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Mulher de Montagner lembra dor da notícia e fala de reconstrução

Ator morreu afogado nas águas do Rio São Francisco, em Sergipe

29 março 2017 - 12h17Por Globo

Atriz e artista circense curitibana Luciana Lima, 43, estava em casa, em Embu das Artes, na Grande São Paulo, no momento em que recebeu o telefonema que confirmava a morte do marido, o ator Domingos Montagner. A portadora da notícia foi Mônica Albuquerque, diretora de produção da TV Globo. Eram 18h de quinta-feira, 15 de setembro do ano passado, e desde as 15h Montagner era procurado por helicópteros e equipes de resgate. Ele havia desaparecido nas águas do Rio São Francisco, em Sergipe, onde gravava as cenas finais de Velho Chico, novela da qual era protagonista. Ao saber da morte, rodeada de amigos, Luciana reuniu os filhos do casal – Leo, 13, Antonio, 10, e Dante, 6 – e repassou-lhes a trágica notícia.

Seis meses depois do acidente, ela recebeu Marie Claire para sua primeira entrevista, em que fala sobre os momentos de dor e também sobre a reconstrução da vida. Entre os projetos que trazem significado a seus dias, estão as comemorações dos 20 anos da La Mínina, companhia de teatro na qual trabalha como produtora, fundada por Montagnere por Fernando Sampaio, “o outro casamento de Domingos”, como ela mesma brinca. O nome vem dessa união: se um ator só não faz uma trupe, no mínimo há de haver dois.

Fundada em São Paulo no ano de 1997, ainda sem o nome La Mínima, a companhia montou diversos espetáculos que conjugam técnicas do circo e do teatro, como À La Carte (2001, roteiro de Paulo Rogério Lopes), Luna Parke (2002, texto de Montagner e Chacovachi) e A Noite dos Palhaços Mudos (concepção da La Mínima com Alvaro Assad, 2008).

A celebração das duas décadas inclui uma mostra de repertório, com seis espetáculos criados e exibidos ao longo desses anos, sendo três deles de rua. Também traz a público a inédita adaptação da ópera Pagliacci, de Ruggero Leoncavallo, assinada pelo dramaturgo Luís Alberto de Abreu e com direção de Chico Pelúcio, do grupo mineiro Galpão. O projeto contempla ainda uma exposição com vídeos e objetos de cena e segue até junho em unidades do Sesi em cidades paulistas. Seu conteúdo começou a ser concebido em 2015, com a participação de Montagner. “Queremos comemorar [os 20 anos] apresentando espetáculos que percorreram muita estrada, realizando uma exposição com objetos que andaram conosco”, escreveu o ator ao idealizar o projeto, em um texto que foi agora recuperado para poder ser incorporado ao material de divulgação da mostra.

Nesta entrevista, Lucianatambém revela pequenos detalhes sobre a personalidade do marido. Tinha perfil metódico e detalhista. Não guardava, por exemplo, objetos quebrados ou remendados. Gostava de acordar cedo e ter um tempo só para si. Agenor, palhaço que interpretava na La Mínima desde 1997, não era de sorrir, fazia mais o tipo sisudo, contraponto com o festivo Padoca, que Fernando encarnava. Conta ainda que os atores Fernando Paz e Filipe Bregantim substituem Montagner em papéis originalmente interpretados por ele, nas peças concebidas durante toda a trajetória do grupo.