Na Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, uma campanha artística idealizada pelo Coletivo Feminino da UFGD e UEMS acabou danificada por manifestantes contrários às ideias apresentadas nas peças em Dourados.
A campanha falava de assédio, Outubro Rosa e combate à violência, porém, em menos de 24h, segundo Bi Miura, 26, artista responsável por uma das obras, o painel de “lambe-lambe” já havia sido todo marcado com ditos “17”, “Bolsonaro”, ilustrações obscenas e até uma suástica, símbolo utilizado para referenciar adeptos ao nazismo de Adolf Hitler.
“Nessa semana, algumas meninas que fariam uma intervenção de lambe-lambe dentro da universidade pública de Dourados vieram me pedir autorização para usar alguns desenhos. É claro, eu disse. Em menos de 24h, a intervenção sofreu uma nova intervenção. Eu realmente espero que quem tenha feito isso, não imagine a importância desse desenho na minha vida, na vida de minha mãe e de tantas outras mulheres brasileiras”, afirmou Bi Miura em seu perfil no Facebook.
O desenho ao qual a jovem se refere teve uma repercussão nacional ao ser compartilhado no perfil no Instagram da revista Marie Claire BR. Ele foi criado após a mãe de Bi Miura ser diagnosticada com câncer de mama. A peça retrata uma mulher submetida à cirurgia para retirada da mama com a frase: “Bonita é a mulher que luta. Formosura”.
A artista lamentou o fato e disse esperar que “quem tenha feito isso, não conheça realmente o que a suástica representa, e seu peso histórico. Eu realmente espero que quem tenha feito isso, tenha feito em tom de brincadeira, mesmo sendo de extremo mau gosto”.
O painel de “lambe-lambe”, como é chamada a exposição artística, fazia parte de uma campanha contra o assédio nas universidades. Ele foi instalado às 8h do dia 17 em um tapume de obras presente no pátio da UEMS.
“Eu acho que respeito às opiniões é o mínimo que esperamos em uma sociedade. Qualquer incitação à violência deve ser repudiado”, disse a artista. Ela também contou que o caso será levado ao Ministério Público Federal.
UEMS
Na manhã desta sexta-feira (19) a assessoria de comunicação da UEMS afirmou que logo após a manifestação sobre as peças, alunos da universidade inseriram novas obras sobre as marcas deixadas.
Em nota, a universidade afirmou “posicionamento contra quaisquer manifestações de
desrespeito, violência e intolerância em suas dependências, tanto na
cidade de Dourados, onde está localizada a sede, quanto em suas outras
14 Unidades Universitárias”.
Além disso, a UEMS ressaltou também a importância do ensino superior na formação de uma sociedade inclusiva. Considerando o atual cenário nacional, “a UEMS reafirma o seu posicionamento em prol da ética, da moralidade, da diversidade, da pluralidade de pensamento, dos direitos humanos e, principalmente, da democracia”.