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Polícia

22/02/2017 07:00

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'Não é porque somos humildes que não merecemos justiça', diz mãe de jovem torturado

Ela diz que vai lutar até o fim para colocar os suspeitos de matarem seu filho na cadeia

A dona de casa Marisilva Moreira da Silva, 44, mãe do adolescente torturado com uma mangueira de ar, em um lava- jato, de Campo Grande, diz que vai lutar até o fim para colocar os suspeitos de matarem seu filho na cadeia e pede para o caso não cair no esquecimento da população.

"Enquanto eu não ver esses dois atrás das grades, não vou sossegar. Eles conseguiram atingir o meu cristal, meu filho era o meu cristal e estou me mantendo forte para que a justiça seja feita, não apenas para a nossa família, mas para todas as famílias humildes. Eu como mãe, agarrei a causa e vou até o fim", disse.

O jovem de apenas 17 anos morreu após seu patrão, Thiago Giovanni Demarco Sena, 26, e o colega de trabalho Willian Larrea, 30, colocarem uma mangueira de compressor de ar em seu ânus, causando graves lesões que o levaram a morte após o adolescente ficar 11 dias internado na Santa Casa.

                                                        

(Suspeitos Thiago e Willian continuam soltos)

Ainda conforme a mãe do adolescente, os dias sem o filho caçula estão sendo extremamente difíceis e o que causa mais revolta é o fato dos suspeitos que ainda estão soltos. "Todas as noites acordava para ver se meu filho estava coberto, cuidava com todo zelo. Hoje em dia durante as madrugadas vou até o quarto onde ele dormia e ele não está mais lá, todas as coisinhas dele estão no lugar, mas meu filho não, o juiz que negou a prisão não sabe o que é essa dor, não chora como estou chorando", desabafa.

O esposo da dona de casa e pai do adolescente está passando por um tratamento de câncer, e após a morte do jovem o seu estado de saúde piorou. "Ele ficou muito mal, meu filho  tinha sonhos e queria me ajudar e ajudar o pai. o 'bichinho' acordava cedo para trabalhar no lava-jato onde era seu primeiro emprego, mas queria tirar a habilitação e servir ao quartel para ir subindo de cargo e dar uma vida confortável para nós. Me lembro dele dizendo que um dia eu iria poder comprar tudo que sempre sonhei, pois ele ia me dar", lamenta a mãe bastante emocionada.

         

(Adolescente lutou 11 dias pela vida)

Dona Marisilva contesta a justiça onde dar uma chinelada no filho menor é errado, mas matar um menor é 'normal' e os supostos autores ficam soltos como se nada tivesse acontecido. "A justiça é engraçada, se os pais dão uma chinelada no filho pode acontecer o maior problema, mas parece ser comum outra pessoa tirar a vida de nossos filhos menores de idade", ressaltou.

A mãe do jovem ainda relembrou os dias que passou ao lado do filho no hospital. Admirou sua força e disse que o adolescente lutou pela vida até o último suspiro. "Ele lutou muito, todos os dias estava otimista acreditando que iria receber alta para voltar para casa. Às vezes percebia que ele estava muito pálido e não se sentia bem, mas ficava com um sorrisinho no rosto para não me deixar preocupada".

Conforme a mãe, um dos piores momentos foi quando o filho disse à ela que lembrava de todos os momentos de tortura que passou. "Eu acreditava que ele havia desmaiado, mas não, ele sentiu toda dor, ele estava consciente, meu coração ficou na palma da mão só de imaginar o que filho passou, toda dor, todo sofrimento. Só quem é mãe sabe o quanto nossos filhos são importantes em nossas vidas e como nós nos tornamos leoas para defendê-los".

Caso

A selvageria aconteceu na última sexta-feira (3). Os suspeitos de cometerem o crime trabalhavam com a vítima e segundo o delegado Paulo Sérgio Lauretto da DPCA (Delegacia de Proteção a Criança e ao Adolescente) que está investigando o caso diz que os suspeitos relataram durante o depoimento que tudo não passava de uma 'brincadeira' e que eles não sabiam que as consequências preocupantes.

                                                      

(Local onde o crime aconteceu)

O adolescente antes de morrer ainda conseguiu dar o depoimento onde disse que não era uma brincadeira como os suspeitos relataram. Ele destacou que pediu para a dupla parar várias vezes, mas seu pedido não foi acatado. Os supostos autores só pararam quando a vítima vomitou e defecou.

 

Prisão preventiva

O juiz Carlos Alberto Garcete de Oliveira, da 1ª Vara do Tribunal do Juri de Campo Grande, negou o pedido de prisão preventiva dos supostos agressores. Conforme o magistrado, a autoridade policial ''não trouxe uma fundamentação quanto a concreta necessidade da prisão preventiva dos envolvidos''. 

 

Impasse

Conforme o TJ informou, na noite da última sexta-feira  (17), houve um conflito de competências acerca do caso, já que não se sabe se o crime vai ser tratado como lesão corporal de natureza grave ou homicídio por dolo eventual.

Se for considerado homicídio por dolo eventual, o caso fica na 1ª Vara do Tribunal do Júri de Campo Grande. Já se houver o entendimento de lesão corporal de natureza grave, a apuração será da 7ª Vara Criminal Residual de Campo Grande, juízo este que recebeu primeiramente o caso, já que o Ministério Público Estadual entendeu, em um primeiro momento, que se tratava de crime de lesão corporal.

 

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