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Polícia

05/12/2016 07:00

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Com ritual próprio, assassino se considerava justiceiro e silenciou vizinhança no Danúbio Azul

O chefão da quadrilha já está preso, mas população ainda tem medo do homem que enterrava as vítimas na Chácara dos Poderes

Mesmo com a prisão de Luiz Alves Martins Filho, o 'Nando', de 31 anos, o silêncio ainda predomina no Bairro Danúbio Azul, região norte de Campo Grande. Os moradores do local ainda preferem ficar calados e quando interrogados sobre o 'serial killer', assassino em série em português, rapidamente mudam de assunto.

Nando é apontado como chefe de uma quadrilha que explorava sexualmente viciados em drogas e, mesmo depois de preso, ele não se arrepende dos homicídios. Muito pelo contrário, se diz um 'justiceiro', fato este que espanta até as autoridades. Sem demonstrar arrependimento dos assassinatos, Nando é realmente considerado um assassino em série pela polícia.

A equipe de reportagem percorreu as ruas do Danúbio Azul tentando encontrar pessoas que possivelmente poderiam conhecer Nando. A princípio, os moradores não medem simpatia, mas basta tocar no nome de Nando para o semblante dessas pessoas mudarem radicalmente.

"Conheço o Nando, sempre via ele no bairro, sei quem é, mas tenho família e não quero falar sobre esse assunto, me desculpe'', disse uma idosa.

O pânico desses moradores quando o assunto se trata de Nando é tão grande, que mesmo dizendo que suas identidades seriam mantidas em sigilo e que o suspeito já estava preso, nada adiantou. O medo de dizer qualquer fato ligado ao 'serial killer' é maior para esses moradores.

(Uma das ruas do Bairro onde Nando 'aterrorizava'. Foto: Anna Gomes?)

Receio de Nando sair da cadeia e 'se vingar', pânico de alguém falar algo e estar sendo observado, esses são apenas alguns dos pontos que levam a população a manter o silêncio. O mesmo silêncio que já dura há cerca de quatro anos, dificultando até as investigações da polícia, que tentou buscar informações.

"A minha única amiga é a minha enxada, sei quem é esse homem, já ouvi dizer o que está acontecendo por essas bandas, mas não quero falar nada disso não. Única coisa que sei é que sempre via ele por aí e sempre teve fama de ser violento", disse um outro morador.

Operação Danúbio Livre

A operação denominada 'Danúbio Livre' começou no último mês de setembro. Até então, a polícia já prendeu 17 integrantes de um grupo responsável pela exploração sexual e tráfico de drogas no bairro Danúbio Azul. Cada membro do grupo tinha uma função, mas o 'Nando' foi apontado como o 'chefão' da rede.

Ao todo, a polícia possui uma lista de 12 desaparecidos que seriam vítimas do grupo e mais outro jovem que também sumiu, mas os policiais ainda não conseguiram fazer ligação da morte do rapaz com o bando de Nando. Até o momento, a polícia encontrou sete ossadas, todas no mesmo lugar, localizado no Jardim Veraneio, região do Parque dos Poderes, bairro próximo onde os suspeitos moravam.

A delegada que investiga o caso, Aline Gonçalves Sinnott Lopes, da Deaij (Delegacia Especializada de Atendimento à Infância e Juventude), diz que nunca tinha investigado algo tão 'macabro', envolvendo tantas mortes. Aline destacou que, mesmo preso, Nando não se arrependeu dos homicídios e é uma pessoa que sabe manipular, inteligente e que não sente remorso algum.

(Delegada explicando o caso durante uma coletiva. Foto: Anna Gomes)

"Em nenhum momento o Nando se arrepende dos crimes, ele é uma pessoa muito inteligente. Afinal, ele conseguiu manipular todo bairro por quatro anos. Os comparsas do Luiz dizem que ele ia todos os dias até o local onde enterrou as vítimas e olhava para o horizonte como se aquilo fosse o troféu dele. Não sente arrependimento e tenta desvalorizar as vítimas", ressalta a delegada.

Aline explica que todas as vítimas mortas e desaparecidas eram usuárias de drogas e são suspeitas de cometerem alguns furtos pelo bairro, crimes que Nando, em seu depoimento, disse não aceitar. Ele se considerava um 'justiceiro', matando com as próprias mãos.

Vítimas

As vítimas do grupo são de adolescentes mulheres e homens, Nando comandava o grupo há quatro anos e por colocar 'pânico' nos moradores do bairro, ele não era denunciado. O 'chefão' fazia orgia com as vítimas, levava essas pessoas até o 'cemitério' com a desculpa de usarem drogas e lá, ele matava essas vítimas, as enterrando de cabeça para baixo em covas feitas por ele e seus comparsas.

(Cordas usadas no crime. Foto: Anna Gomes)

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