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Política

21/03/2018 11:45

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Curral eleitoral: audiência para debater eleição de diretores gera bate-boca na Câmara

Discussão foi permeada de acusações e acabou em barraco entre vereadores e professores

A audiência pública que debateu as eleições para diretores de escolas municipais e centros de educação infantil em Campo Grande acabou em barraco, babado, confusão e gritaria, literalmente falando. O projeto em pauta não estaria contemplando os Ceinfs, o que acabou gerando revolta dos representantes da categoria, que criticaram, inclusive, o atraso para que as eleições acontecessem.

A professora Zélia Aguiar, vice-presidente da ACP, chamou a atual escolha de diretores de "curral eleitoral" e foi bastante contundente nas críticas. "A rede estadual tem eleição para diretores há 30 anos", disse ela criticando o fato de que, quando necessitam da entidade, os diretores vão até lá, porém  relembrou protestos anteriores quando professores foram atacados e os mesmos não estavam presentes. "Quando fomos  na Assembleia Legislativa apanhamos da polícia e ninguém foi lá na ACP prestar solidariedade. Nenhum diretor que vive às custas de mamar nas tetas do poder. Mas quando é para pedir ajuda, vão. Nós queremos a eleição para acabar com esse curral eleitoral. Vocês não tem que se sujeitar a isso. Vocês pegam escolas sucateadas, vocês tiram dinheiro do bolso para fazer as coisas na escola e vocês ficam contra a gente?", gritou bastante exaltada.

"Já foi explicado, e vocês ficam contra a gente? Por que não se unem agora? Para essa eleição e conseguir o piso salarial porque, na hora dos ganhos todo mundo acha bonito, mas ninguém quer por a cara para bater. Eu vou continuar minha luta, não quero saber se é governador, vereador, prefeito, pode me expor, pode expor meu nome lá que não tem problema, isso só vai engrandecer minha luta", garantiu sobre seu posicionamento, que foi o grande motivo de discussões.

O vereador Valdir Gomes (PP) "puxou" o barraco inicial ao criticar a vice-presidente da ACP (Sindicado dos Trabalhadores em Educação Pública de Campo Grande), que teria usado as redes sociais para criticá-lo. E os professores presentes se revoltaram vaiando o parlamentar.

Projeto modificado

A discussão tomou corpo quando os professores reclamaram do fato dos centros de educação infantil não estarem contemplados. "Ceinf é unidade escolar. As escolas e os ceinfs, neste trabalho, passavam a ser denominados unidades escolares. Quem faz comissão não quer o problema resolvido", criticou a professora Cida ao usar o microfone.

"Aleijaram nosso projeto original e saindo assim por pedaços. Isso não é culpa da ACP ou do vereador Valdir Gomes, o problema é quando o projeto foi levado pela secretária, porque o procurador queria nos dizer que o prefeito, no momento, não tinha intenção de fazer eleição para os Ceinfs e nós não aceitamos.  É fácil jogar a culpa na ACP e tirar da reta, falando que nós não queremos eleições para o Ceinf e ficar falado que a decisão era do prefeito", ponderou.

Diante dos apontamentos, o vereador Delegado Wellington (PSDB) fez uma sugestão que não foi bem recebida pelos presentes. "Peço a retirada do projeto, encaminhem para o Executivo, refaçam as alterações e, em continuado, esse projeto do jeito que está, parte das unidades estarão fora e aí como vamos resolver o problema dos Ceinfs no futuro? Então a minha proposta é essa", disse ele voltando atrás após receber inúmeras críticas.

Elza Fernandes, secretária de Educação, ponderou as divergências em plenário e tentou apaziguar os ânimos. "Sabíamos que não ia ser uma missão fácil a eleição de diretores, mas quero dizer que prontamente, tanto a Semed quanto o prefeito, se colocaram à disposição quando iniciou a discussão. Estamos sempre à disposição e foi uma discussão boa, eu acredito que houve sim um erro na hora de encaminhar o projeto, porque o projeto que tenho aqui em minhas mãos, que eu peguei na Semed, institui a gestão democrática para diretores e diretores-adjuntos nas unidades escolares e Ceinfs e o que conversamos durante o processo de elaboração eram as disposições transitórias e finais", explicou apontando que a  realização da primeira eleição não abrangeria os centros de educação infantil.

Turma do "deixa disso"

A titular da Secretaria de Educação defendeu que não se pode esquecer o foco principal, que é o aluno, e logo foi rebatida também. "Temos que pensar nos alunos sim, mas temos que pensar em nossa categoria, será que não podemos pensar nisso? Nós não queríamos diretores fazendo pastelada, vencendo rifa, para fazer manutenção e isso é papel do Executivo, mas quando a gente fala que não é para o diretor fazer isso, é com dor no coração, mas o diretor não quer ver a escola com torneiras quebradas e porta estourada", reclamou a professora Liliam Teles ao fazer uso da palavra reafirmando que não voltariam atrás sobre a questão de eleições para escolha dos diretores também dos Ceinfs.

Sueli Vega, vice-presidente da Fetems (Federação dos Trabalhadores em Educação de Mato Grosso do Sul), ressaltou a importância histórica do assunto. "É uma discussão histórica porque vem desde o tempo do final da ditadura militar, que é a gestão democrática na forma da lei, na LDB de 1996, o plano nacional de educação com a meta 19 que em dois anos deveria ter implantado a gestão democrática. É uma longa luta", disse ela defendendo que a categoria deveria sim lutar, "inclusive no Facebook".

Mais ponderado, o presidente da ACP, Lucilio Nobre, apontou que não é qualquer um que será eleito diretor. "Professor na direção é o cara efetivo, formado, com capacidade. Eleição direta tem que ser com todos, vem junto com a reabertura democrática do país. A sociedade quer participar. O aluno que aprende a votar para diretor, ele já aprende a votar. É pedagógica a eleição direta para diretor de escola", afirmou.

A audiência pública foi encerrada com a ponderação de que um novo projeto seria enviado para a Casa de Leis e só então este seria retirado e que a votação seria em regime de urgência.

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