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Política

Em novo depoimento, Joesley diz que Puccinelli intercedeu para liberação de R$ 2,7 bilhões do BNDES

Joesley Batista disse que precisou ligar para ex-governador para liberar recursos para construção da Eldorado em Três Lagoas

04 setembro 2017 - 09h28Por Airton Raes

Em novo depoimento à Justiça, o sócio proprietário da holding J&F, dona da JBS, Joesley Batista afirmou que pediu ajuda ao ex-governador André Puccinelli (PMDB) na liberação de empréstimo de R$ 2,7 bilhões pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) para a construção da fábrica da Eldorado Celulose, em Três Lagoas.

Joesley explicou que a aprovação do empréstimo passou por bastante dificuldade e dependeu do contato com diversos políticos, incluindo o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega e o ex-governador de São Paulo, José Serra. Na época, condicionou o empréstimo a fusão das empresas Florestal e Eldorado Celulose, ambas da holding J&F. Após a aprovação do empréstimo, o BNDES demorou para a liberação dos recursos.  

De acordo com as novas informações do delator, prestadas em junho, Joesley disse que ligou em 2012 para André Puccinelli para interceder junto ao BNDES, pois a liberação dos recursos do empréstimo estava demorando. Dias após a ligação ao ex-governador, o BNDES iniciou a liberação dos R$ 2,7 bilhões. O BNDES financiou 53% do custo total do empreendimento em Três Lagoas, que custou R$ 5,3 bilhões.   A Fábrica foi inaugurada em dezembro de 2012.

Entretanto, Joesley Batista não disse, durante o depoimento, se forneceu propina ou alguma espécie de benefício para o ex-governador André Puccinelli por ter intercedido junto ao BNDES. Josley disse que pagou 4% de propina para Guido Mantega, 1% para o ex-presidente da Fundação Petrus Wagner Pinheiro, 1% para o ex-presidente do Fundo de pensão da Caixa Guilherme Lacerda, e 1% para o ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto.

Na delação premiada divulgada em maio, Joesley Batista afirmou que pagou propina ao ex-governador André Puccinelli em troca de benefícios fiscais pela redução do ICMS. O delator disse que foram repassados, durante o governo de Puccinelli, cerca de e R$ 30 milhões de propinas em espécie e R$ 60 milhões para terceiros através de doleiros. Puccinelli nega o recebimento de propinas pelo grupo JBS e chamou a delação de “inverossímil”.