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18/12/2016 15:00

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Profissão 'petsitter': o dono viaja e os animais são cuidados dentro da própria casa

Profissionais prometem carinho e segurança sem tirar o animal do seu ambiente

Ao perceber a dificuldade de amigos e parentes em deixar seus animais sozinhos em casa ou em hotéis especializados, enquanto viajavam, Ana Clara Rosa Balbe, 34 anos, decidiu se dedicar a uma área relativamente nova em Campo Grande: a de petsitter. Em português, ‘cuidador de animais’. Só que com o detalhe que o trabalho é feito na casa do cliente, ou melhor, do animal. 

Segundo Balbe, os animais são territorialistas e não gostam de ser tirados do seu ambiente. Mesmo longe dos donos, a permanência em casa, e com a supervisão de um profissional, evita acidentes e até a depressão dos bichos. No último dia 4, dois cachorros que estavam em um 'hotel' morreram enforcados pois estavam amarrados um ao outro e sem supervisão do dono do estabelecimento. O caso teve grande repercussão e suscitou a discussão em torno dos cuidados que se deve ter com os animais. 

"Foi uma necessidade pessoal também. Tenho três cães e quatro gatos e quando precisava viajar era uma dificuldade", relata a profissional. "Para deixar em hotel era caro, e eles ficavam presos, além da minha casa desprotegida". 

Assim que lançou o serviço e a clientela aumentou, Ana decidiu trabalhar exclusivamente como petsitter, e hoje contabiliza uma boa carteira de clientes. O serviço é feito em forma de uma ou mais visitas diárias, para alimentar e brincar com o pet e amenizar a saudade dos donos. 

Tudo começa com uma visita dias antes da família viajar. Ali, a petsitter analisa as necessidades do animal, diferenças entre as raças, temperamento e até aspectos estruturais da casa, como buracos em portões para evitar que o animal fuja. O menor valor cobrado por visita é de R$ 40 nos dias de semana e R$ 50 sábados, domingos e feriados. As idas à residência duram de 45 minutos a uma hora. 

Contratado o serviço, o animal terá à disposição um pacote de serviços, que vai da simples coleta de sujeira do animal, reposição de água e ração, brincadeiras, até a administração de remédios em casos de menor complexidade, que não necessitem os cuidados de um médico veterinário. "Mas se for preciso e urgente, nós temos indicações de clínicas veterinárias", completa Ana. 

(A petsitter Ana  dá carinho aos dois mascotes, sem tirá-los de casa: Foto: arquivo pessoal)

As atividades com o animal dependem muito da necessidade dele, mas carinho e atenção são indispensáveis no trato com os mascotes. "Eu penteio, brinco de bolinha. Às vezes o dono diz que o animal não gosta de brincar, mas acabo criando uma sintonia e interação para que eles não sintam a falta dos donos e ele brinca". 

Inspirado em outros profissionais que já atuam na área, a bióloga Marluce da Costa, 24 anos, dá os primeiro passos  na carreira de petsitter. Acostumada  a lidar com bichos, por conta da profissão  e também por ser do serviço de proteção a animais, ela também sentiu a necessidade das pessoas pelo serviço e a oportunidade de aliar renda ao gosto por bichos. "Já tive ratos, tenho coelho, porquinho da Índia'',  relata.

Costa cobra R$  90,00 a diária e vai à casa do cliente conforme ele determinar. Um fato interessante destacado por ela é que determinados cachorros se dão bem com outras pessoas, mas não se relacionam  adequadamente com outros cães, o que pode trazer problemas se ele ficar em um hotel para pets.    

Marluce, além de fornecer água e comida, também aplica medicação, se necessário, e encaminha para uma clínica veterinária se for o caso. O tempo das visitas, segundo ela, depende das necessidades do animal e da vontade do dono. '' Se ele disser para ir dia sim, dia não, também faço. Se disser para vir duas vezes ao dia também faço, é só negociar'', explica.

Durante o breve momento de separação entre dono e animal de estimação, Ana diz que, neste caso, é o dono que sente mais a falta do pet do que o contrário. "É porque o animal está em casa, mais à vontade, isso ameniza a saudade do dono", diz Ana. 

A petsitter lembra que o dono do animal e do imóvel precisa ter uma relação de confiança com o profissional. Afinal de contas a casa dele estará, pelo menos em alguns momentos do dia, nas mãos dele. Ana tem um contrato que não pode se responsabilizar pelo imóvel, somente pelo animal e no momento da visita. "Mas tenho os meus cuidados, recolho o jornal, correspondências, apago a luz e ativo o alarme’’, explica.

Ana diz que a relação entre o cliente e o profissional tem de estar bem estabelecida. "É preciso que o profissional tenha uma empresa bem conceituada, com referências, porque a atividade demanda confiança", explicou. Ela destaca que possui um curso que a habilita para a atividade, onde aprendeu até técnicas de primeiro socorros para os pets. 

Entre as histórias vividas nos três anos que atua nessa área, ela lembra de uma cliente que possui quatro gatos em casa, porém alimenta outros felinos na rua. "Até construiu uma casinha onde dá ração e água para eles, e quando me contrata também cuido dos gatos da rua", contou. 

Mas uma das partes mais relevantes do trabalho de Ana, segundo ela, é quando envia fotos e vídeos do animal para os donos que estão longe. Isso dá uma sensação de alívio para eles e faz com que eles aproveitem melhor a viagem, sem preocupações com o bicho de estimação. Em um dos vídeos feitos durante uma de suas visitas, Ana Clara diz aos donos da Lolinha e do Bob que "a titia chegou, tava com saudade...'tamo' com muita saudade né Lolinha, né Bob? 'Tamo' com muita saudade de vocês...".

Até o momento, o negócio está sendo bom para Ana, que relata ser bastante solicitada, principalmente no período de final de ano. "Estou com nove casas para atuar". Neste período, diz ela, não dá pra ser muito flexível nos horários por conta da grande demanda. A cobrança é feita com base na distância de onde fica a residência, tendo como ponto de referência a região do Shopping Campo Grande. Porém ela lembra que muitas coisas são negociáveis e que, até quatro animais, o valor cobrado é o mesmo. 

Segundo as duas profissionais ouvidas, não deve haver mais que dez pessoas fazendo esse tipo de serviço na Capital. 

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