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Polícia

Além de prisão, Olarte vai perder caminhonete de luxo adquirida ilegalmente

A justiça considerou que o veículo foi comprado com dinheiro de crimes de corrupção

24 maio 2017 - 13h08Por Rodson Willyams

O ex-prefeito de Campo Grande, Gilmar Olarte, Sem Partido, condenado nesta terça-feira (24) a oito anos de prisão, em regime fechado, acabou perdendo caminhonete de luxo que pegava 'emprestada' para 'passar o dia', segundo investigação realizada pelo Gaeco, durante a Operação ADNA, em 2014.

Em decisão dos desembargadores da Seção Especial Criminal do Tribunal de Justiça, o veículo, modelo Mitsubichi Triton, foi recolhida, como 'perdimento de bens', pois os magistrados entenderam que o veículo seria produto oriundo 'dos crimes de corrupção, em [desfavor] da União'.

Em fevereiro do ano passado, a esposa de Luiz Márcio Feliciano [outro condenado], Ana Maria Feliciano, disse durante depoimento ao presidente do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul, desembargador Luiz Cláudio Bonassini, que o casal 'emprestava' o veículo para o pastor Gilmar Olarte. "Congregávamos juntos", justificou.

Na época, Bonassini questionou à Ana Maria, sobre o empréstimo do veículo a Olarte. "Sim, era emprestado às vezes pra ele sim. Ele pedia emprestado porque achava a caminhonete boa. Ela ficava o dia com ela. Às vezes, ele ia buscar, pegava na igreja também".

Ao ser perguntado pelo magistrado se o casal participava do esquema de lavagem de dinheiro junto com Olarte, Ana Maria negou e chegou a afirmar que a caminhonete retida hoje pela Justiça teria sido comprada pelo casal. "Temos uma caminhonete Triton, pegamos trinta mil reais em empréstimo para dar entrada na caminhonete. Fizemos o empréstimo no banco Santander. As parcelas são pagas mensalmente", relatou à época.

No entanto, ela não soube precisar o valor pago pelo veículo. "Não sei o valor, é mil e pouco. E não sei a data de vencimento da parcela". Outras perguntas ficaram sem respostas, como quem foi na concessionária comprar o veículo ou se ela já teria sido ouvida sobre a nomeação de Fabiano e Amanda. Se o marido, Luiz Márcio, desempenhava função na PMCG (Prefeitura Municipal de Campo Grande) e qual seria a função. Também a data que ela começou a trabalhar na PMCG. 

Condenados

A Justiça condenou Luiz Marcio dos Santos Feliciano pela prática do delito tipificado no artigo 1°, 'caput', da Lei n° 9.613/96, por lavagem de dinheiro, com pena de 1 ano de reclusão e três dias-multa tendo a pena reduzida. Porém, foi substituída por tratamento ambulatorial, pelo período mínimo de dois anos, a ser cumprido de acordo com as especificações de Juízo da Execução.

Ronan Feitosa de Lima foi condenado com base no artigo 317, 'caput' do Código Penal, por corrupção passiva, por seis vezes, na forma do artigo 71, do mesmo código, fixando a pena em quatro anos e seis meses de reclusão.

Como Ronan já estava preso, foi abatido sete meses de reclusão, a ser cumprida inicialmente no regime semiaberto, e mais 21 dias-multa, esta no patamar diário de 1/30 do salário mínimo da época dos crimes.

Olarte foi condenado a oito anos e quatro meses de reclusão, inicialmente no regime fechado, e mais 44 dias-multa, esta no patamar diário de 1/10 do salário mínimo da época.

A decisão proferida hoje cabe recurso em instância superior. A reportagem tentou por diversas vezes contato com o advogado de Olarte, Renê Siufi e o próprio ex-prefeito, mas nenhum deles atendeu ou retornou às ligações.