Condenado na Operação Lava Jato, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva completa 100 dias de prisão na sede da Polícia Federal, em Curitiba. Em mensagem gravada antes de ser preso, na noite do dia 7 de abril, e divulgada nesta terça-feira (17), critica Polícia Federal, Ministério Público e diz ser o 'sonho de consumo do juiz Sérgio Moro' e também dos ministros responsáveis por sua condenação.

"Eu acho que tem uma coisa muito grave acontecendo. Parece que eu sou o sonho de consumo dos ministros que me julgaram e do juiz Sérgio Moro, porque me parece que eles não querem, em hipótese alguma, junto com a Rede Globo de Televisão e outros instrumentos de comunicação do Brasil, que a Lava Jato acabe ou que eu seja inocentado antes de ser preso", disparou o ex-presidente da República.

O petista também fez questão de frisar que, por conta da decisão de Moro, se tornou o 'cidadão mais indignado da história do Brasil'. "O que não posso aceitar é que prevaleça a mentira contada pela Polícia Federal do Inquérito, aceita pelo Ministério Público para me acusar e aceita pelo Sérgio Moro para me condenar. Não posso aceitar essa decisão como algo normal", comentou.

Lula ainda ressaltou que, 'no dia que provarem o meio crime' que cometeu, acatará a decisão da Justiça. No entanto, diz que não pode aceitar uma decisão, para ele, política, que o colocou na prisão.

100 dias de 'reflexão'

O ex-presidente foi condenado a 12 anos de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do triplex do Guarujá. O partido e a defesa do ex-presidente sustentam que ele é inocente e vítima de uma perseguição político-judicial.

Nos primeiros 57 dias de prisão Lula leu 21 livros, uma média de 52 páginas por dia: desde os mais densos como Homo Deus, de Yuval Noah Harari; Quem Manda no Mundo, de Noam Chomsky; a clássicos como O Amor nos Tempos do Colera, de Gabriel García Márquez; Ressurreição, de Liev Tosltoi; e a biografia Belchior - Apenas um rapaz latino-americano, do jornalista Jotabê Medeiros.

Nesses 100 dias, Lula passou a receber semanalmente visitas de religiosos, todas as segundas-feiras. Ele já foi visitado, por exemplo, pelos amigos Frei Beto e Leonardo Boff. Um pastor evangélico, um monge e um pai de santo também estiveram com o ex-presidente em sua cela neste período.