A+ A-

quinta, 25 de abril de 2024

Busca

quinta, 25 de abril de 2024

Link WhatsApp

Entre em nosso grupo

2

WhatsApp Top Mídia News
Geral

há 6 anos

A+ A-

ACICG mobiliza deputados para manter veto à Lei que pode quebrar o comércio de MS

‘Lei da Inadimplência’ propõe que devedores assinem aviso de recebimento (AR) antes de serem negativados; cobrança via cartório pode dobrar valor da dívida

A Associação Comercial e Industrial de Campo Grande (ACICG), há semanas vem mobilizando deputados estaduais em defesa da população de Mato Grosso do Sul, para que seja mantido o veto do governador Reinaldo Azambuja (PSDB) ao Projeto de Lei (PL) 133/2017, de autoria do deputado Beto Pereira (PSDB), pela regulamentação do sistema de inclusão e exclusão dos nomes dos consumidores nos cadastros de proteção ao crédito no Estado. Na próxima terça-feira (26), às 9h, empresários retornarão à Assembleia Legislativa para explicar novamente aos deputados, durante uma sessão, como o PL pode quebrar a economia do Estado e prejudicar toda a população.
 
De acordo com a proposta, a introdução do nome dos consumidores em cadastros ou bancos de dados de serviços de proteção ao crédito como o SCPC, só poderá ser feita mediante autorização do inadimplente, devendo ser previamente comunicada por escrito e comprovada sua entrega por meio do aviso de recebimento (AR). Será concedido o prazo mínimo de 15 dias para quitação do débito ou apresentação de comprovante de pagamento, antes da negativação do nome. O prazo atual é de 10 dias, o consumidor é comunicado por escrito, mas a negativação não depende de assinatura em AR.
 
Na última terça-feira (19), a ACICG recebeu os deputados Mara Caseiro (PSDB), Paulo Siufi (PMDB), Herculano Borges (SD) e o presidente da Assembleia Legislativa, Junior Mocchi (PMDB) que, interessados em entender como de fato vai funcionar a Lei, se comprometeram em votar a favor a população e manter o veto ao projeto que provavelmente será votado na próxima semana.
 
Em razão do interesse da população e em benefício da economia do Estado, durante a mobilização dos empresários, os deputados Coronel David (PSC), Renato Câmara (PMDB), Maurício Picarelli (PSDB), George Takimoto (PDT), Onevam de Matos (PSDB), Lídio Lopes (PEN), Márcio Fernandes (PMDB), Zé Teixeira – (DEM), Pedro Kemp (PT), Cabo Almi (PT) e Amarildo Cruz (PT) também afirmaram que votarão por manter o veto.
 
O presidente da ACICG João Carlos Polidoro explica que, se aprovada, a lei dificultará a eficácia dos métodos de cobrança utilizados atualmente para um patamar de 10%. “Nós sabemos que dificilmente o devedor será encontrado para assinar o aviso de recebimento, e se for encontrado ele pode se recusar a assinar impedindo a negativação”, argumenta.
 
A estratégia também vai encarecer o processo de negativação, e causar constrangimentos aos consumidores inadimplentes, pois a única alternativa ao sistema imposto pela lei será o protesto via cartório. “A nova sistemática vai burocratizar o processo, pois, caso seja frustrada a entrega do AR, não restará aos credores outra alternativa senão protestar as dívidas em cartório. Assim, além de incluir o nome do devedor em atraso no cadastro de inadimplentes, haverá a publicação do protesto com o nome dele em jornais, podendo gerar uma série de constrangimentos”, explica Polidoro.
 
Atualmente, para dar baixa em uma dívida de até R$50,00 no cartório, a pessoa inadimplente deve pagar, além da dívida com juros e multa, mais R$54,37 de taxa, ou seja, para regularizar seu nome, o consumidor gastará mais que o dobro da sua dívida inicial. Dessa forma, a reversão deste processo, hoje gratuita e automática passará a depender também do cancelamento do protesto em cartório, implicando em custos, burocracia, tempo e despesas de locomoção para o consumidor.
 
O aumento da inadimplência é outra grande preocupação a partir da aprovação da lei. O primeiro-secretário da ACICG Roberto Oshiro alerta para mais problemas. “Em termos práticos, um número menor de devedores será incluído nos cadastros de inadimplemento e a inclusão demorará um tempo muito maior para ser efetivada, comprometendo a confiabilidade das bases de dados. Como consequência, as instituições financeiras tenderão a ser mais conservadoras na concessão de crédito, elevando as exigências dos seus clientes potenciais. Esta redução na oferta de crédito deve afetar, sobretudo, aos consumidores de renda mais baixa”, contribui.
 
A comunicação por AR custa quase seis vezes mais do que a comunicação via carta simples (R$ 1,30 contra R$ 7,70). Este custo, porém, não é o mais importante e sim o fato de que a medida irá tornar os cadastros menos confiáveis e efetivos, já que as dificuldades para a entrega da comunicação vão atrasar ou impedir a inclusão dos devedores nos cadastros de inadimplentes. Desta forma se aprovada, a lei beneficiará somente os maus pagadores, e os cartórios que receberão as taxas para regularizar os nomes dos inadimplentes.
 
No dia 29 de junho o deputado Beto Pereira se reuniu com representantes do Instituto de Estudos de Protesto de Títulos do Brasil (IEPTB-MS) e da Associação dos Notários e Registradores (Anoreg) para "discutir assuntos de interesse da classe", e no dia 6 de julho o Projeto de Lei da obrigatoriedade do AR foi apresentado na Assembleia Legislativa. "O Projeto foi votado pelos deputados em regime de urgência e enviado ao governador, antes que os empresários e toda população tivessem a oportunidade de analisar. É inadmissível que deputados legislem em causa própria, focando os interesses de apenas um setor da sociedade, e ainda que prejudique a população que já sofre tanto com as altas taxas dos cartórios de MS, que não por acaso são as maiores do País", afirma Oshiro.

Loading

Carregando Comentários...

Veja também

Ver Mais notícias
GOVERNO MS DENGUE ABRIL 2024