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13/10/2017 13:30

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Com 98 mil idosos, Campo Grande está despreparada para atender a 'melhor idade'

Odontogeriatra e vereadora falaram sobre a deficiência do setor público para atender os idosos

Com 98 mil idosos, Campo Grande ainda está defasada no que se refere ao cuidado com essa população. A constatação é do odontogeriatra, Marco Polo Siebra, e da presidente da Comissão do Idoso da Câmara Municipal, vereadora enfermeira Cida (Podemos). Nessa entrevista, os profissionais apontam os caminhos para que o poder público ofereça atendimento digno e de qualidade aos idosos na cidade.

''Primeiro, é necessario fazer um diagnóstico preciso do número de idosos na cidade e da estrutura de atendimento que é oferecida'', diz Siebra.

Depois, segundo o profissional, a Capital precisaria urgentemente de um centro de referência, que ofereça atendimento multidisciplinar, com geriatra, fonoaudiólogos, entre outros.

A vereadora segue o mesmo entendimento do odontogeriatra, já que recebeu estudo do Conselho Regional de Economia, que mostrou que o custo mensal adequado com um idoso gira em torno de R$ 4,9 mil. No entanto, a prefeitura paga somente R$ 1,9 mil por pessoa tratada.  

''Hoje não há um hospital geriátrico na cidade. Quando o idoso vai ao posto nem sempre recebe o atendimento que merece, pela estrutura e pela complexidade dos idosos'', revela. 

(Enfermeira Cida cobra profissionais especializados na Câmara)

Além disso, 'só existem seis geriatras em Campo Grande e não tem odontologista específico', complementa a parlamentar, que representa também a enfermagem na Câmara Municipal.

O odontogeriatra destaca a necessidade urgente de contratação de profissionais especializados na interação e integração entre os órgãos que oferecem assistência ao idosos, como as secretarias de saúde e de assistência social.

''As pessoas que atuam nas políticas públicas não têm formação em gerontologia (ciência multidisciplinar que estuda o envelhecimento saudável). Não existe gerontólogo na SAS nem na Sesau'', enfatiza Marco Polo. Ele acrescenta que, desde 2005, o idoso já não deveria ser mais atendido pelo sistema básico e sim especializado.

Cida, que preside a Comissão Permanente de Assistência Social e do Idoso, destaca que essa parte da população cresce, e cresce rápido. Apesar disso, são apenas 409 leitos em asilos e organizações não governamentais para a rede pública.

(Marco Polo vê necessidade de gerontólogos na saúde pública - Foto: Reprodução)

Marco Polo Siebra é ferrenho crítico das administrações municipais, já que o valor investido no cuidado com o idoso é mínimo. Ele deu exemplo da Pestalozzi, em Campo Grande, onde um fisioterapeuta recebe R$ 6,35 para atender oito pacientes por 45 minutos.

''Quer dizer, isso não é investimento. Isso é só fachada'', desabafou o profissional.

 Alerta

O odontogeriatra Marco Polo Siebra, que também é presidente da Associação Brasileira de Alzheimer em Mato Grosso do Sul, alerta que o Brasil é um dos poucos países do mundo que ainda não tem um levantamento sobre a quantidade de idosos que sofrem com demência. Ele diz que esta será uma das doenças que mais vai acometer a população e o gasto com ela está na casa dos 'trilhões' de dólares.

Cultura

Cida diz que é preciso criar uma cultura para cuidar dos idosos e, principalmente, se preparar para quando ela chegar. Na visão dela, as pessoas ainda não tem capacidade de cuidar de um idoso.

A vereadora diz que  a população, não só de Campo Grande, mas do país, não se preparou para isso lidar adequadamente com pessoas da terceira idade.  

''Temos idosos com grau de dependência 1, 2 e 3. O grau 3 são aqueles acamados e precisam totalmente de outra pessoa para manter a vida. E muitas vezes, quem cuida dele também está idoso e precisa ser cuidado'', observou a vereadora.

''As residências hoje são menores. Os idosos dessa geração tiveram menos filhos para cuidar deles. As portas das casas, as escadas não estão adaptadas para receber um idoso com maior dificuldade'', analisou a vereadora.

Prefeitura

A prefeitura informou que as políticas públicas desenvolvidas para idosos são realizadas por meio da Secretaria Municipal de Assistência Social. São oferecidos serviços de convivência e fortalecimentos de vínculos nos Centros de Convivências para Idosos, ofertados pela Proteção Social Básica. 

Questionada sobre quais medidas necessárias para promover assistência e saúde ideais para o idoso, a administração disse que é preciso instituir o trabalho de intersetorialidade das políticas públicas como saúde, habitação, educação, esporte, lazer e cultura.

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