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Na Lata

15/11/2017 14:00

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Na Lata Análise: modus operandi de Puccinelli mostra passionalidade pelo poder

Toda a trajetória revelada pela Polícia Federal mostra sinais de uma verdadeira passionalidade pelo crime em si

André Puccinelli, 69 anos, médico, especialista em cirurgia geral. Secretário estadual de Saúde, deputado estadual por dois mandatos, deputado federal, prefeito de Campo Grande e governador de Mato Grosso do Sul, ambos por dois mandatos. Carreira política invejável de quem dormiu em uma melancólica cela dentro do Centro de Triagem, nome bonito para um anexo da Penitenciária de Segurança Máxima de Campo Grande, onde os presos ficam por curto período até serem designados para um local fixo de detenção.

O italiano, apelido do nome mais forte do PMDB sul-mato-grossense, dividia a cela com outros 18 detentos, entre eles o próprio filho, André Puccinelli Junior, preso com ele nesta terça-feira (15) durante a quinta fase da operação Lama Asfáltica, desencadeada pela Polícia Federal. Deve estar se lamentando, afinal, não são 15 presos, o que poderia reverter sua sorte, já que o quinze sempre foi seu número cabalístico. “Aposto 15 cervejas que não saio a nada neste ano”, falava nos corredores em 2014, quando ainda era governador e resistia à ideia de ser candidato ao Senado. Pelo menos foi no dia  15 que ele foi solto... 

Toda a trajetória revelada pela Polícia Federal mostra sinais de uma verdadeira passionalidade pelo crime em si, e não pelo fim. Longe de defender o que não pode ser defendido. Porém, as quantias vultosas supostamente recebidas em forma de propina não se revertiam em ganhos imediatos na vida do italiano.  Muito diferente de outro de seus pupilos: o agora ex-presidiário Edson Giroto.

Enquanto Giroto construía uma casa faraônica no Dahma, o famoso condomínio de luxo campo-grandense, Puccinelli seguia no mesmo apartamento, onde vive há décadas. Giroto tinha apartamento na beira da praia, enquanto o chefe faz curtas viagens com os netos, normalmente uma vez ao ano ao Nordeste.  Enquanto o ex-secretário de Obras fazia fortuna em terrenos, Puccinelli vez ou outra pedia licença oficial para visitar a Itália.

Claro, mas existem os laranjas. O mais famoso dele, Mauro Cavalli, que seria dono de     diversas propriedades como ‘representante não oficial’ de Puccinelli.  Que as propriedades geram lucros exorbitantes, isso não há dúvida. Mas qual motivo de se ter altas quantias e não usá-las de modo pleno, como no caso de Giroto?

Talvez o caso de André Puccinelli revele um algo mais. Uma passionalidade pelo crime. O crime não pelo fim, mas pelo meio.  Quando o poder sobrepõe-se ao dinheiro e torna-se o motivo final de satisfação do ser. 

Entre os anos 70 e 80, o FBI (Polícia Federal americana) começou a abrir linhas de investigações específicas para a criminalidade ‘comum’. Foi nesta época que começou a se identificar crimes por motivos não práticos (roubos, traições...) e sim por psicopatias, que culminariam nas investigações de serial killers. Foi uma mudança de paradigma nas investigações policiais de todo o mundo.

Talvez, com casos como o de André Pucccinelli, seja a hora de começar a estudar possíveis passionalidades também nos crimes de colarinho branco..

 

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