Através de um convênio de mobilidade acadêmica, a Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (Uems) possui um projeto que aproxima os alunos brasileiros de alunos estrangeiros enquanto forma de internacionalização. O Telecollaboration Project é desenvolvido há quatro anos e já teve três turmas de participantes da Uems de Campo Grande e da Glendon College, York University, do Canadá.
Telecollaboration Project envolve alunos com nível intermediário ou avançado em Língua Inglesa, que são futuros professores do inglês. A colaboração ocorre com a discussão de textos sobre educação, que são debatidos em língua inglesa, entre os participantes em duplas. O objetivo é que os alunos colaborem entre si, sobre a sua formação didática e sua percepção como professores de inglês, como língua transnacional, entre outros aspectos.
Para o professor Ian Martin, coordenador do projeto no Canadá, o Telecollaboration Project é uma oportunidade de conversar com outro futuro professor e descobrir as semelhanças e as diferenças entre Brasil e Canadá. “O resultado é que os alunos canadenses começam a ampliar os seus horizontes sobre a importância do inglês no Brasil. Percebem que apesar das diferenças nos sistemas educacionais, há muito em comum, como futuros professores do inglês”, comenta.
Ele ainda conta que o projeto é tão interessante que os encontros acabam durando mais que o combinado. “Os canadenses apreciam muito seus bate-papos com seus parceiros brasileiros. Segundo a “regra”, as conversações devem durar uma hora, mais muitas duram mais de duas ou até três horas. Eles têm tantas coisas para falar”, afirma.
É o caso do Gabriel Magalhães e sua parceira Mary Schimtz. Gabriel é aluno do 2º ano de Letras da Uems/CG e iniciou o Telecollaboration Project neste semestre. Ele conversa com Mary e conta que, por vezes, os encontros duram mais que duas horas. “Nossas conversas não são só sobre o livro que devemos discutir. Além das discussões sobre educação e ensino de Língua Inglesa, falamos sobre outras coisas do Brasil, que ela quer saber. Músicas filmes, coisas da nossa cultura”, conta o acadêmico.
Mary Schimtz relata que a experiência tem sido esclarecedora, principalmente, por conhecer as experiências culturais e a visão de um aluno/professor do Brasil. “Nossas diferenças educacionais e semelhanças resultaram em muitas conversas excelentes, embora muitas vezes saiamos do tópico e conversamos sobre política, esportes e até mesmo YouTube”, conta a canadense, que estuda psicologia e participa do programa de formação de professores de Língua Inglesa na York University.
Mobilidade como prática local
Para o assessor de Relações Internacional e Mobilidade Acadêmica da Urms, professor Ruberval Maciel, esse tipo de projeto aproxima os estudantes da Uems de práticas o ensino de Línguas em outros contextos. “A mobilidade como prática local é justamente essa aproximação entre os alunos. Eles conversam em inglês como estímulo à fluência da língua e conhecem outros contextos, outras realidades do ensino de Língua Inglesa”, explica o coordenador do Telecollaboration Project na Universidade.
Ian Martin acredita que o projeto ajuda aos alunos brasileiros quanto à conversação. “Tudo começa com uma conversação. E o nosso projeto é uma ponte importante entre canadenses do Toronto e sul-mato-grossenses. Já formaram dúzias de amizades entre os nossos alunos e, no próximo ano, uma aluna minha vai passar três semanas em Campo Grande, como parte da sua prática docente. Mais uma prova que a relação entre Glendon e Uems é forte e profunda”, comenta Ian Martin.
A aluna que virá ao Brasil é Mary Mary Schimtz, parceria do Gabriel. Ela vem à Uems/CG para observar e dar aulas de inglês, e participará de uma oficina sobre aspectos da cultura canadense. Para ela será importante conhecer outras realidade do Ensino de Língua Inglesa e para os alunos da Universidade será uma oportunidade de conhecer a cultura canadense. “Este projeto permite aos futuros professores aqui no Canadá, assim como no Brasil, uma nova perspectiva sobre como outros profissionais do campo se aproximam da emocionante tarefa de ensino. Vindo de origens tão diversas, é reconfortante saber que outros professores experimentam alguns dos mesmos dilemas em uma turma de idiomas como segunda língua. Projetos como este são muito importantes para promover a colaboração no campo do ensino, o qual inevitavelmente leva a uma maior diversidade de ideias e, logo, a uma profissão mais vital e vibrante”, explica Mary.
Pesquisa de Mestrado
O Telecollaboration Project está sendo acompanhado por uma aluna do mestrado acadêmico em Letras, da Uems/ CG. A professora Carla Corsini vai pesquisar os aspectos da internacionalização como prática local, da transculturalidade e tudo que emerge durante as conversas entre os participantes do projeto.
Segundo Carla, que também participa em parceria com a canadense Besarta Hoxha, as interações têm sido maravilhosas e enriquecedoras. “Nós duas somos curiosas sobre tudo que diz respeito à sala de aula, e como ela ainda não deu aulas de inglês, e eu tenho experiência, ela me pergunta inúmeras coisas, tanto sobre técnicas e métodos, quanto sobre o ensino da Língua Inglesa no Brasil, e assim, ainda que sejam poucos encontros, sinto que contribuo um pouco com sua formação”, conta Carla Corsini.
