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TRANSPARÊNCIA GOV MS
Política

Com R$ 0,36 para comprar merenda, diretores dizem que precisam fazer 'milagre da multiplicação'

Além disso, comunidade escolar precisa compor estoque para o ano seguinte

17 março 2017 - 13h15Por Thiago de Souza

A denúncia do TopMidiaNews sobre a má qualidade da merenda em escolas da Rede Estadual de Ensino de MS, motivou membros da comunidade escolar a reclamar sobre outra situação: a do valor escasso para comprar os alimentos. Por exemplo, para o ensino médio, o valor para adquirir a comida - por aluno - é de 0,36 centavos, o que 'não dá um pão francês', dizem os denunciantes.   

Conforme reportagem publicada no último domingo (12), alunos da Escola Estadual Professor Severino de Queiroz, na Vila Célia, em Campo Grande, que é de tempo integral, estariam submetidos a cardápios sem carne, na base do arroz, feijão, farofa de ovo e salsicha. Isso para suportar uma jornada que começa às 7h30 e termina às 17h. 

Embora a matéria não tenha atribuído a situação à comunidade escolar e sim ao poder público, um diretor de escola, que preferiu não se identificar, trouxe explicações para que a sociedade não os responsabilize sobre o caos vivido na educação estadual. ''O que ninguém fala é que o valor recebido - por aluno - para adquirir os alimentos é irrisório para o que exigem que façamos na escola'', desabafou. 

Diante da difícil situação enfrentada atualmente, o denunciante citou até uma passagem bíblica quando Jesus Cristo promoveu milagres no Mar da Galileia. ''No ensino fundamental integral temos o valor de R$ 1,60 - por aluno - para o café da manhã, almoço e lanche da tarde, e ainda temos que fazer o milagre da multiplicação'' para cumprir o ano letivo, relatou. 

Outro motivo de indignação, é que o homem diz que tem usar o pouco dinheiro que tem para compor um estoque para os 40 primeiros dias do ano letivo. 

(Diretor conta em rede social que fez vaquinha para ter merenda - Foto: Repórter Top)

Segundo a SED (Secretaria Estadual de Educação), foi justamente a falta de compor um estoque de alimentos por parte das escolas que levou a faltar alimentos na rede. Diante disso, o governo informou que foi feita uma compra emergencial de alimentos, entre eles, charque e sardinha. Segundo a pasta, a situação deve se normalizar antes do fim de março. 

Em outra reportagem, que mostrou problemas da merenda no interior do Estado, sem verbas, diretores tiveram de fazer uma 'vaquinha' para garantir o mínimo de alimentação aos alunos.  

Valores para a merenda 

A Secretaria Estadual de Educação informou que a ''alimentação escolar é descentralizada, ou seja, os recursos repassados pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação são transferidos para escolas, por meio de suas Associações de Pais e Mestres, que são responsáveis por todo o processo de aquisição de gêneros alimentícios: ordenação de despesas; gestão e execução dos contratos administrativos; controle de estoque e armazenamento dos gêneros alimentícios e prestação de contas, em conformidade com a resolução do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação''.  

Ainda segundo o governo, o recurso financeiro destinado a cada escola é calculado conforme o censo escolar do ano anterior ao atendimento, disponibilizado oficialmente no final do mês de janeiro de cada ano, momento este em que as escolas passam a conhecer o valor anual que terão para a aquisição de alimentos, no âmbito do PNAE, e, iniciam o processo de compras (Chamada Pública para a agricultura familiar e licitação).