos de sopro é mais simples, e canto. Aí, alguns amigos meus que tocam percussão na noite também dão aulas às vezes, num espaço da própria igreja, onde as crianças fazem catequese.

Tem uma pessoa que me ajuda, a Salete, minha vizinha que conheço muitos anos, sendo a coordenadora do projeto. Ela que faz a chamada, que ajuda em tudo, puxa minha orelha quando eu não consigo comparecer às aulas. Não consigo colocar mais alunos porque sou sozinho, a procura é grande.

Já tinha dado aulas antes? Como é ser o professor?

Sim, e tenho um projeto no quartel, que é uma parceria entre a Polícia Militar e o Sesc, muito bonita a iniciativa, também para crianças carentes. Entramos com a logística, com o corpo docente, e o Sesc com o apoio financeiro. Já tinha dado aula particular também.

Acho engraçado que não pensava em dar aulas, quem gosta muito de tocar geralmente não tem tanta paciência com a teoria. Mas minha didática parece ser boa, porque não querem desistir, gostam muito.

Costumo levar apresentações de amigos, uma dessas foi a do Trovadores do Tempo, eles amaram. Isso estimula muito também. Eles também fazem apresentações, recentemente fizemos um pequeno festival lá, muito bacana.

Meus filhos também participam, comparecendo às aulas, de 14 e seis anos.

E em que sentido você acha que a música transforma a vida dessas crianças?

Com a música você aprende muito, né. Os alunos adoram, uns ficam nervosos, outros não conseguem aprender rápido, ficam bravos, mas sinto que eles estão aprendendo e no final é muito positivo. É pouco tempo, porque é só uma vez na semana, e tenho que ficar dividindo meu tempo, porque tenho missão no quartel, mas é muito gratificante.

A progressão deles é muito boa, apesar disso, tem gente muito dedicada, fico emocionado. Como todo projeto social, ocupar o espaço na vida deles, que seria um tempo ocioso, já ajuda muito. Outra questão é que a música é um aprendizado de várias coisas, tem a matemática, tem a parte da sensibilidade, coordenação motora. Junto com o esporte, a dobradinha dá muito certo.

Como é dividir essa rotina entre seu trabalho na polícia e a vida de músico, professor?

As vezes fica complicado por conta das missões extras, né, a banda da PM se apresenta bastante, principalmente finais de semana, atendendo quartel e população. Também toco na noite, em eventos. Toco com o Sampri, Chicão Castro e Fabio Adames, atualmente, mas já fiz parte do grupo Forrózen, outros vários músicos, como freelancer. Tocando sopro, cavaquinho, violão, por aí vai.

O que ajudaria a firmar melhor o projeto e dar oportunidade a mais alunos?

Mais professores voluntários, instrumentos, e uma estrutura que melhorasse a condição das aulas, aumentasse as vagas. Pretendo ampliar o projeto, conseguir ajuda, não há nem um pingo de desânimo. É apaixonante de ver.

Para entrar em contato, basta ligar ou mandar mensagem para o número (67) 99256-6238.