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Polícia

Caseiro de sítio em Atibaia mandava e-mails sobre a propriedade para conta do Instituto Lula

Documentos foram anexados na denúncia apresentada pela força-tarefa da Operação Lava Jato na segunda-feira (22)

24 maio 2017 - 11h38

Documentos anexados na denúncia apresentada pela força-tarefa da Operação Lava Jato que envolve um sítio em Atibaia, no interior de São Paulo, atribuído pelos investigadores ao ex-presidente Lula mostram que o caseiro Elcio Pereira Vieira, conhecido como Maradona, enviava e-mails para uma conta do Instituto Lula sobre o dia a dia da propriedade.

Em 21 de abril de 2015, Elcio enviou um e-mail com a mensagem "avião aki na chacara hoje pela manhã". No dia 31 de julho do mesmo ano, o caseiro enviou a mensagem "obras no sítio" com uma lista de materiais. Nessa, colocou a seguinte observação: "como combinado com Dona Marisa a ver depois os materiais pra fazer acabamento". A mulher de Lula, Marisa Letícia, morreu em 3 de fevereiro deste ano em decorrência de um AVC.

"Em outubro de 2014, Elcio disse "boa tarde morreu mais um pintinho essa noite e caiu dois gambá nas armadilhas essa noite" com o e-mail intitulado "armadilha".

A denúncia que envolve o sítio foi apresentada pelos procuradores que compõem a força-tarefa da Lava Jato, à Justiça Federal, em Curitiba, na segunda-feira (22). Entre os denunciados estão o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ex-presidente da Odebrecht, Marcelo Odebrecht.

Agora, caberá ao juiz Sérgio Moro, responsável pelas ações penais da Lava Jato, definir se recebe ou não a denúncia do MPF. Se ele aceitar, o ex-presidente passará a ser réu também neste novo processo.

Além de Lula, outras 12 pessoas são citadas neste processo. Todos são acusados pelos crimes de lavagem de dinheiro e corrupção ativa e passiva.

Entenda a denúncia

A acusação trata do pagamento de propina de pelo menos R$ 128 milhões pela Odebrecht e de outros R$ 27 milhões por parte da OAS. Conforme a denúncia, Lula foi beneficiado com parte desse dinheiro, por meio de obras realizadas no sítio Santa Bárbara, em Atibaia, cuja escritura está no nome de Fernando Bittar, mas que o MPF defende que pertence, na verdade, ao ex-presidente.

As obras, conforme a denúncia, serviram para adequar o imóvel às necessidades de Lula. Segundo o MPF, a Odebrecht e a OAS custearam R$ 850 mil em reformas na propriedade.

O MPF diz que Lula ajudou as empreiteras ao manter nos cargos os ex-executivos da Petrobras Renato Duque, Paulo Roberto Costa, Jorge Zelada, Nestor Cerveró e Pedro Barusco, que comandaram boa parte dos esquemas fraudulentos entre empreiteiras e a estatal, descobertos pela Lava Jato. Todos já foram condenados em ações penais anteriores.

Conforme a denúncia, as duas empreiteiras foram beneficiadas em pelo menos sete contratos. Também faz parte da denúncia o contrato de aluguel do navio-sonda Vitória 10.000, realizado pela empreiteira Schahin, junto à Petrobras. Nesse contrato, o processo apura um suposto pagamento de R$ 150 mil a Lula, com a ajuda do pecuarista José Carlos Bumlai, que teria intermediado os repasses ao ex-presidente.

Os procuradores defendem que todo o esquema na Petrobras era capitaneado por Lula. "Efetivamente, como apurado, após assumir o cargo de Presidente da República, Lula comandou a formação de um esquema delituoso de desvio de recursos públicos destinados a enriquecer ilicitamente, bem como, visando à perpetuação criminosa no poder,comprar apoio parlamentar e financiar caras campanhas eleitorais", diz trecho da denúncia.

A Odebrecht informou por nota que "está colaborando com a Justiça no Brasil e nos países em que atua. Já reconheceu os seus erros, pediu desculpas públicas, assinou um Acordo de Leniência com as autoridades do Brasil, Estados Unidos, Suíça e República Dominicana, e está comprometida a combater e não tolerar a corrupção em quaisquer de suas formas".

O outro lado

Em nota divulgada na segunda, o Insituto Lula disse que a denúncia só comprova o que a defesa vem dizendo há 18 meses, que "o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não é, e nunca foi, dono de um sítio em Atibaia, ao contrário do que os procuradores, a esposa do juiz Sérgio Moro e boa parte da imprensa sempre alardearam" Segundo a nota, a força-tarefa da Lava Jato apresentou uma denúncia "leviana, que apenas demonstra sua obsessão de perseguir o ex-presidente". O texto diz ainda que "Lula não cometeu qualquer crime nem antes, nem durante, nem depois de exercer a presidência da República duas vezes, eleito pelo povo brasileiro".