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Interior

há 6 anos

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Professor indígena de MS vai concorrer a prêmio nacional sobre diversidade cultural

Trabalho foi uma quadrilha de festa junina que promoveu entre os alunos

O professor Duadino Martines,30, está entre os sete selecionados em Mato Grosso do Sul para concorrer à 5ª edição do Prêmio Culturas Populares - Leandro Gomes de Barros - promovido pelo Ministério da Cultura. A premiação acontece por meio da SCDC (Secretaria de Cidadania e da Diversidade Cultural).

O projeto visa premiar 500 iniciativas que retomem práticas de cultura popular em processo de esquecimento e que difundam as expressões populares no país. O edital do prêmio alcançou o maior número de inscrições em seleções públicas lançadas pela SCDC, ao todo, foram 2862 iniciativas de todo o país, das quais, 2161 foram selecionadas, entre elas, a do professor Duadino.

Conforme o Amambai Notícias, ele, que é professor de biologia nas escolas Mbo’eroy Guarani Kaiowá municipal e estadual e coordenador do projeto Pai Kuar’a Rendy, inscreveu o grupo de quadrilha da escola municipal, que todos os anos, nos períodos de festas juninas, se apresentam na cidade.

"Quando soube que o projeto premiaria ações de culturas populares logo pensei na dança de quadrilha, que fazemos todos os anos, já que não poderia ser dança indígena (...) então fui recolhendo fotos, páginas de jornais eletrônico e impresso para encaminhar e comprovar a ação, mas eu não imaginava que seria um dos habilitados (...) realmente foi uma grande surpresa para mim, fiquei até emocionado quando soube", lembrou Duadino. O professor soube que foi um dos habilitados para o prêmio através da reportagem do Amambai Notícias.

(Dualdino - chapéu - recebe prêmio pela quadrilha junina - Foto: Amambai Notícias)

O projeto de quadrilha começou no ano de 2015, quando foi criado pela Secretaria Municipal de Desporto e Cultura, um concurso de quadrilhas, no qual, o grupo do professor Duadino sagrou-se campeão.

"Quando eu soube do concurso em 2015, logo comecei a pesquisar, porque para mim, quadrilha tem que ter um tema, então depois de escolhido, fui montando as músicas, os passos, tudo (...) E os alunos embarcam nessa comigo, porque nós, por sermos indígenas, sempre que vamos nos apresentar na cidade, procuramos dar ainda mais o nosso sangue, porque infelizmente as pessoas ainda nos olham diferente (...) mas eu creio que este reconhecimento, essa valorização por parte do Prêmio Culturas Populares, vêm para romper esses preconceitos", ressaltou Duadino.

O grupo é formado por cerca de 40 alunos de todas as idades, que semanalmente se encontram para ensaiar dentro do projeto Pai Kuar’a Rendy e nos dois meses que antecedem a apresentação da quadrilha, focam nos passos da dança típica nordestina.
Estrutura

Segundo Duadino, os alunos ensaiam na própria escola, que cedeu o espaço, por isso, se chegar a ganhar o prêmio de R$ 10 mil, o valor será investido na compra dos próprios materiais, como caixas de som, por exemplo.

"Eu não fiz esse projeto sozinho, nada seria possível sem os alunos, por isso, se ganharmos, o prêmio será investido unicamente neles, na melhoria da estrutura para que eles possam ensaiar em um ambiente ainda melhor", disse o professor.

Prêmio

Das 500 premiações, 200 serão destinadas a pessoas físicas – na qual o professor Duadino se inscreveu - outras 200 a coletivos culturais sem constituição jurídica, 80 a pessoas jurídicas sem fins lucrativos e com natureza ou finalidade cultural e 20 a herdeiros de mestres já falecidos, em homenagem à dedicação do trabalho voltado aos saberes e fazeres populares e às expressões culturais, com reconhecimento da comunidade onde viveram e atuaram.

Para o docente, estar entre os habilitados e assim, levar nome de Amambai, principalmente, da Aldeia Amambai, para fora dos limites fronteiriços de MS, é motivo de orgulho e realização profissional.

"Quando soube que fora um dos habilitados fiquei muito emocionado e hoje me passa um filme na cabeça, porque o objetivo sempre foi esse: promover essa questão da valorização da cultura para o aluno, então esse reconhecimento público, me faz ter o sentimento de dever cumprido (...) confesso inclusive, que isso renovou as minhas forças, porque a gente também cansa, sabe? Então isso veio no momento certo, porque eu como amambaiense, levar o nome da minha cidade, da minha escola, da minha aldeia pra fora, é um prazer imenso", finalizou o professor, com os olhos marejados.

 

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