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Política

20/03/2018 07:00

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Derrocada de João Amorim e Cia. começou em casa de condomínio e denúncia de ex-mulher

Empreiteiro tinha cofre em casa e promovia jantares e jogava cacheta com parceiros

Foi dentro de casa que começou a derrocada do empreiteiro João Alberto Krampe Amorim, preso - e solto 11 dias depois - por suposto envolvimento no maior esquema de pagamento de propina, superfaturamento de obras e fraudes em licitações que se tem notícia em Mato Grosso do Sul.

Ele morava numa casa alugada de um condomínio de luxo, nos arredores do conjunto Coophasul, em Campo Grande. Vivia com a então dona de loja, a empresária Marinês de Araújo Bertagnolli. Era seu segundo casamento.

No dia 28 de agosto de 2002, 15 anos atrás, Marinês recebeu em casa uma intimação. Oficial de Justiça avisou a ela que a empreiteira MBM teria sonegado impostos. 

A mulher não gostou de ouvir a notícia. Ela e a cunhada, casada com um dos irmãos de João Amorim, tinham emprestado seus nomes para aparecerem como as donas da empresa. Na prática, as duas mulheres em laranjas num empreendimento que vencia licitações promovidas pelo município de Campo Grande, então comandada pelo prefeito André Puccinelli, do MDB.

Sabendo da dificuldade que era denunciar o ex-marido por aqui – João Amorim já era empreiteiro renomado – Marinês resolveu denunciá-lo em outra praça. 

Ela seguiu para São Paulo e, lá, procurou o 12º Tabelionato de Notas. Contou quem frequentava sua casa e narrou particularidades dos negócios do ex-marido, coisas que só ela sabia e resolveu dedurar como a empreiteira arrecadava dinheiro e o distribuía aos parceiros.

Marinês conta na declaração registrada no cartório paulista que vivera com Amorim por 11 anos, período que o marido enriqueceu.
Ela revelou ainda que Amorim era quem cuidava das campanhas eleitorais de André Puccinelli duas vezes prefeito (1997-2004) e duas vezes governador (2007-2014). E ela disse ainda que o ex-marido tinha dois fieis  companheiros na empreitada, Eolo Ferrari, também ligado à construtora e Edson Giroto, já um condiscípulo político de Puccinelli.

Marinês sustentou na declaração ao cartório que Puccinelli e os empreiteiros em questão teriam formado um grupo para jogar cacheta e que as tais reuniões ocorriam às quintas de maneira alternada na casa de cada um dos amigos. Ela completa o testemunho dizendo que a maioria dos encontros ocorriam “em sua própria casa”.

Confessa ainda a empresária que ela e o ex-marido ofereciam aos colegas jantares e que a celebração contava com a participação de Edson Giroto, Eolo Ferrari e, algumas vezes o então prefeito André também jantava lá.

Em trecho do depoimento, Marinês diz que o ex-marido condicionava em casa um cofre e que dele saía o dinheiro para quitar as despesas de campanha de Puccinelli.

Na hora de comentar o motivo pelo qual denunciava o ex-marido, Marinês narra ter ficado inconformada com os atos cometidos por João Amorim.
A ex-mulher do empreiteiro cita também em sua declaração que a construtora Engecap, que seria de Eolo Ferrari, funcionava no mesmo endereço da MBM, de Amorim que tinha como sócias Marinês e a mulher de um irmão de Amorim. As duas empresas funcionavam no Edifício Quinta Avenida, em Campo Grande e que lá, segundo a mulher “parecia uma verdadeira fortaleza, com portas fechadas”.

O depoimento de Marinês, à época, foi parar no Ministério Público Estadual, que denunciou o caso. No entanto, a Justiça sul-mato-grossense mandou arquivá-la. Ainda hoje, numa das denúncias do Ministério Público Federal consta a fala de Marinês. 

A Polícia Federal também usou parte das informações na operação Lama Asfáltica, a que arruinou a vida dos citados. Puccinelli, Giroto e Amorim, serão julgados pela suposta trama tanto na Justiça Estadual quanto Federal.

Hoje, João Amorim, que casou-se de novo, vive numa suntuosa mansão, no Jardim Itanhangá, um dos lugares mais caros da cidade. Já Edson Giroto, no condomínio Dhama, de classe média alta.

 

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