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Polícia

há 5 anos

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Justiça adia júri de ex-PM acusado de matar 8 corintianos em chacina

A defesa do acusado fez questão da presença de testemunhas que faltaram nesta quarta. Juíza adiou julgamento para 25 de março

A Justiça adiou nesta quarta-feira (23) o julgamento do ex-policial militar Rodney Dias dos Santos, acusado de participar da chacina que deixou oito corintianos mortos a tiros na sede da torcida organizada Pavilhão Nove, na Zona Oeste de São Paulo, em 18 de abril de 2015. O motivo do adiamento foi a ausência de algumas testemunhas.

Segundo a assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça (TJ), o júri, que inicialmente estava designado para começar na manhã desta quarta-feira (23), foi remarcado para 25 de março. A sessão ocorrerá no mesmo lugar: o Fórum Criminal da Barra Funda.

A decisão de adiar o júri popular foi da juíza Giovanna Christina Colares, da 5ª Vara do Júri de São Paulo. Ela atendeu pedido da defesa do réu, que fez questão que testemunhas que faltaram nesta quarta estivessem presentes e fossem ouvidas. Como elas não compareceram, a magistrada definiu um novo dia para o júri. Ao todo, oito testemunhas foram indicadas pela defesa e pela acusação para serem ouvidas. Sete jurados irão decidir se absolvem ou se condenam Rodney.

A sentença será dada pela juíza. Rodney alega inocência em sua defesa. Ele nega que tenha participado da execução dos oito torcedores do Corinthians na sede da Pavilhão durante um churrasco de confraternização. O outro acusado no caso, o soldado da Polícia Militar (PM) Walter Pereira da Silva, que respondia ao processo em liberdade, foi impronunciado pela Justiça em 13 de dezembro de 2017.

A impronúncia é a decisão por meio da qual o juiz ou juíza concluiu que não há indícios suficientes de autoria. Em outras palavras, a magistrada entendeu que não havia provas de que Walter teria participado do crime. Um terceiro envolvido nos assassinatos nunca foi identificado.

O G1 não conseguiu localizar os defensores do policial e do ex-policial para falar sobre o caso. Segundo o promotor Rogério Leão Zagallo, representante do Ministério Público (MP), e responsável pela acusação, o adiamento do júri é uma estratégia dos advogados do réu para atrasá-lo.

"Foi adiado porque o advogado do réu insistiu na presença de algumas testemunhas que não compareceram, entre elas os dois delegados que investigaram o caso", disse Zagallo. "Em meu modo de ver, esse pedido da defesa é protelatório, pois essas pessoas já tinham sido ouvidas em outras fases do processo".

Como foi a chacina

De acordo com o Ministério Público (MP), o crime foi cometido por desavenças e ameaças entre um dos acusados pela execução (o ex-PM Rodney, que foi um dos fundadores da Pavilhão), e uma das vítimas (o ex-presidente da torcida Fábio Neves Domingos). Além de serem dirigentes da organizada, eles disputavam pontos de tráfico de drogas na Zona Oeste, segundo a Promotoria.

Os demais sete torcedores corintianos foram mortos com tiros na cabeça porque reconheceram os atiradores, informa o MP na denúncia. Um corintiano conseguiu fugir e um faxineiro foi poupado pelos criminosos. Com o depoimento deles, a Polícia Civil chegou à identidade dos assassinos.

Imagens de câmeras de segurança que gravaram parte da ação criminosa também ajudaram na investigação. O ex-policial militar Rodney cumpre prisão preventiva desde 7 de maio de 2015 no Centro de Detenção Provisória (CDP) de Pinheiros, também na região Oeste. Segundo o MP, ele já havia sido expulso da PM por envolvimento com o tráfico de drogas.

O policial militar Walter chegou a ser preso pela PM, mas foi solto em 7 de dezembro de 2015, passando a responder ao processo em liberdade. Dois anos depois, a Justiça entendeu que ele não estava envolvido no crime.

Ainda de acordo com a denúncia do Ministério Público, o ex-PM Rodney e o PM Walter entraram na sede da Pavilhão com mais um atirador não identificado. Os três, segundo testemunhas, mandaram Fábio, ex-presidente da torcida e desafeto declarado de Rodney, se ajoelhar com mais sete outros torcedores na quadra.

Em seguida, o trio de atiradores disparou na nuca de cada uma das vítimas. Além de Fábio, de 34 anos, foram mortos: Ricardo Junior Leonel do Prado, 34; Andre Luiz Santos de Oliveira, 29; Matheus Fonseca de Oliveira, 19; Jhonatan Fernando Garzillo, 21; Marco Antônio Corassa Junior, 19; Mydras Schmidt, 38; e Jonathan Rodrigues do Nascimento, 21.

“Os assassinos agiram como os executores do Estado Islâmico, com as vítimas rendidas, ajoelhadas e mortas com tiros na cabeça”, afirmou ao G1 o promotor Rogério Leão Zagallo em novembro de 2018. Nesta quarta a reportagem não o localizou para comentar o assunto. Segundo a acusação, testemunhas confirmaram a rixa interna na Pavilhão entre Fábio e Rodney, que assim como a vítima, também chegou a ser presidente da organizada. Elas relataram ameaças de morte entre eles.

Walter, porém, não foi reconhecido pelo faxineiro poupado pelos atiradores e pelo corintiano sobrevivente que escapou. O responsável pela limpeza teria saído vivo da quadra porque era conhecido de Rodney. O torcedor é uma das testemunhas protegidas no processo. Ao todo, oito testemunhas serão ouvidas pela Justiça.

A ligação entre o policial e Rodney seria o fato de que os dois foram vistos uma vez numa festa da Pavilhão antes do crime. Além disso, a defesa de Walter anexou ao processo um vídeo que mostra o policial chegando de carro no seu condomínio momentos antes da chacina e não saindo mais de lá.

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