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Polícia

OUÇA: Adriano e amigos discutiram com PRF antes de assassinato, revela áudio

Antes do crime, Ricardo Moon acionou reforço da PM para fazer o teste de etilômetro em Adriano

26 janeiro 2017 - 16h16Por Diana Christie e Vinícius Squinelo

Parte da discussão que antecedeu o assassinato do empresário Adriano Correia do Nascimento, 33 anos, foi gravada pela Polícia Militar durante uma chamada realizada pelo policial rodoviário federal Ricardo Hyun Su Moon, 46 anos. Antes do crime, ele acionou reforço da PM para fazer o teste de etilômetro no motorista da caminhonete.

O áudio começa com ameaças de morte, que possivelmente foram realizadas pelo PRF. Na sequência, o interlocutor, que seria o amigo da vítima fatal, Agnaldo Espinosa da Silva, responde: “Vai matar o que, rapaz? Você é polícia, cara!”. Neste momento, um agente da PM atende a ligação e tenta entender o que está ocorrendo.

Confira alguns trechos:

Moon: Por favor, manda uma viatura que tem um motorista aqui que tá com indícios de embriaguez. Eu tô aqui na Geisel com.. Aqui perto do parquinho, cara.

PM: O que tá acontecendo aí jovem? Não tô entendendo.

Moon: Eu quase tive um acidente por causa desse cara aqui. Eles estão batendo boca comigo e o motorista tá bêbado. Ele tá indicando indício de embriaguez

Agnaldo: ‘Você também tá bêbado’

Moon: Tô nada. Tô indo para o trabalho, cara.

[Inaudível]

Moon: Pode gravar, inclusive esse celular vai ser apreendido para provas. [...]

Moon: Traz o etilômetro. Vou fazer, com certeza. Vocês três estão loucos.

Em outro trecho, Ricardo Moon afirma que Adriano, Agnaldo e um adolescente de 17 anos, que também estava no carro e foi baleado nas duas pernas pelo PRF, aparentam atitude suspeita. Durante o relato, alguém questiona a descrição de ‘atitude suspeita’ e o autor dos disparos se defende dizendo que “o rapaz de trás. E se ele está com arma aí atrás?”.

Para a PM, Moon afirma que Adriano “fez uma manobra perigosa”, colocando todos em risco. “Eu tava passando aqui na Geisel, saíram em cima, depois o cara me cortou de novo, entrando na faixa da direita de novo, me fechando. E aí vem e começa a bater boca”, afirma.

Também chama a atenção que Moon solicita a viatura por considerar que são “três contra um aqui” e pedir para que as vítimas mantenham distância. Em outra parte, ele reclama que “nego tá aqui tá avançando”, o que é imediatamente rebatido por uma das vítimas, que também pede a identidade do PRF.

A discussão segue mesmo com a chamada encerrada. O final da gravação é quase inaudível, mas algumas palavras se destacam como a crítica de uma das vítimas à apresentação da arma de fogo por parte de Moon. Confira o áudio completo:

Relembre o caso

O empresário Adriano Correia do Nascimento foi morto a tiros durante a madrugada de 31 de dezembro, após uma briga de trânsito. Conforme a polícia, Ricardo estava discutindo com as vítimas quando sacou a arma e disparou cerca de sete vezes contra o empresário, que perdeu o controle da direção e bateu com a caminhonete em um poste.

Adriano morreu na hora e o adolescente foi baleado nas duas pernas, sendo encaminhado para a Santa Casa de Campo Grande pelo Corpo de Bombeiros. Agnaldo Espinosa da Silva também recebeu atendimento médico por causa de uma fratura no braço.

Moon garante que estava fardado no momento do crime e seguia para o interior do Estado, onde estava escalado para trabalhar. Entre os pontos que geram dúvida sobre o caso, está a demora em decretar a prisão em flagrante do policial, instantes depois do crime, mesmo diante de todas as evidências colhidas no local.