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Polícia

16/08/2017 17:02

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Operação Ícaro: polícia prende líder de quadrilha que clonava aviões para tráfico de drogas em MS

Outras dez pessoas foram indiciadas, entre elas mecânicos e pintores de aeronaves

A Polícia Civil em Campo Grande prendeu dois homens durante a segunda fase da Operação Ícaro, que descobriu um esquema de clonagens de aeronaves para o tráfico de drogas na região de fronteira. A ação começou em dezembro de 2016, e resultou no indiciamento de outras nove pessoas, entre empresários e pintores, que 'esquentavam' a documentação dos aviões.

Segundo a delegada Ana Cláudia Medida, da Deco (Delegacia Especializada no Combate ao Crime Organizado), as investigações começaram com uma falsa comunicação de furto de uma aeronave modelo Baron à polícia.

Ao analisar um dos hangares do Aeroporto Teruel, em Campo Grande, de onde o avião teria sido furtado, os investigadores observaram que não havia sinais de arrombamento e passaram a desconfiar do caso. Tempos depois, chegou a informação de uma queda de avião na Bolívia, avaliado em R$ 1 milhão e com resquícios de cocaína.

Após associar os fatos, a polícia descobriu que ela teria sido clonada por Watson Ranieri Fernandes,35, o mesmo que havia denunciado o furto da aeronave. Ele fez o registro do roubo logo após a aeronave cair, com o objetivo de se livrar que qualquer suspeita de crime.  

Na ocasião da queda do avião, em novembro de ano passado, o piloto, Luis Tiddo, foi resgatado, assim como a droga que transportava. Porém, Robson Nunes, 18, natural de Ponta Porã, morreu no local. Os dois já eram dados como desaparecidos na época do crime.

                                      

                                                                        (Materiais usados para clonar as aeronaves)

Segundo a delegada Medina, Watson, o dono do avião Baron, comprou outro avião semelhante e passou a usar o registro e a documentação da que foi acidentada, também para o tráfico de drogas. A partir daí, o esquema de adulteração das aeronaves e seus documentos ficaram mais claros.

A polícia descobriu que a maioria das modificações nas aeronaves, seis no total, era feitas em oficinas clandestinas em um hangar em São Gabriel do Oeste. O trabalho, envolvia pintores e pedreiros, que tinham o trabalho de pintar prefixos diferentes nas aeronaves, para que quando fossem descobertas traficando drogas, colocariam outro número de identificação que as livrasse de suspeitas.

Para não levantar suspeitas, o grupo carregava combustível nos aviões e as abastecia no ar, para não ter que comunicar a ninguém. Também adulteravam as mangueiras de combustível, e os voos, a maioria de noite e madrugada, não eram comunicados às autoridades.

(Delegada Medina diz que grupo cometeu diversos crimes - Foto: Kerolyn Araújo)

Ainda conforme a delegada, os aviões estavam em nome de empresas 'laranjas', usadas para lavar o dinheiro proveniente do tráfico.
Além de Watson, que também era piloto, foi preso Wellinton José Magalhães Silva, 35, tido como braço direito e o 'homem das finanças' de Watson, o líder do grupo. A polícia já pediu a prisão preventiva de um terceiro envolvido, Hadson dos Santos,45, que está foragido.

Entre os crimes que os suspeitos irão responder, está o atentado a segurança de voo, cujo caso é o primeiro registrado em Mato Grosso do Sul. Além disso, serão responsabilizados por  associação criminosa, homicídio (morte de Robson), ocultação de cadáver, coação, já que eles tentaram impedir testemunhas de falar, associação para o trafico de drogas e lavagem de dinheiro.

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