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Do lixo ao luxo: madeira de demolição vira móveis e arte nas mãos de moradora do Jockey Club

Há peças dos mais variados tipos, sendo que uma delas foi vendida por R$ 12 mil

30 outubro 2017 - 15h32Por Thiago de Souza

Um simples banquinho, feito sem nenhuma pretensão a partir de um pedaço de madeira de demolição, mudou a vida da dona de casa Celi Félix, 48, em Campo Grande. Hoje, pequena empresária, ela recolhe portas velhas e até toras que eram postes de luz, imprime sua ideia de mobiliário e fatura vendendo dentro da própria casa, no Jockey Club.

Como não podia trabalhar fora por conta de uma filha pequena, Celi precisou adaptar sua casa para  expor os móveis que produzia.

O primeiro banquinho foi visto por uma amiga e comprado. Foram pedidos a ela mais dois e depois mais 18. As vendas criaram um círculo de amizades. Ela se lembra bem de um rack produzido todo em mosaico, que ela mesma lixou, lustrou e pintou.

‘’Vendi o rack para uma massoterapeuta. Ela veio aqui, e tirou fotos tocando um berrante. Uma coisa bem rústica, sabe’’, destaca.

Parte dos cerca de 300 móveis que vendeu em dois anos e meio de atuação, é feita sob encomenda, onde é preciso dar o toque que a cliente quer, revela a empresária.

‘’Tem cliente que quer uma coisa mais rústica e pede: 'deixe o buraco dos pregos na madeira'. Já outras, conta Celi, gostam de marcas de tinta, que precisam ser preservadas.

‘’Não tira a tinta não Celi, se não você tira a história da madeira’’, lembra.

(Rack em mosaico ganhou destaque e foi vendido - Foto: Divulgação)

Felix se diverte ao lembrar como consegue as madeiras encontradas cidade a fora.

''Vasculho construções por toda a cidade a procura de demolição. Até em caçamba já entrei. Se estou de salto, tiro o sapato e entro, não tem tempo ruim. Achei uma madeira nobre e pedi para o dono. Disse que aquilo viraria móveis caros, e ele disse: 'então vem aqui que eu vou te dar mais'. Não é que veio uma carreta?'', gargalhou.  

(Madeira velha usada para confeccionar móveis finos)

O sucesso desse negócio não veio sozinho. Celi conta com a ajuda de um parceiro, chamado Baltazar. Ela o ajudou, inclusive conseguiu um espaço para que ele morasse e produzisse os materiais. É ele  que corta a madeira e vai dando a forma aos moveis, conforme orientação da parceira. No entanto, ela diz pegar no pesado também, lixando e envernizando os materiais.

Os móveis produzidos são os mais variados e enchem os olhos de quem conhece a varanda da empresária. São armarinhos, cristaleiras, decks, bancos e principalmente mesas, todas com muitos detalhes natos e outros impressos por ela. A decoração do espaço também ganha vida com outros elementos, como flores, gamelas e peças de arte feitas com ferro.

Celi destaca as vantagens de trabalhar com madeira de demolição.

‘’Primeiro é a resistência. Ela pode ficar na chuva que não estraga. Além disso, quanto mais envelhecida a madeira, mais nobre ela é.Tanto, que há peças que foram vendidas a R$ 12 mil, outras a R$ 7 e seis mil reais, observa a mulher.

Além das amizades e de poder ganhar a vida com seu próprio negócio, Celi enfatiza que seu maior prazer é aproveitar o que estava descartado.

‘’A madeira chega com um aspecto de construção, em um estado terrível. Aí vou dando vida, um novo contorno'', acrescenta.

As vendas já renderam frutos. Há 17 dias, Celi deixou de alugar uma casa que tem no Guanandi II e a transformou em um espaço de festas kids. A decoração do local, claro, é feita de móveis produzidos por ela.

A empresária conta que a rua onde mora é muito parada, por isso se esforça para vender o que faz pela internet, principalmente no Facebook.   

Agora, Celi Felix quer realizar um sonho de infância. Está construindo uma casa na árvore da varanda dela com madeira nobre. Ela promete, que assim que terminar a casa, vai convidar todos que a ajudaram pela intenert, e que ainda nem conhece, para uma festa de confraternização. Estaremos lá!