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Polícia

17/07/2018 15:10

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Mesmo com bloqueadores de celulares, PCC chefia crime dentro de presídio em MS

Investigadores de SP pegaram conversa de encarcerado em Campo Grande negociando droga no Paraguai

Por telefone, chefes da mais famosa e perigosa facção criminosa no país, o PCC, comandam ações por todo o país, de tráfico de drogas a assassinatos de rivais. Pior: as ordens partem de criminosos em cárceres com bloqueadores de celular, como em São Paulo e no presídio de segurança máxima em Campo Grande (MS).

Em material do jornal Folha de S. Paulo é dito que a revelação, que levanta questionamentos sobre a eficácia de sistemas para barrar a comunicação de detentos, consta em denúncia apresentada pela Promotoria no início deste mês, fruto da operação Echelon (do grego escalão), contra 75 pessoas suspeitas de ligação com a facção.

A reportagem conta que a investigação teve início com a apreensão pela Secretaria da Administração Penitenciária paulista de uma série de bilhetes que a cúpula do Primeiro Comando da Capital, presa em Presidente Venceslau (interior de São Paulo), pretendia enviar para subalternos espalhados país afora.

A partir daí, de acordo com a Promotoria, dezenas de criminosos foram flagrados em conversas telefônicas realizadas no ano passado dentro e fora de prisões em 14 estados, para tratar de tráfico e homicídios de agentes públicos.

Entre elas estavam a penitenciária de Valparaíso (a 564 km da capital paulista) e um presídio de segurança máxima em Campo Grande - ambos equipados com bloqueadores de sinal de celular.

Aqui na Capital, a partir de ligações telefônicas do presídio de Segurança Máxima. Ônibus do transporte urbano foram atacados, em 2016, por grupos que se identificaram depois como integrantes do PCC. A represália ocorreu porque os tidos "chefões" da facção discordaram de uma revista feita por pelotões de choque da PM. Por telefone, segundo informações da polícia, à época, membros da organização, em  liberdade, depredaram e queimaram veículos no Jardim Aero Rancho, Bairro Universitário e Campo Nobre.

Mortes também foram determinadas de dentro do presídio de Segurança Máxima.

Ações de combate

Em São Paulo, a gestão do governador Márcio França (PSB), segundo noticiado na Folha de S. Paulo, disse que abriu uma investigação sobre esse caso. O governo de Mato Grosso do Sul, sob gestão Reinaldo Azambuja (PSDB), diz que tem feito ações para combater "crimes ordenados de dentro de presídios".

Em São Paulo, atualmente 23 das 169 unidades prisionais têm bloqueadores de celular - outras cinco prisões serão equipadas ainda este ano.

Os atuais equipamentos foram instalados em 2014, com investimento do Estado próximo de R$ 30 milhões e depois de sete anos de testes feitos com sistemas que pudessem não ficar desatualizados devido à evolução das tecnologias disponíveis no mercado.

O modelo implantado, diz a gestão França, impede rede wi-fi e prevê que os aparelhos fiquem sem sinal das operadoras, fazendo com que não seja possível realizar ligações telefônicas. O contrato estabelece que novas frequências ou tecnologias serão implementadas sem custo ao estado.

As intercepções telefônicas flagraram conversas, no presídio de Valparaíso, de Douglas dos Santos, conhecido como Periferia, apontado como responsável do PCC por ações criminosas no Tocantins e Sergipe, segundo a denúncia do promotor Lincoln Gakiya.

"O preso falar ao celular é algo grave, não há dúvidas. Ainda que fossem conversas com os familiares, mas eles usam isso daí para dar ordens, receber, todo o cotidiano do crime organizado. Precisa ser combatido, realmente", disse o promotor à Folha, que afirma ver, em São Paulo, o trabalho contínuo para combater o uso de celular em prisões.

Tecnologia ultrapassada

No presídio de segurança máxima de Campo Grande, também aparelhado com bloqueador de celular, foram detectados telefonemas de Carlos Henrique dos Santos Costa, conhecido como Paraguaio, que aparece negociando drogas no Paraguai.

A reportagem ouviu de integrante do sistema prisional em MS relatos de tecnologia ultrapassada que bloquearia só telefones com tecnologia 3G.

A denúncia apresentada pelo Ministério Público contra suspeitos de elo com a facção criminosa PCC também destaca interceptações telefônicas de Flávio Henrique Breve, que seria responsável, além de outros crimes, pelo envio de armas para Santa Catarina "como forma de contribuir para a guerra entre facções".

Segundo informações passadas por policiais à Promotoria, ele estaria na ocasião na penitenciária de Mirandópolis (594 km da capital paulista), também com sistema instalado de bloqueador de celular.

Neste caso, porém, a gestão Márcio França diz se tratar de um equívoco, porque os registros internos indicariam que ele estava no presídio de Pacaembu, que não é equipado.

A Secretaria da Administração Penitenciária diz ainda que outras investigações serão abertas para apurar o uso de celulares. Uma delas é justamente sobre a prisão de Pacaembu, onde a polícia detectou ao menos outros quatro presos, além de Breve, na articulação de ações criminosas por meio de telefonemas.

Braço em Dourados

Na lista de presidiários flagrados falando ao telefone na unidade está Filipe Augusto Soares, conhecido como Assassino, considerado influente chefe do PCC e que exerceria a função de "Geral do Estado do Espírito Santo" - responsável pelo tráfico de drogas e mortes de rivais no estado.

Outro presidiário flagrado em ligações é Wanderniz de Oliveira Júnior, que, da Penitenciária Estadual de Dourados - unidade de segurança máxima, mas sem bloqueadores, participava de julgamentos nos chamados "tribunais do crime"".

Reação dos governos

A Secretaria da Administração Penitenciária de São Paulo, informou o jornal, diz que está "efetivamente" voltada ao combate ao crime organizado e que a operação Echelon, base da denúncia da Promotoria, teve início por solicitação do próprio secretário da pasta, Lourival Gomes.

Ela afirma ainda ter aberto investigação para apurar os telefonemas em presídio com bloqueador de celular.

A secretaria ligada à gestão Márcio França diz ainda que nas unidades com bloqueadores de sinal "são realizados testes semanalmente para coibir brechas tecnológicas", trabalho acompanhado por especialista em defesa e segurança da empresa contratada.

"Caso haja identificação de sinais de operadora de telefonia celular, a empresa é imediatamente notificada para tomar as providências necessárias, sendo inclusive multada. Também são realizadas atualizações periódicas do sistema."

O governo de Mato Grosso do Sul não quis detalhar, alegando "questões de segurança", as unidades prisionais com bloqueadores de celular.

Questionado, disse que tem realizado "ações importantes na área de inteligência com objetivo de combater a propagação de crimes ordenados de dentro de presídios".

Ainda segundo a nota, vistorias nas celas têm sido intensificadas, assim como estão sendo construídos novos presídios, contratados agentes e adquiridos equipamentos para coibir a entrada de celulares, como scanners corporais (em fase de licitação).

"O Sistema Penitenciário de Mato Grosso do Sul também trabalha com isolamento de lideranças negativas, inclusive com a inclusão no sistema prisional federal", diz nota.

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