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Política

Audiência que discute regulamentação do Uber é marcada por 'ânimos exaltados'

Plenário ficou lotado com representantes de taxistas, mototaxistas e motoristas de aplicativos

23 março 2017 - 17h24Por Thiago de Souza e Amanda Amaral

A audiência pública que discute a regulamentação do Uber e outros aplicativos de carona paga em Campo Grande começou com os ânimos bastante exaltados, na tarde desta quinta-feira (23), na Câmara Municipal de Campo Grande. Porém, o prefeito Marquinhos Trad (PSD) garantiu que nenhuma decisão sairá hoje e que haverá outros encontros para discutir a questão. 

Além dos envolvidos diretamente na questão da regulamentação do Uber, a audiência contou com a presença de representantes do Ministério Público do Trabalho, da Procuradoria-geral do Município, da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) seccional MS, do prefeito Marquinhos Trad e a maior parte dos vereadores. 

O prefeito da Capital rebateu as críticas que recebeu quando decretou a regulamentação do Uber, no dia 24 de fevereiro, e disse que foi o responsável por iniciar a discussão na cidade. 

''As pessoas criticam, mas foi graças ao decreto que essa audiência está lotada. Porque antes eu chamava os representantes para as oitivas, mas ninguém vinha. A prefeitura teve que bater na mesa'', declarou. Trad lembrou que ainda haverá muitas discussões e que a prefeitura ''não vai fazer nada no afogadilho''. 

(Audiência foi marcada por ânimos exaltados na Câmara Municipal)

Polêmica

O ponto de maior polêmica nas falas dos representantes de classes foi a questão da distribuição dos alvarás aos taxistas auxiliares, chamados de 'curiangos'. Outro motivo de grande debate é o privilégio que os taxistas dizem que os motoristas de Uber têm. 

O presidente do Sintaxi-MS,Albernardo Quantim Barros corrigiu uma afirmativa dos motoristas de Uber e disse que o táxi é uma área privada que presta serviço de interesse público e que está ali apenas para garantir o direito dos trabalhadores. 

''Não queremos privilégios, mas quem chegou agora também não pode tirar nossos direitos'', declarou Albernardo. Porém, em ele acredita que os profissionais do táxi deveriam fazer 'mea culpa' e se capacitar para se adequar à realidade das grandes cidades. 

O presidente da Associação dos Motoristas de Aplicativos de Mobilidade Urbana, Wellington Dias, disse que o número correto de motoristas de Uber que atuam na Capital é de cerca de 150, e não 700, conforme a imprensa vem divulgando. Dias rebateu acusações de que o Uber estaria prejudicando o trabalho dos taxistas. 

''Não queremos tirar vaga de ninguém, a luta de todos é legitima, mas também precisamos esclarecer definitivamente que não somos ilegais, e que a própria população tem aceitado e nos regulamentado'', esclareceu. 

Nikolas Pellat, presidente da comissão de Direitos do Consumidor da OAB, esclareceu que a entidade não toma partido de ninguém, mesmo tendo criticado o prefeito Marquinhos Trad na ocasião em que ele regulamentou o Uber, no mês passado. 

''Observamos todos os estados em situação similar e as prefeituras não podem agir de modo desequilibrado, afinal quem mais sofre é o consumidor'', declarou Pellat. O advogado convidou a todos os participantes da audiência, para um novo encontro, no dia 31 de maio, para debater o mesmo assunto. 

O representante dos mototaxistas de Campo Grande, Dovair Caburé, disse que 'estão fazendo um estardalhaço' sobre a regulamentação do Uber. ''Se o Uber está achando que o decreto é inviável para eles, imagina para nós que estamos trabalhando assim há muito tempo'', ponderou Caburé.