A voz é o maior bem imaterial e principal instrumento de trabalho dos pacientes da fonoaudióloga Pollyana Caetano. A profissional, de Campo Grande, auxilia grandes nomes do sertanejo a cuidarem melhor do dom da voz, se preparando melhor para shows e evitando lesões nas cordas vocais – mas nem sempre seu endereço de atendimento é o tradicional consultório.
Muitas vezes, ela chega a pegar a estrada para acompanhar os cantores em turnês pelo país e garantir que cada nota não saia do tom. Entre seus pacientes, estão os também sul-mato-grossenses Munhoz e Mariano e as irmãs Maiara e Maraísa.
Em entrevista ao TopMídiaNews, ela conta como começou seu trabalho e dá dicas simples para cuidados diários com a voz, confira:
Você já se formou pensando em trabalhar com esse público?
Eu não pensava em voz antes, não tinha essa ideia. Tem vários caminhos que o profissional pode tomar, dentro da fonoaudiologia, mas a voz me pareceu o mais natural para seguir. Já tinha vários amigos cantores, por exemplo, o Pedro Leonardo, filho do Leonardo, e daí fui estudando gostando. Até que entrei de vez nessa especialidade, a voz falada e voz cantada, mas o meu ramo é mais a cantada.
Os meus primeiros clientes foram o Thiago e Graciano, mas atendo Munhoz e Mariano, Maiara e Maraísa. Agora, dá pra dizer que 99% das pessoas que atendo são cantores.
E com clientes que vivem viajando, como é sua rotina?
Então, tenho pacientes em Goiânia e estou sempre lá, mas também costumo ir bastante para atender em São Paulo, já cheguei a acompanhar turnês, gravação de DVD. Alguns atendimentos mais urgentes podem até ser feitos a distância, mas costumo acompanhar o paciente.
E qual a diferença no trabalho com a voz de quem faz dela profissão, na música?
A prega vocal não é única, isso é o mais importante de se saber, cada pessoa tem sua característica. Então há maneiras de se tratar para cada pessoa. Quando a pessoa trabalha com a voz contínua, que é o caso do cantor, é preciso se cuidar mais para evitar uma lesão e quadros mais graves, como o câncer de laringe, por conta do fumo, por exemplo. É necessário esse acompanhamento constante.
Quais são as queixas mais comuns desses profissionais?
Trabalho muito com a reabilitação vocal. Geralmente, eles chegam ao consultório com pequenas lesões, especialmente cantores de alta performance. A reabilitação deixa a pessoa com mais confiança no palco, ensina a aquecer a voz da maneira correta, fazer pequenos exercícios para deixar a voz mais projetada.
Pra você, é ‘automático’ identificar se a pessoa possui algum problema vocal, só de ouvi-la falar ou cantar?
Muito, sempre. Dá para perceber pela maneira que a voz sai, se existe chance grande de haver algo errado. Sempre que ouço alguém cantar e suspeito de uma lesão, comento com alguém e acontece algo muito engraçado, a pessoa vem me procurar logo em seguida, para um tratamento.
E em relação à respiração?
Isso também é fundamental. Há muitos cantores, principalmente os de sertanejo, que são bastante prejudicados por não respirarem corretamente. Então, os exercícios que mais trabalho com eles geralmente são relacionados a isso, ajudando a utilizar o diafragma. É um trabalho contínuo, de aperfeiçoamento.
E que dicas simples podem ser dadas para o cuidado diário da voz?
Pra quem canta ou não, se cuidar é fundamental, mas não adianta pensar assim ‘ah, vou acessar o YouTube para procurar um exercício’. Não é por aí, como eu disse, cada um tem características únicas, é preciso procurar um especialista. Seu aquecimento vocal depende do seu tipo de corda vocal.
Comer maçã, por exemplo, ajuda um pouco. Ela não vai curar se há um problema maior, mas vai melhorar a questão da secreção nas cordas vocais, tomar água e muito importante, para o corpo, em geral. Essas dicas valem muito para professores, que falam alto e para muitas pessoas, e também são prejudicados pelo giz, que dá certa irritação nas cordas.
Qual é, no seu entendimento, a importância da voz para o indivíduo?
É sua própria identidade. Por isso, é extremamente importante que se cuide e preserve a voz, não só quem trabalha com ela como principal instrumento. Desde a infância isso é fundamental.
