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Polícia

Testemunhas relatam que PM tentou suicídio após atirar e matar marido major

Depoimentos dão conta de que Tenente Coronel Itamara estava em choque e apresentava marcas de agressão no corpo

03 outubro 2017 - 17h29Por Amanda Amaral

Em audiência sobre o caso da morte do major da Polícia Militar Valdeni Lopes Nogueira, 45, testemunhas apontam que a tenente-coronel Itamara Romeiro Nogueira, esposa do major e autora dos disparos que o mataram, estava fora de si e chegou a tentar suicídio instantes após o ocorrido. Além disso, reafirmaram que ela estava com marcas de agressão em várias partes do corpo.

Os depoimentos foram feitos nesta tarde (3) na 2ª Vara do Tribunal do Júri ao Juiz Aluizio Pereira dos Santos, mais de um ano após o crime, ocorrido na casa do casal, em Campo Grande. Dez pessoas seriam ouvidas hoje, mas apenas cinco compareceram.

O depoimento mais contundente foi o do Tenente Coronel Mario Angelo Ajala, maior autoridade presente na cena do crime, que tinha uma relação próxima com os PMs, foi um dos primeiros a chegar ao local e a encontrar Itamara em desespero. “Ela só pensava em se matar. Engatilhou a arma e colocou na boca, ouvido e peito, qualquer movimento brusco poderia causar o disparo”, relatou.

O Tenente contou que a autora dos disparos gritava pedindo para que salvassem o marido, e que ela mesma não merecia viver. Após 30 minutos de conversa e pedidos para que ela não fizesse nenhum ato extremo, ela teria aceitado entregar a arma a ele, quando os dois se abraçaram, bastante emocionados.

O Cabo da PM Fábio Fonseca Orias, na época soldado, também foi ouvido e relatou como Itamara estava nervosa e “não falava coisa com coisa”. Ele foi o primeiro a chegar no local, e ouviu Valdeni dizer, em voz já bastante fraca, “me tira daqui”.

A Subtenente da PM, Elenir Meneses de Souza, subordinada à Itamara na corporação e amiga pessoal dela, recebeu uma ligação da amiga logo após o ocorrido, solicitada para ir até ela. “Ela estava desesperada, mas larguei o cursinho em que estava e fui”, disse, relatando ainda que observou lesões nos pulsos e na cabeça, e repetia que atirou contra o marido porque ele iria matá-la.

Cristina Socorro de Oliveira, também policial militar, também observou as marcas de agressão na Tenente Coronel e relembrou a tentativa de suicídio e desespero da mesma. Ela depôs que havia boatos entre a tropa de que Valdeni tinha comportamento ‘duvidoso’, bastante ciumento e boêmio, e não se declarava casado ou em relacionamento sério em redes sociais. Foi ouvido também um vizinho, Horácio Rodrigues Correia Jr, que adicionou ter impressão de que eles eram um casal tranquilo.

Das outras cinco testemunhas, duas faltaram e três vão responder por carta precatória. Dos faltosos, estão o bombeiro Henrique França Pontes e o Policial Militar Emerson de Almeida Vicente, ambos presentes na cena do crime logo que o mesmo ocorreu.

Os demais serão ouvidos por carta precatória, pois residem no interior do Estado, em Dourados, Amambai e Ponta Porã. São eles Valdeci Alves Nogueira, Policial e irmã de Valdeni, Glória Lucia Lopes, também irmã da vítima e o bombeiro Hudson Camargo Alves.

Homicídio doloso

Para o promotor do Ministério Público, Douglas dos Santos, a audiência foi bastante positiva para entender a dinâmica do dia do ocorrido e acredita que tenha sido um caso de homicídio doloso, quando não há intenção prévia de matar. “Contudo, precisamos ainda compreender melhor o passo-a-passo de como foi e momentos posteriores, detalhes minuciosos, mas promotoria tem plena consciência de homicídio doloso, pela vontade da agente se defender”, disse.

Audiência

A próxima audiência está marcada para ocorrer no dia 21 de novembro, onde serão ouvidos os dois faltantes, sete testemunhas de defesa e, possivelmente, a própria major. Não há previsão de quando será o julgamento do caso.