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Polícia

Lama Asfáltica: filho de ex-governador é investigado por superfaturar livro jurídico

Empresa suspeita de pagar propina para políticos pagou R$ 300 mil por obra de advogado

12 maio 2017 - 07h00Por Diana Christie e Airton Raes

Filho do ex-governador André Puccinelli (PMDB), o advogado André Puccinelli Junior prestou depoimento para a PF (Polícia Federal), na manhã de quinta-feira (11), sobre suposto superfaturamento na venda de livro jurídico escrito por ele. As informações são do delegado da PF em Mato Grosso do Sul, Cléo Mazzoti.

De acordo com a PF, os investigadores encontraram indícios de superfaturamento na aquisição, pela concessionária Águas Guariroba, de R$ 300 mil em livros do filho do ex-governador. A negociação teria sido realizada por intermédio do filho do professor Jodascil Lopes, preso na Operação Máquinas de Lama.

O nome do herdeiro de Josdacil não foi revelado, mas tanto o servidor como Puccinelli Junior trabalham como professores de Direito em uma universidade de Campo Grande. A compra chamou atenção da PF, pois a Águas Guariroba é suspeita de pagar R$ 5 milhões em propinas para agentes políticos em troca de incentivos fiscais.

A PF não revelou o título do livro, mas a obra Curso de Direito Constitucional, escrita pelo advogado, está disponível por até R$ 122,61 na loja virtual da Amazon. Com 854 páginas, o livro foi impresso pela Editora Saraiva e já possui cinco edições.

Assim como Junior, o ex-governador prestou depoimento na manhã de hoje e, depois, colocou uma tornozeleira eletrônica com fiança arbitrada em R$ 1 milhão. O preço, no entanto, não pode ser pago, pois a Justiça bloqueou até R$ 100 milhões em bens de cada um dos 44 investigados pela Operação.

Investigações

A Máquinas de Lama reuniu 210 policiais federais em Campo Grande, Três Lagoas, Nioaque, Porto Murtinho, São Paulo e Curitiba. Também participaram servidores da CGU (Controladoria Geral da União) e da Receita Federal.  Ao todo, foram cumpridos três mandados de prisão preventiva, nove mandados de condução coercitiva e 32 mandados de busca e apreensão, além de sequestro de bens e valores.

Estão sendo analisados desvios de recursos públicos por meio de direcionamento de licitações, superfaturamento de obras públicas, aquisição fictícia ou ilícita de produtos e corrupção de agentes públicos. Os recursos desviados passaram por processos de ocultação da origem, resultando na configuração do delito de lavagem de dinheiro.

De acordo com a PF a nova fase foi deflagrada após análise dos materiais apreendidos em fases anteriores, cotejados com fiscalizações, exames periciais e diligências investigativas, as quais “permitiram aprofundar o conhecimento nas práticas delituosas da Organização Criminosa”.