No dia a dia pesado, onde as responsabilidades atropelam o ritmo necessário para se perceber as simplicidades da vida, um bom dia efusivo, vindo de um completo desconhecido, pode parecer até estranho. É que em tempos de individualidade elevada em níveis cada vez maiores, não estamos acostumados com a receptividade do outro, sem nada em troca.

Por isso, pequenas atitudes como as relatadas por alguns campo-grandenses nesta matéria restauram esperança na possibilidade de que, para um dia cinza ter um tom completamente diferente, basta reconhecer a boa intenção alheia que sim, está por aí. E pode vir até você em um dia normal dentro de um ônibus quente.

A linha do transporte circular era a 518, sentido Centro-bairro, por volta de 12h30, em um dia comum em Campo Grande. A publicitária Mariana Alcântara, 28 anos, estava saindo de um shopping a caminho de casa, e relata uma situação simples, mas inusitada, que aconteceu enquanto estava no terminal Hercules Maymone.

Ela entrou no ônibus, sentou no assento que estava vago e, antes do motorista dar início à viagem, ouviu sua voz ao fundo. “Ele cumprimentou todos que estavam ali, desejou um bom dia e um bom percurso para todos, de um jeito muito educado. No começo não entendi, mas era só gentileza mesmo. Acredito que essas atitudes mudam o dia, a gente não espera, sabe? Aí dá um ar de esperança pra vida”, conta.

Também em uma publicação em uma rede social, a arquiteta Paula Magalhães contou sobre um episódio que viveu com Paulo, o pintor que se ofereceu para pintar sua casa quando soube que ela estava precisando com urgência. Para agradecer, Paula decidiu contar outras boas ações dele e, assim, ajuda-lo com a clientela.

“[...] Uma pessoa super especial. Ele faz trabalhos voluntários na igreja, ajuda as pessoas que precisam mais que ele, faz campanhas de doação de sangue e arrecada alimentos e roupas pra doar. A mulher dele tem um monte de bichinho que resgata na rua e por mais que eles não tenham muita condição financeira, fazem doação pro Médicos sem Fronteira todo mês. Então se você precisar de um pintor, se souber de alguém que precisa, lembre-se dele. Além de muito agradecido que ele vai ficar, eu tenho certeza que será a melhor pintura que você vai ter!”, dizia na publicação, que teve quase 100 compartilhamentos.

Os clientes surgiram aos montes após o relato, conta Paula. “Com dinheiro, infelizmente eu não poderia ajudar o Paulo, se eu pudesse, dava um jeito de arrumar a casinha dele, ajudava ele a ter uma vida melhor, então eu fiquei muito feliz de saber que de alguma forma eu pude ajudá-lo e ele, como sempre foi, está muito grato por isso”, diz.

Em época natalina, boas ações parecem inspirar as pessoas. Foi o que aconteceu com o publicitário curitibano recém-chegado em Campo Grande, Roberto Pezzi, enquanto ele estava terminando um trabalho, às vésperas do Natal.

“Iria passar o dia sozinho, cogitando virar a noite trabalhando, com uma pizza velha para fingir de ceia. A poucos minutos da meia noite, ouço a campainha, abro a porta e dou de cara com meus vizinhos me convidando para passar a noite com eles. Me emocionei, só quem tem família longe sabe como é complicada essa data, foi inesperado e restaurou minha alegria de fim de ano”, conta. Quem sabe, a próxima pessoa a colocar o sorriso no rosto de outra, com uma simples atitude, pode ser você?